ONU pede fortalecimento da resposta à crise de deslocados em Moçambique

Brigadas médicas móveis prestam serviços de saúde essenciais às pessoas deslocadas em Cabo Delgado, Moçambique. Foto Unicef/Ricardo Franco

Novos ataques de grupos armados não estatais levaram à fuga de 80 mil pessoas em Cabo Delgado; crise climática causa deslocamentos periódicos na parte central do país; apesar dos desafios, a nação fez avanços, com mais de 600 mil retornados e é país-piloto de iniciativa da ONU que busca soluções de longo prazo.

 

Da Redação com ONUNews

 

Em visita a Moçambique, realizada de 4 a 7 de março, dois altos funcionários da ONU discutiram com o governo e comunidades locais soluções para apoiar as milhares de pessoas deslocadas no país.

O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, e o conselheiro especial do secretário-geral da ONU para Soluções para Deslocados Interno, Robert Piper, pediram ainda a renovação do apoio internacional.

80 mil deslocados em Cabo Delgado
Moçambique tem enfrentado desafios significativos ligados à violência de grupos armados não estatais desde 2017, bem como os impactos adversos da emergência climática, com mais de 1,2 milhões de deslocados internos como resultado.

Piper e Grandi encontraram-se com o presidente Filipe Nyusi e altos funcionários do governo moçambicano antes de visitarem comunidades deslocadas em Cabo Delgado, onde houve novos ataques recentes de grupos armados não estatais que levaram à fuga de cerca de 80 mil pessoas.

Filippo Grandi afirmou que, além das pessoas deslocadas por conflitos em Cabo Delgado, no norte do país, existem deslocamentos periódicos causados por catástrofes naturais em partes mais centrais da nação africana.

Segundo ele, as questões mais urgentes em Moçambique são a segurança alimentar e a restauração dos serviços públicos.

600 mil deslocadas conseguiram voltar para casa
Para Piper, apesar da complexidade de um contexto em que tanto a violência como as alterações climáticas estão impulsionando o deslocamento, o país apresenta alguns resultados positivos.

O conselheiro especial destacou que embora ainda existam 700 mil deslocados internos no norte e em partes do centro de Moçambique, 600 mil pessoas regressaram para a casa nos últimos um a dois anos.

De acordo com o especialista, isso é “um grande resultado e “um voto pela paz”. Por outro lado, ele afirmou que muitos ainda carecem de serviços básicos e condições de vida adequadas.

País-piloto em agenda de ação sobre deslocados internos
Grandi e Piper reuniram-se com deslocados internos e autoridades locais nos distritos de Pemba e Mueda, examinando abrigos de transição, iniciativas de proteção e centros comunitários e conhecendo empresárias formadas em gestão de negócios. Eles visitaram também um programa de desenvolvimento e encontraram-se com retornados em Mocímboa da Praia.

Moçambique é um país-piloto no âmbito da Agenda de Ação do secretário-geral das Nações Unidas sobre deslocamentos internos, um esforço para reformular a forma como o sistema da ONU responde a situações prolongadas, através de abordagens lideradas pelo governo e ancoradas em soluções de longo prazo.

Durante a visita ao país, os oficiais da ONU afirmaram que mais financiamento é necessário em 2024 para proteger e promover soluções para refugiados e famílias deslocadas à força. O apelo humanitário do país para 2024, de US$ 413,4 milhões, recebeu menos de 6% do financiamento até o momento.

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