Da Redação
Com agencias
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, pediu mais ação da União Europeia para lidar com a crise global de refugiados. O Acnur quer a implementação de reformas no processo, inclusive com a criação de um sistema de asilo.
A agência quer que a Europa ofereça apoio estratégico e específico aos países de origem, de trânsito e de asilo dos refugiados. É necessário também, revisar os preparativos de contingência para responder aos grandes fluxos e chegadas de refugiados.
Segundo o chefe do Acnur, Filippo Grandi, “no ano passado, a Europa falhou na implementação de uma resposta coletiva e organizada aos desafios impostos pela chegada de mais de 1 milhão de refugiados e migrantes”. Segundo ele, “isso resultou em cenas de caos nas fronteiras” e levou à quebra de confiança da população na capacidade do governo de controlar a situação.
Grandi afirmou que “é importante que os membros da UE mostrem através de uma ação coletiva que a Europa é capaz de lidar de forma eficaz com os movimentos de refugiados”.
O Acnur diz que os países devem implementar medidas que lidem com as razões pelas quais os refugiados fogem de suas casas e devem também aumentar o número de rotas seguras para os refugiados na Europa”.
A Agência da ONU cita ainda a importância da criação de um sistema de asilo simplificado que identifique e registre todas as chegadas rapidamente. O alto comissário declarou que “esse é o momento para uma nova visão de engajamento da Europa com a crise global de refugiados”.
Refugiados x Imigrantes
Alto-comissário para as Migrações está satisfeito com estudo europeu que mostra ser Portugal o país mais aberto a acolher refugiados. Em Portugal, 56% dos inquiridos manifestaram-se favoráveis em acolher refugiados, contra 44% que discordaram.
Em declarações à Lusa, Pedro Calado falou sobre o estudo European Social Survey (ESS), com dados recolhidos em 2002/03 e 2014/15 em 18 países. Apesar do relatório mostrar que Portugal é o país com maior abertura ao acolhimento de refugiados, está entre os que mais se opõem à imigração.
“A excelente notícia é que Portugal é o que mais generosidade apresenta aos refugiados. E sabendo que a questão dos refugiados é um tema recente, que tanta polêmica tem levantado noutros contextos, é muito importante e salutar para a nossa sociedade perceber como os portugueses se colocam de forma generosa ao lado desse desafio, que é um desafio civilizacional”, disse o alto-comissário.
Já sobre a atitude dos portugueses perante os imigrantes, revelada pelo estudo, o alto-comissário lembrou que, comparando 2002 com 2014, “os portugueses estão mais disponíveis”. Considerando ser “um pouco perigoso” comparar a atitude para uns e outros, “como se tivéssemos de escolher entre refugiados e imigrantes”, Pedro Calado afirmou que Portugal continua “felizmente” em contraciclo com a tendência para o populismo e a xenofobia que cresce em outras geografias.
“A verdade é que para os imigrantes a disponibilidade aumentou, mas sobretudo para os refugiados aumentou exponencialmente, e isso parece ser a boa notícia, que deveríamos valorizar, num tempo como este”, concluiu o alto-comissário.
Os dados do estudo, divulgados em Lisboa, no encontro “Europa, migrações e identidades”, mostram uma divisão, no conjunto da Europa, entre os que manifestam abertura à imigração (cerca de 59%) e os que manifestam rejeição (cerca de 41%)”.
A Suécia (93%), a Noruega (81%) e a Alemanha (83%) foram os países que manifestaram maior abertura à entrada imigrantes, enquanto a República Checa (70%) e a Hungria (73%) os que mais se opuseram.