A operadora brasileira e o grupo português anunciaram a esperada fusão. Os atuais acionistas da PT deverão ficar com 38% da futura CorpCo, que terá como CEO o português Zeinal Bava. São esperadas sinergias de R$ 5,5 bilhões.
Da Redação
Com agências
A operadora brasileira Oi e a Portugal Telecom (PT) anunciaram em 02 de outubro o seu projeto de fusão, que se iniciará com um aumento de capital por parte da Oi no valor mínimo de R$ 7 bilhões, mas com um objetivo de R$ 8 bilhões. A fusão entre a companhia brasileira e o grupo português, que já têm desde 2010, uma parceria, vem sendo especulada há algum tempo, mas só agora foi oficialmente confirmada.
“A operação de fusão é uma consequência natural da aliança industrial entre a Portugal Telecom e a Oi estabelecida em 2010, criando um operador de telecomunicações líder gerido por Zeinal Bava como CEO”, indica um comunicado da PT à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O aumento de capital na Oi tem a finalidade de “melhorar a flexibilidade do balanço” da empresa que resultará da fusão, e que se denominará CorpCo. Nesse aumento de capital os acionistas da Telemar Participações e de um veículo do banco BTG Pactual irão subscrever aproximadamente R$ 2 bilhões, ou cerca de 700 milhões de euros.
Está previsto que no final dessa operação, com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2014, os atuais acionistas da PT irão deter 38,1% do capital da CorpCo. A fusão está ainda dependente da aprovação dos acionistas das duas companhias. Do lado português, o negócio tem, desde já, o apoio do Banco Espírito Santo (BES, através da “holding” Avistar) e da Ongoing (Nivalis Holding), os dois maiores acionistas da PT.
Além do aumento de capital em dinheiro por parte da Oi, a companhia brasileira terá um aumento de capital em espécie, a subscrever pela PT, com a contribuição de ativos seus no valor de R$ 6,1 bilhões, ou 2 mil milhões de euros.
A operação combinada da PT e da Oi será um gigante. Considerando os números de 2012 das duas empresas, a CorpCo terá receitas de R$ 37,5 bilhões (12,4 mil milhões de euros).
“A CorpCo beneficiará de maior escala e da posição de liderança em Portugal e no Brasil. Estima-se que a melhoria de eficiências operacionais e financeiras poderá gerar sinergias”, explica a PT. Essas sinergias são avaliadas em aproximadamente R$ 5,5 bilhões, ou 1,8 mil milhões de euros.
“A combinação dos negócios da Portugal Telecom e da Oi resultará na criação de um operador de telecomunicações líder, cobrindo uma área geográfica com cerca de 260 milhões de habitantes e cerca de 100 milhões de clientes. A transação consolidará a posição das duas sociedades como o operador líder nos países de língua portuguesa, liderando em todos os mercados em que opera”, nota o comunicado à CMVM.
“A combinação dos dois grupos pretende alcançar significativas economias de escala, maximizar sinergias operacionais e criar valor para seus acionistas, clientes e colaboradores”, reitera o mesmo anúncio.
Segundo o comunicado da PT, “a CorpCo irá operar em mercados estratégicos e beneficiará das perspectivas favoráveis de crescimento no Brasil e das operações consolidadas em Portugal, preparadas para a retomada econômica”.
A PT diz ainda que a combinação de negócios irá potenciar a “implementação de iniciativas estratégicas atualmente em curso”, nas quais a Portugal Telecom e a Oi têm partilhado a sua experiência e know-how em áreas tais como desenvolvimento de produtos, apoio ao cliente, engenharia, operações e tecnologias da informação.
Anúncio veio após avaliação negativa de agosto
O anúncio da fusão com tanto investimento pode ter sido uma resposta do Grupo pela divulgação do fechamento no mês de agosto com alguns dos piores indicadores de qualidade de serviço no que respeita à Internet de banda larga móvel no Brasil.
A Oi teve, em termos médios, um menor cumprimento da velocidade contratada nos estados de São Paulo e de Minas Gerais, entre as operadoras analisadas pela Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações. No entanto, no Rio de Janeiro a Oi foi a operadora com melhor desempenho.
Em São Paulo a Oi obteve um desempenho de 64,19% no índice SMP-11, isto é, em média, as medições de velocidade do mês de agosto corresponderam a 64,19% da velocidade anunciada pela operadora a seus usuários. O desempenho fica acima do mínimo obrigatório de 60%. Na lista estão a Claro, com velocidade média de 94,51%, a Vivo com 80%, e a TIM, com 73,44%.
Em Minas Gerais a Oi apresentou também o pior desempenho de velocidade média da banda larga móvel, com um valor médio equivalente a 56,67% da velocidade contratada, abaixo do padrão mínimo de 60%.
Já no Estado do Rio de Janeiro, a operadora brasileira participada da PT alcançou o melhor desempenho ao nível da banda larga móvel, obtendo uma velocidade média de 74,95% da velocidade contratada, acima dos 74% da Claro, dos 65,35% da Vivo e dos 63,9% da TIM.
A Anatel também avaliou a qualidade de serviço no Paraná, onde a Oi apresentou um registro médio de 89,81% de cumprimento da velocidade contratada, abaixo da melhor operadora de banda larga móvel (a Sercomtel, com 96,74%) e acima da que teve o pior desempenho (a Vivo, com 71,07%).