Da Redação
O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou que a comunidade internacional está em “apuros com a mudança climática”, sendo que para “muitas pessoas, regiões e até países, isso já é uma questão de vida ou morte.”
Na abertura da 24ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Unfccc, COP24, Guterres considerou que este é “encontro mais importante sobre mudanças climáticas desde a assinatura do Acordo de Paris”.
O representante lembrou que é necessário fazer mais e melhor “para evitar uma interrupção climática irreversível e catastrófica.”
Guterres destacou que, segundo a Organização Meteorológica Mundial, as duas décadas mais quentes alguma vez registradas ocorreram nos últimos 22 anos e que a concentração de dióxido de carbono é a mais alta em 3 milhões de anos.
Perante o um novo crescimento das emissões, o aquecimento pode chegar mesmo a 1,5 ºC até 2030, com impactos que o líder da ONU classificou de “devastadores.”
Guterres destacou também que a maioria dos países mais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa está atrasada nos seus esforços para cumprir as promessas de Paris.
O secretário-geral avisou que é necessária “mais ação e mais ambição”, caso contrário avisa que “o Ártico e a Antártida continuarão a derreter, os corais irão descorar e morrer, os oceanos se elevarão, mais pessoas morrerão pela poluição do ar, a escassez de água afligirá uma proporção significativa da humanidade e o custo dos desastres irá disparar.”
Para Guterres, é urgente a transformação completa de nossa economia global de energia, bem como da forma como são administrados os recursos da terra e da floresta.
Acordo de Paris
No seu discurso, o secretário-geral sublinhou também a importância em “finalizar o Programa de Trabalho do Acordo de Paris” que visa definir as regras para a sua implementação.
O representante lembrou que é necessária “uma visão de implementação unificadora que estabeleça regras claras, inspire ações e promova ambições elevadas, com base no princípio de equidade e responsabilidades comuns mas diferenciadas e respetivas capacidades, à luz de diferentes circunstâncias nacionais”.
Financiamento
Outra ideia central do discurso foi a necessidade de mobilizar “recursos e investimentos para combater com sucesso a mudança climática, sobretudo em cinco áreas econômicas importantes: energia, cidades, uso da terra, água e indústria.”
Guterres adiantou que cerca de 75% da infraestrutura necessária até 2050 ainda precisa ser construída, apelando aos governos e investidores que invistam “na economia verde e não na cinza”. Para tal, estes devem “adotar os preços do carbono, eliminar os subsídios prejudiciais aos combustíveis fósseis e investir em tecnologias limpas.”
Guterres anunciou que nomeou o presidente da França e o primeiro-ministro da Jamaica para liderarem o processo de mobilização.
Na parte final do seu discurso, António Guterres insistiu na ideia de que a ação climática não pode ser vista como um “fardo para a economia”. Contrariando esta ideia, o chefe da ONU afirmou que “a ação climática não é apenas a coisa certa a fazer, faz sentido social e econômico”.
Para ele, o cumprimento do Acordo de Paris “reduzirá a poluição do ar”, para além de poder render 65 milhões de empregos e um ganho econômico direto de US$ 26 trilhões nos próximos 12 anos.
Para o secretário-geral, a ação tem de ser mais rápida com a transição para uma economia de baixo carbono a necessitar “de ímpeto político ao mais alto nível”
O representante disse que esta ação exige a “uma mobilização em grande escala dos jovens e de “um compromisso global com a igualdade de gênero, porque a liderança das mulheres é fundamental para soluções climáticas duradouras.”