Da Redação com ONU News
Todos os anos, 11 milhões de pessoas morrem por fatores ligados ao consumo de alimentos que não são saudáveis e outras 420 mil morrem por intoxicação alimentar. Os dados são da Organização Mundial da Saúde, que lançou nessa sexta-feira a Coalizão de Ação sobre Dietas Saudáveis e Sistemas Alimentares Sustentáveis.
A iniciativa envolve várias agências da ONU além da OMS, como FAO, Agência da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma e Programa Alimentar Mundial, PMA.
As entidades destacam ainda que 3 bilhões de pessoas no mundo não têm condições financeiras de comprar alimentos saudáveis e a desnutrição acaba representando “uma violação do direito humano à alimentação e fomentando desigualdades sociais”.
A coalizão nota ainda que o sistema alimentar está marcado por práticas “insustentáveis que estimulam o desmatamento, as perdas de biodiversidade, o esgotamento dos oceanos e o aumento de doenças zoonóticas.
Transformar os sistemas alimentares é “crítico para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS”, afirma a OMS.
A coalizão vai trabalhar em três frentes: mobilizar especialistas e governantes para alinharem ações nos sistemas alimentares para que exista um impacto coletivo a nível nacional; facilitar a troca de aprendizagem entre países e promover projetos que integrem nutrição, saúde e sustentabilidade.
Guerra x alimentos
Ministros da agricultura do G7, o grupo das sete maiores economias mundiais, se reúnem até sábado na cidade alemã de Stuttgart para tratar dos efeitos da guerra na Ucrânia sobre a segurança alimentar mundial.
Eles foram convidados à cidade pelo ministro alemão da Agricultura, Cem Ozdemir. A Alemanha ocupa a presidência rotativa do G7.
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, que participa do evento, citou o impacto do cenário atual em mercados e na oferta de alimentos a países em situação de fragilidade da África e do Oriente Médio.
Qu Dongyu disse ainda que o Brasil está entre os maiores exportadores de cereais e commodities de alto valor que necessitam de fertilizantes importados da Rússia, tal como Argentina e Bangladesh.
As consequências se estendem a economias largamente dependentes das importações de trigo, como Egito e Turquia, mas também várias nações subsaarianas, como Congo, Eritreia, Madagascar, Namíbia, Somália e Tanzânia.
Qu Dongyu pediu ao G7 que ajude a driblar a escassez de alimentos por causa do conflito, redução de ofertas, aumento de preços e outras consequências.
Para ele, é preciso identificar, ativamente, maneiras de compensar possíveis lacunas futuras nos mercados globais, com uma atuação conjunta para promover aumentos sustentáveis de produtividade sempre que possível.
Em 2021, cerca de 193 milhões de pessoas já passavam e precisavam de assistência urgente. Eram quase 40 milhões de pessoas a mais em relação a 2020, ano em que apareceu a pandemia.
O chefe da agência lembrou que tanto a Rússia como a Ucrânia são atores importantes nos mercados globais de commodities, e a incerteza em torno do conflito causou uma alta nos preços, principalmente de trigo, milho e oleaginosas, além de fertilizantes.
A subida de custos se associa a preços inflacionados, impulsionados pela demanda robusta e pelos altos custos de insumos como resultado da pandemia.
Em março, o Índice de Preços de Alimentos da FAO atingiu seu nível mais alto, com 160 pontos desde sua criação em 1990. A taxa caiu ligeiramente no mês passado.
As previsões de exportação de trigo dos dois países foram revisadas para baixo desde o início da guerra em 24 de fevereiro.
Mais de dois meses depois, a FAO destaca que apesar de outros participantes do mercado, como Índia e União Europeia, terem aumentado as ofertas ao mercado, o nível atual continua insuficiente e a expectativa é de que os preços sigam em alta nos próximos meses.