Organizações portuguesas estão há dois meses à espera de refugiados

Francesco Malavolta/OIM 2014

Mundo Lusíada
Com Lusa

A presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR) considerou “inadmissível” que as organizações nacionais estejam há dois meses à espera dos refugiados, que vivem situações dramáticas nos campos onde aguardam transferência.

A decisão de Portugal acolher cerca de 4.500 pessoas, ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia (UE), foi avançada em setembro passado e as organizações envolvidas neste processo criaram um plano de acolhimento, mas continuam sem saber a data da chegada do primeiro grupo.

“A situação é inadmissível e choca, perante a necessidade de saída urgente de pessoas. É chocante que o ritmo seja tão lento”, criticou Teresa Tito de Morais, em declarações à agência Lusa, acrescentando que “a espera está a ser pesada, porque os dispositivos estão preparados para acolher as pessoas, mas elas não vêm”.

A responsável do CPR adiantou que as organizações sentem uma “certa revolta” em relação à lentidão do processo e questionou porque é que apenas a Suécia e a Finlândia receberam refugiados no âmbito do Programa de Relocalização da UE.

“A Europa tem de ser responsabilizada por não estar a atuar com a rapidez e urgência que se impõe”, criticou Teresa Tito de Morais, lembrando que além de Portugal, também a Espanha e a França continuam a aguardar a chegada de pessoas, que vivem em situações desumanas amontoadas em campos de refugiados.

Neste dia 04, o primeiro grupo de 30 migrantes partiu de Atenas para o Luxemburgo, ao abrigo do plano europeu para redistribuir as pessoas pelos 28 Estados-membros, de modo a aliviar a pressão em países como a Grécia e a Itália.

O diretor executivo da Frontex, a agência de controle de fronteiras europeias, também divulgou novos números: durante 2015 foram registradas 800 mil entradas ilegais de migrantes. Segundo os últimos dados da agência para os refugiados da ONU, mais de 744 mil cruzaram o Mediterrâneo este ano, a maioria em direção à Grécia.

Sobre um possível aumento das quotas por países, Teresa Tito de Morais defendeu que a UE tem de fazer mais por estas pessoas e que 4.500 refugiados para Portugal é um número muito pequeno, mas que, “neste momento, o mais importante é passar das decisões às práticas”, ou seja, começar receber os que já estão previstos chegarem.

Entretanto, deverão chegar a Portugal outras 45 pessoas, que serão alojadas em Lisboa, Sintra e Penela, ao abrigo do Programa de Reinstalação de Refugiados em que Portugal, desde 2007, se obriga a acolher anualmente um mínimo de 30 refugiados.

Próximas semanas
O primeiros refugiados poderão chegar a portugal na “próxima semana ou dentro de duas semanas”, declarou nestaqurat-afeira fonte da Comissão Europeia à agência Lusa.

Sublinhando não haver ainda certezas sobre o calendário, a mesma fonte indicou “estarem a ser preparadas” as primeiras recolocações para Portugal, que, eventualmente, podem acontecer “na próxima semana ou dentro de duas semanas”.

Esta madrugada ocorreu a primeira recolocação de refugiados desde a Grécia, tendo um grupo de 30 refugiados sírios e iraquianos voado para Bruxelas e posteriormente sido transportado, de autocarro, para o Luxemburgo. O primeiro voo de recolocação ocorreu a 09 de outubro quando 19 eritreus viajaram de Itália para Suécia.

Na semana passada, a Comissão Europeia previu que os próximos países a receber pessoas deverão ser França e Espanha.

Mais de 218 mil migrantes e refugiados atravessaram, em outubro, o Mediterrâneo para a Europa, o que representa um recorde mensal e quase o mesmo número de travessias registrado em todo o ano passado, divulgou esta semana a ONU.

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