Orquestra portuguesa vai lançar álbum com “pontes” entre fado e a morna

Da Redação
Com Lusa

Entrada de um restaurante no bairro da Alfama em Lisboa. Foto: Mundo Lusíada
Entrada de um restaurante no bairro da Alfama em Lisboa. Foto: Mundo Lusíada

A Orquestra Clássica do Centro (OCC) e o compositor luso-cabo-verdiano Vasco Martins vão gravar um álbum com composições inspiradas na morna e que explora as semelhanças do gênero com o fado, disse a presidente da instituição.

O álbum, que deve ser lançado em maio, parte de composições escritas por Vasco Martins, coordenador do Centro de Estudos da Morna, que se inspirou para este trabalho nas “músicas tradicionais de morna e no fado”, disse à agência Lusa a presidente da OCC, Emília Martins, sublinhando que a gravação deste trabalho surge num momento em que é preparada a candidatura daquele gênero musical cabo-verdiano a Patrimônio da Humanidade.

A gravação do disco reflete “uma aproximação cultural. Uma ponte entre culturas, que é enriquecedora para ambos os países”, sublinhou Emília Martins.

Temas que normalmente estão confinados à tradição oral vão ser trabalhados “para música erudita”, estando depois disponíveis as partituras dos temas interpretados pelos músicos da OCC, explicou.

“Depois, qualquer orquestra do mundo as pode explorar”, apontou a presidente da orquestra, sublinhando que esta é também uma forma de “internacionalizar” estes dois gêneros musicais.

As gravações do disco vão decorrer entre fevereiro e março e estão já previstos concertos de apresentação em maio em Portugal, em Coimbra e na Guarda, e em Cabo Verde, aquando do assinalar do segundo aniversário da orquestra nacional do país, de que a OCC é membro fundador.

Na nota de imprensa da orquestra enviada à agência Lusa, o compositor Vasco Martins salienta que na candidatura da morna à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é valorizado “o fomento do diálogo musical e a diversidade cultural” – elementos presentes neste projeto com a OCC.

Vasco Martins realça as ligações entre a morna e o fado, recordando a “melancolia constante formulada pela tonalidade menor” neste gênero musical português.

Aliás, para frisar ainda mais essas ligações, o compositor recorda na mesma nota de imprensa que o poeta cabo-verdiano Eugénio Tavares (falecido em 1930) compunha as mornas com a guitarra portuguesa.

Segundo a OCC, deverão ser gravados oito temas, com diferentes instrumentos solistas, como o clarinete, o oboé, o violão ou a guitarra portuguesa.

Este trabalho surge de uma já estreita ligação entre a OCC e Cabo Verde, que se iniciou há uma década, com a integração no repertório da orquestra de sinfonias de Vasco Martins. Desde então, a OCC participou na criação da Orquestra Nacional de Cabo Verde e criou em Coimbra o Centro de Transcrição Musical de Cabo Verde.

O disco deverá ter entre 1.500 a 2.000 exemplares e contou com um apoio da Direção Geral das Artes de 25.000 euros, informou Emília Martins.

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