Objetivo em Portugal é isolar rapidamente contatos de infectados – Saúde

Foto Paulo Pimenta / Lusa

Da Redação
Com Lusa

A diretora-geral da Saúde afirmou nesta sexta-feira que o objetivo das autoridades é “identificar e isolar” rapidamente os contatos de uma pessoa com covid-19, mesmo que não lhe seja feito um teste.

“O nosso objetivo é esse: rapidamente isolar os contatos, independentemente de se fazer logo um teste. É de imediato proceder ao isolamento, com ou sem teste”, observou Graça Freitas, na conferência de imprensa regular sobre a pandemia em Portugal, respondendo a uma questão sobre um estudo da Lancet, divulgado na quinta-feira, que alerta para a necessidade se efetuarem testes nas primeiras 24 horas para prevenir a propagação de vírus.

A diretora-geral alertou que as pessoas colocadas em isolamento profilático devido ao contacto com infetados, se testarem negativo, “não podem interpretar livremente o teste e sair de casa sem autorização” das autoridades de saúde.

“Se testam negativo, não podem vir para a rua. Têm de se manter em isolamento durante 14 dias”, avisou.

Existem atualmente 206 surtos de covid-19 ativos no país e a ministra da Saúde, Marta Temido, observou que “um surto só é considerado fechado” após passarem “dois períodos de incubação, ou seja, 28 dias, da infeção do último caso registado”.

Um estudo científico publicado na revista Lancet indica que, por mais eficaz que seja o rastreio de contatos de pessoas doentes com covid-19, de pouco servirá para travar a disseminação da doença se os testes de diagnóstico não forem rápidos.

“Se o teste de diagnóstico à covid-19 demorar três ou mais dias depois de uma pessoa desenvolver sintomas, mesmo a estratégia mais eficaz de rastreio de contatos não conseguirá reduzir a transmissão do vírus”, afirmam os investigadores responsáveis pela investigação divulgada na quinta-feira.

Se se conseguir testagem com resultados no prazo de 24 horas com rastreio de pelo menos 80% dos contatos, o número médio de contatos infectados por uma pessoa (conhecido como RT) pode ser reduzido de 1,2 para 0,8, evitando 80% das transmissões do novo coronavírus, acrescenta.

“Este estudo reforça as conclusões de outros, mostrando que o rastreio de contatos pode ser uma intervenção eficaz para evitar o contágio do vírus SARS-CoV-2, mas só com uma proporção alta de contatos e um processo rápido de testagem”, afirmou uma das principais autoras do estudo, Miriam Kretzschmar, da universidade holandesa de Utrecht.

Uma das principais conclusões é a de que “as aplicações para telemóvel podem permitir encontrar mais depressa pessoas que estejam potencialmente infetadas, mas se os testes demorarem três dias ou mais, mesmo esta tecnologia não conseguirá travar a transmissão do vírus”, referiu.

No rastreio de contatos, é preciso encontrar todas as pessoas que estiveram em contacto com uma pessoa infetada para poderem ser isoladas e assim impedir mais contágio.

Para o rastreio ser eficaz, é preciso que a taxa de transmissão do vírus traduzida no R0 seja inferior a 01, ou seja, que o número de novas infeções provocadas por cada pessoa seja inferior a uma.

No estudo, o modelo matemático utilizado presume que cerca de 40 por cento da transmissão de vírus acontece antes de uma pessoa infetada mostrar sintomas de covid-19.

Portanto, o rastreio de contatos só funciona e só consegue manter o R abaixo de 01 se as pessoas com covid-19 receberem o diagnóstico positivo no dia em que são testados, logo que desenvolvem sintomas.

Sem nenhuma medida de mitigação de contágio, cada pessoa infetará uma média de 2,5 pessoas. No entanto, só com o distanciamento físico, que reduz em 40% contatos próximos e 70% os contatos casuais, o número de pessoas infetadas por cada doente passa a 1,2.

Casos Covid

A Área Metropolitana de Lisboa (AML) regista casos de covid-19 acima da referência nacional desde 03 de maio, mas os dados mais recentes sugerem “uma ligeira diminuição” da concentração de novos casos nesta região, divulgou o INE.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), numa avaliação geral do período entre 06 de abril e 13 de julho, destaca-se o progressivo abrandamento dos novos casos por 10 mil habitantes na Área Metropolitana do Porto (AMP) e, em sentido oposto, o crescimento de novos casos na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

A AML regista valores acima da média nacional desde o dia 03 de maio, salientou o INE, num relatório hoje publicado.

No entanto, de acordo com o instituto, os dados do conjunto de 14 dias terminado em 13 de julho, o último período analisado, sugerem “uma ligeira diminuição da concentração de novos casos na AML”, já que neste período esta área representou 64% dos novos casos do país, quando no período de 14 dias anteriores (até 29 de junho) tinha obtido 71% dos novos casos a nível nacional.

No período de 14 dias até 13 de julho, o surgimento de novos casos atingiu sobretudo os municípios da margem Norte da AML (constituída por 18 destas autarquias), destacando-se sete municípios (Amadora, Odivelas, Sintra, Loures, Cascais, Lisboa e Vila Franca de Xira) com mais de 10 novos casos por 10 mil habitantes.

Em 13 de julho existiam em Portugal 45,7 casos de covid-19 por 10 mil habitantes em termos globais e 4,7 novos casos por 10 mil habitantes relativos aos 14 dias anteriores.

Tendo em conta a atualização dos dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) por município efetuada em 13 de julho, o número de casos confirmados com a doença por 10 mil habitantes era superior a este valor em 42 municípios, 30 dos quais também registam valores de densidade populacional acima da referência nacional.

Dezasseis dos 42 municípios com mais casos a nível nacional apresentaram também valores de novos casos confirmados por 10 mil habitantes acima da referência nacional para o último período analisado.

Dez destes municípios com mais novos casos localizavam-se na AML: os municípios da Amadora (com 15,9 novos casos por 10 mil habitantes), Odivelas (15,3), Sintra (14,1), Loures (12,2), Cascais (12,2), Lisboa (11,4), Vila Franca de Xira (11,4), Oeiras (9,8), Moita (9,3) e Barreiro (6,7) representavam em conjunto 54% dos novos casos do país e 85% da AML neste período.

Em números globais, e desde o início da pandemia, registaram casos acima do valor nacional 21 municípios na região Norte, localizados sobretudo na Área Metropolitana e zonas limítrofes, 10 municípios na AML, sete na região Centro, três no Alentejo e o município do Nordeste, nos Açores.

Segundo o INE, 184 dos 308 municípios apresentavam um número de casos confirmados por 10 mil habitantes e densidade populacional abaixo da referência nacional.

Portugal regista nesta sexta-feira mais três mortes e 312 novos casos de infeção por covid-19, em relação a quinta-feira, 236 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com a DGS, desde o início da pandemia até hoje registam-se 48.077 casos de infecção confirmados e 1.682 mortes.

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