Por Ígor Lopes
Uma comitiva brasileira formada por representantes do controle social participou, em Genebra, na 77ª Assembleia Mundial da Saúde. A defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), equivalente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Portugal, aliada à responsabilização das autoridades brasileiras que estavam à frente do país durante a pandemia da Covid-19, foram os temas centrais nas discussões dessa delegação.
Ao todo, o grupo contou com mais de 30 pessoas, entre os quais a jornalista Iara Lemos, que é um dos principais nomes do Brasil em defesa dos direitos de mulheres e crianças. Iara Lemos é consultora da Organização Pan-Americana da Saúde junto ao Conselho Nacional de Saúde do Brasil (CNS), onde atua tendo como mote as consequências deixadas pela pandemia da Covid-19 desde o começo da fase mais crítica da doença no país, em meados de 2020.
Em Genebra, Iara Lemos foi a responsável por comandar a produção de um documentário sobre o tema, que deve estar finalizado ainda este ano. Recentemente, esta jornalista, que é especialista em História Política pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, e mestranda em Estudo sobre Mulheres pela Universidade Aberta de Portugal (UaB), lançou o seu mais recente trabalho: “Crime contra Mulheres’. O livro é fruto de uma obra coletiva que reúne as maiores especialistas brasileiras sobre o tema.
Ainda em 2023, Iara Lemos participou na Feira do Livro do Porto, em Portugal, quando lançada a edição portuguesa do seu livro: “A Cruz Haitiana’, que se destaca por ser uma grande reportagem onde expõem com documentos e entrevistas das vítimas a forma como a Igreja Católica utilizou o território Haitiano para esconder religiosos acusados de pedofilia. O livro segue em digressão pela Europa no próximo ano.
Ajuda humanitária e mudanças climáticas
Ainda no âmbito dessa visita recente a Genebra, representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH) prometeram a um grupo de gaúchos que a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul “será utilizada pelo órgão como exemplo da necessidade de ações a serem tomadas em relação às mudanças climáticas”.
No dia 31 de maio, parte da delegação do Coletivo da Sociedade Civil do Controlo Social do SUS esteve reunida também com Ana Paula Souza, oficial de Direitos Humanos, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da entidade internacional.
Entre os gaúchos estavam a jornalista Iara Lemos, Valdevir Both, coordenador executivo do Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP), Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Paulo César Carbonari, coordenador nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH Brasil), e Enéias da Rosa, secretário executivo da Articulação para a Monitorização dos Direitos Humanos no Brasil.
“Durante a passagem por Genebra, renovei as minhas esperanças, partilhei conhecimento e, sobretudo, aprendi muito. Foram dias intensos em que tivemos a aprovação da Resolução de Participação Social, uma batalha imensa dos agentes do Controlo Social e que agora vai ser levada para implementação em outros países do mundo. Ainda não conseguimos aprovar o tratado sobre Pandemias, mas tivemos avanços nas conversações internacionais. No último momento, conseguimos uma conquista e tanto: nós, os cinco gaúchos que integramos a delegação, estivemos reunidos com os representantes do Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos e Mudanças Climáticas para tratar unicamente da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul. (…) Mulheres e crianças, para as quais tanto batalho pelos direitos adquiridos para que sejam assegurados na sua completa implementação, estiveram nas nossas ações”, afirmou Iara Lemos à nossa reportagem.
Recorde-se que a 77. ª Assembleia Mundial da Saúde foi realizada em Genebra, Suíça, de 27 de maio a 1 de junho, sob o tema: “Todos pela saúde, saúde para todos”.