Mundo Lusíada
Com agencias
O deputado do PCP António Filipe criticou o discurso “partidário” e de intervenção na campanha eleitoral feito pelo Presidente da República Portuguesa na sessão solene do 10 de Junho, recusando “a visão de oásis” transmitida por Cavaco Silva.
“Foi absolutamente um discurso colado ao da maioria governamental e um discurso praticamente de intervenção na campanha eleitoral que se aproxima”, afirmou António Filipe, em declarações aos jornalistas à saída da sessão solene do Dia de Portugal, que decorreu no centro multiusos de Lamego.
Manifestando-se “chocado” pelo Presidente se ter assumido como “um participante ativo nas políticas que têm levado o país à situação que se apresenta” e não como o Presidente de todos os portugueses, o deputado comunista insistiu que se tratou de “um discurso partidário e um discurso de intervenção na campanha eleitoral”.
António Filipe disse ainda ter-se tratado de uma intervenção que passou ao lado dos reais problemas do país e que quis transmitir “uma visão de um país idílico que não corresponde à realidade que é vivida pela grande maioria dos portugueses”. “Mais parecia o discurso de um candidato às eleições legislativas pela coligação governamental, do que propriamente um discurso do Presidente da República”, frisou.
Também o líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, criticou o Presidente por ter tido “um discurso totalmente colado” ao do Governo, relativamente à crise e à sua evolução, citando apenas compreensível a “ideia de otimismo ao país”. E estranhou também que Cavaco Silva “não tenha feito referência às políticas de empobrecimento que foram conduzidas”, ao contrário do que fez noutros 10 de Junho, “dizendo que não estava de acordo com todas elas”.
Na sua última intervenção enquanto Presidente da República no 10 de Junho e onde “confiança” foi a palavra-chave, Cavaco Silva recusou “semear o desânimo e o pessimismo” quanto ao futuro do país, sublinhando que, apesar do longo caminho a percorrer, existem “fundadas razões” para encarar o futuro com mais otimismo.
Reconhecimento
Já o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, considerou que o discurso do Presidente foi um “reconhecimento justo” aos portugueses pela tenacidade demonstrada nos últimos anos. “Foi um discurso que mostrou um reconhecimento justo, se não mesmo uma gratidão muito justificada ao povo português, às famílias portuguesas e às empresas portuguesas, pela capacidade, pela tenacidade que denotaram ao longo dos últimos anos”, afirmou.
E frisou que “estar a dar esse caráter partidário” às palavras de Cavaco Silva “é querer desviar a atenção para um discurso que é realista, independentemente das posições políticas que afastam os diversos partidos e os diversos agentes políticos”.
“A verdade é que o senhor Presidente da República demonstrou com um detalhe assinalável que Portugal tem capacidade para poder ser competitivo, para poder gerar desenvolvimento na sua população e nos seus principais desígnios nacionais”, acrescentou.
Também o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, aplaudiu o discurso proferido pelo Presidente, elogiando a intervenção de “esperança” de Cavaco Silva. “Foi um discurso muito adequado ao Dia de Portugal e dos portugueses, ou seja, um discurso mobilizador, um discurso de esperança por parte do Presidente, sem esconder, obviamente, os desafios que também temos pela frente”, afirmou o líder da bancada dos democratas-cristãos.