ONU pede ao G8 mais ação no combate à fome

Mais investimentos em agricultura aumenta a produção alimentar, e evita que mais 100 milhões de pessoas sejam lançadas na pobreza extrema.

Da Rádio ONUCom agencias

Ricardo Stuckert/PR

>> Sapporo (Japão) – Presidente Lula conversa com o presidente americano, George Bush, durante encontro privado na reunião do G8.

Os diretores de três agências da ONU com sede em Roma, na Itália, apelaram aos líderes do G8 que aumentem os esforços na luta contra a fome, na terça 08 de julho, durante cúpula, no Japão.

Numa declaração conjunta, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Fida e o Programa Mundial de Alimentos, PMA, pediram aos líderes do grupo dos sete países mais industrializados do mundo, acrescido da Rússia, que dediquem uma fatia mais significativa da ajuda ao desenvolvimento ao setor rural e agrícola.

Josette Sheeran, diretora-executiva do PMA, Jacques Diouf, diretor-geral da FAO e Lennart Bage, presidente do Fida afirmam que o declínio nos investimentos agrícolas nos últimos 30 anos é uma das razões para a atual crise alimentar.

Segundo a declaração emitida, a luta contra a fome passaria pelo lançamento de uma nova revolução verde, designada como dupla revolução verde, com o objetivo de duplicar a produção alimentar até 2050. O documento cita ainda a necessidade de adaptação dos sistemas agrícolas aos efeitos das mudanças climáticas.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o mundo está enfrentando várias crises, de forma simultânea. A crise dos alimentos, os desafios do aquecimento global e o combate à pobreza são alguns dos temas mais urgentes para o mundo.

Ban fez a declaração num artigo de jornal para marcar o encontro de cúpula do Grupo dos Sete Países mais Industrializados do Mundo acrescido da Rússia, G8, em Hokkaido, no Japão.

O Secretário-Geral da ONU disse que é hora de ação e que qualquer medida para enfrentar o problema deve ir além do encontro do G8. Para Ban Ki-moon, é preciso dobrar a ajuda de desenvolvimento à África até 2010.

Se nada for feito para combater a crise dos alimentos, mais 100 milhões de pessoas poderão ser lançadas na pobreza extrema aumentando o número de famintos no mundo para quase 1 bilhão de pessoas.

Combate a FomeO presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, também durante o encontro do G8 no Japão, disse que o grupo precisa levar esperança e comida a quem não tem.

O presidente do Banco Mundial disse que os líderes do G8 precisam usar a reunião para levar adiante ações de combate à crise alimentar mundial. Para ser bem-sucedida, a globalização tem que ser inclusiva e sustentável. Segundo ele, mais do que nunca, o mundo precisa proteger os mais fracos.

Zoellick também pediu à Assembléia Geral da ONU que adote uma resolução pondo fim às restrições impostas às compras do Programa Mundial de Alimentos, PMA. Segundo ele, o fundo tem arrecadado cerca de US$ 3 bilhões por ano, o equivalente a R$ 4,8 bilhões, em contribuições voluntárias, mas deve precisar do dobro da quantia neste ano por causa da crise alimentar.

Para ele, a saída está no aumento de investimentos nos setores agrícolas dos países em desenvolvimento, principalmente os do continente africano.

Paralelo ao encontro do G8, ocorre o Júnior 8, um grupo de crianças e jovens de todos os países representados na reunião, mas também de nações que não pertencem ao G8, como por exemplo o Brasil.

O J-8 é apoiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef. A consultora do Unicef, Elisa Calpona, disse à Rádio ONU em Nova York que a iniciativa tem inspirado mais participação política entre crianças e jovens. O encontro do J-8 produz uma declaração com pedidos e recomendações que deve ser entregue aos líderes mundiais do G8.

Redução de CO2 em 50%Na terça, 08 de julho, o G8 se comprometeu a reduzir em 50% as emissões de CO2 até 2050. Para atingir essa meta, os líderes dos países mais ricos do mundo, que têm posições diferentes sobre a luta contra o aquecimento global, pediram cooperação dos também dos maiores emissores de CO2, segundo o primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda.

"Reconhecemos que as economias mais desenvolvidas diferem das economias em desenvolvimento, por isso as nações mais industrializadas iniciarão objetivos ambiciosos a médio prazo para conseguir reduções absolutas de emissões e, quando for possível, paralisar o aumento das emissões segundo as circunstâncias de cada país" traz o comunicado do G8.

Pela primeira vez, Estados Unidos aceitaram uma meta de redução de gases efeito estufa, depois que país não aderiu ao Protocolo de Kioto, que expira em 2012.Economias crescentes como a China e a Índia produzem cerca de um quarto das emissões. Mas os países dizem que só vão aceitar metas de reduções caso nações ricas, principalmente os EUA, também o façam.

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