Mundo Lusíada
Com Lusa
Portugal e Brasil, ambos com duas referências, são os únicos Estados lusófonos que figuram na lista de países cujas autoridades mais droga apreenderam em 2015, segundo o Relatório Mundial sobre Droga 2017, divulgado pela ONU.
De acordo com o documento, elaborado pelo Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC), Portugal é referenciado pelas apreensões de resina de canábis e cocaína, droga em que o Brasil é também indicado, assim como na de ‘ecstasy’.
Dado tratar-se de apreensões, e não de consumo ou trânsito, mais nenhum país lusófono é referenciado no documento, que apresenta tabelas com os 30 Estados que mais se destacaram nas operações de controlo.
No relatório é referido que Portugal apreendeu em 2015 seis toneladas de cocaína (0,7% do total em todo o mundo, ocupando o 20.º lugar), e 2,4 toneladas de resina de canábis (0,2% do total, 18.ª posição).
O Brasil, por seu lado, surge nas tabelas de apreensão de droga de 2015 com 27 toneladas de cocaína (3% do total em todo o mundo, ocupando o sexto lugar) e com 153 toneladas de substâncias do género de ‘ecstasy’.
Resina de canábis, cocaína, heroína, ópio, anfetaminas (excluindo “ecstasy”) e ‘ecstasy’ são as seis categorias em que a ONUDC divide as operações de combate ao tráfico de droga.
Na cocaína, a Colômbia é o país com a maior percentagem de apreensões (34% e com 297 toneladas), à frente dos Estados Unidos (15% e 131 toneladas).
Nas relacionadas com resina de canábis, segundos os dados do relatório, foi Espanha que registou a maior percentagem (25%, com 380,3 toneladas), à frente do Paquistão (18% e 279,4 toneladas) e de Marrocos (15% e 235 toneladas).
Quanto às substâncias do tipo ‘ecstasy’, a Turquia representou um quarto das apreensões totais (25% com 1.500 toneladas), à frente da Austrália (11% e 671 toneladas) e da Holanda, Indonésia e Estados Unidos (todos com 10% – respetivamente com 609, 599 e 582 toneladas).
Nas de ópio, o Irão foi o país que mais apreendeu a droga, com 478,4 toneladas, o que representa 82% do total mundial, muito à frente do Paquistão (10% e 58,9 toneladas) e Afeganistão (5%, com 30,3 toneladas).
Em relação à heroína e morfina (surgem em conjunto nas tabelas do relatório), o Irão é também o país que registrou a maior percentagem de apreensões (27%, com 24,3 toneladas), à frente do Paquistão (19% e 17,1 toneladas) e da China (10% e 8,9 toneladas).
Nas anfetaminas e estimulantes similares (à exceção de ecstasy), o maior número de apreensões foi feito na China (19% e 36,5 toneladas), à frente dos Estados Unidos (18% e 34,3 toneladas) e México (13% e 23,8 toneladas).
Mercado que cresce
O mundo tem hoje mais tipos de droga, mais fáceis de obter e mais potentes, aumentando o risco para a saúde, apesar de ter estabilizado em 250 milhões o número de consumidores, 5% da população mundial.
Segundo o relatório, apenas uma em cada seis pessoas que pede apoio para combater os transtornos recebe tratamento, questão que foi criticada por Angela Me, coordenadora do documento, ao apresentá-lo em Viena.
“Aumentou o risco para a saúde devido à diversificação e à potência de novas substâncias”, sublinhou Angela Me, dando como exemplo o fentanilo, um novo analgésico 50 vezes mais potente que a heroína e que já provocou numerosos casos, ainda por quantificar, de “overdoses mortais” nos últimos anos nos Estados Unidos.
“O mercado das drogas e o número de substâncias continuam a crescer”, alertou a especialista do UNODC, realçando que a situação altera-se a tanta velocidade que se torna um desafio permanente dar-lhe resposta legal ao mesmo ritmo.