Mundo Lusíada com Lusa
As taxas de infecção na Europa por SARS-CoV-2 são três vezes superiores comparado ao pico anterior da pandemia de covid-19 devido à variante Ómicron, alertou o ECDC, falando numa “pressão social da propagação sem precedentes”.
“A variante de preocupação Ómicron está atualmente a espalhar-se com velocidade e intensidade sem precedentes em toda a UE/EEE [União Europeia e Espaço Econômico Europeu, com taxas globais de infeção relatadas três vezes superiores ao pico mais alto durante a pandemia até agora”, avisa o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças em comunicado de imprensa.
No dia em que divulga um novo relatório de avaliação de risco, a agência europeia de apoio aos países alerta que este “número muito elevado de pessoas infetadas está a exercer uma pressão significativa em muitos países da Europa através de uma combinação do aumento das admissões hospitalares e da escassez de pessoal devido à doença”.
“Os esforços devem continuar a aumentar a utilização de vacinas entre os não vacinados, bem como oferecer uma vacina de reforço após três meses a todos os adultos elegíveis”, vinca o ECDC.
O centro europeu salienta que esta “pressão social da propagação sem precedentes da Ómicron pode ser aliviada através de um aumento da aceitação da vacinação”.
Citada pela nota, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, vinca que, “embora seja encorajador que o número de pessoas que adoecem gravemente e requerem tratamento hospitalar não tenham seguido o mesmo caminho que os casos Ómicron, o vírus ainda representa uma séria ameaça, especialmente para os mais vulneráveis nas nossas sociedades e para os não vacinados”.
“Embora em alguns Estados-membros o pico da infeção pareça ter sido atingido recentemente, a pandemia ainda não terminou”, salienta a responsável europeia pela tutela.
Já a diretora do ECDC, Andrea Ammon, salienta que “há um reconhecimento crescente de que as extensas medidas preventivas adotadas em toda a UE/EEE resultaram também em custos sociais e econômicos pesados”.
Por isso, e “para uma transição bem sucedida para o que pode ser uma fase pós-aguda da pandemia, os esforços devem continuar a aumentar a aceitação do curso de vacinação primária em indivíduos atualmente não vacinados ou parcialmente vacinados”, bem como na administração de doses de reforço, defende a especialista.
Andrea Ammon retrata ainda que, “apesar da intensidade muito elevada da circulação do vírus na comunidade, os países com uma cobertura vacinal muito alta estão a registar comparativamente menos impacto em termos de necessidade de cuidados intensivos e mortalidade do que em vagas anteriores”.
“Isto salienta o impacto que as vacinas anticovid-19 estão a ter na prevenção de casos graves e mortes”, conclui.
A posição surge numa altura de elevado ressurgimento de casos de infecção com o coronavírus SARS-CoV-2 principalmente devido à elevada transmissibilidade da variante Ómicron.
Dados divulgados na página da Internet do ECDC sobre vacinação revelam que, na UE, 81,3% da população adulta está totalmente vacinada, o equivalente a 297 milhões de pessoas.
Ainda segundo os dados do centro europeu que tem por base as notificações dos Estados-membros, 189 milhões de doses de reforço foram já administradas na UE.
Portugal com novo recorde
Neste dia 27, Portugal registrou 65.706 novas infecções com o coronavírus nas últimas 24 horas, um novo máximo desde o início da pandemia, e mais 41 mortes associadas à covid-19, indicam os números hoje divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Ómicron no Brasil
Também no Brasil, a variante do coronavírus está aumentando a ocupação de UTI nos hospitais. O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz divulgou nesta quarta-feira (26/1) uma Nota Técnica sobre o cenário da pandemia no país, tendo como foco os indicadores de leitos de UTI para adultos no SUS. Segundo a publicação, a situação é de piora, com muitos estados ampliando o número de leitos de UTI, e em 12 unidades da Federação (UF) houve um aumento nas taxas de ocupação. Das 27 UF, 6 estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta crítico, 12 estados estão na zona de alerta intermediário, apenas 8 estão fora da zona de alerta.
Segundo a Nota Técnica, com a grande transmissibilidade atual, com a variante Ômicron, mesmo um número inferior de casos que necessitam de internação em UTI gera números expressivos que pressionam o sistema de saúde.
A vacinação faz com que indivíduos se tornem pouco suscetíveis a internações, mas idade avançada e comorbidades podem gerar vulnerabilidades. Até porque, uma parte considerável da população ainda não recebeu a dose de reforço e outra parcela nem foi vacinada. Diante desse quadro, e em meio a estação mais quente do ano, que é também um período de férias que favorece aglomerações, a Nota Técnica reforça a importância de avançar na vacinação e endurecer a obrigatoriedade do uso de máscaras e do passaporte vacinal em locais públicos. Os pesquisadores também sugerem a promoção de campanhas de orientação à população e o autoisolamento quando do aparecimento de sintomas.