Da Redação
com Lusa
Durante sua visita a Itália, o Presidente de Portugal afirmou, perante estudantes universitários, que Portugal tinha até há pouco tempo um consenso partidário “total” sobre migrações, que agora passou a um consenso “praticamente total”.
“Nós consideramos, como país de emigração que somos, que aquilo que achamos que os outros devem fazer aos nossos emigrantes, nós devemos fazer em relação aos que vêm de fora” defendeu.
“Só temos autoridade moral para defender os portugueses nos países estrangeiros se tratarmos os estrangeiros que chegam a Portugal como queremos que os portugueses sejam tratados”, reforçou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava na sede do município de Bolonha, no final da sua visita de Estado a Itália, numa provável alusão ao Chega, partido que, entre outras coisas, defende a saída imediata de Portugal do Pacto Global das Nações Unidas para as Migrações e que nas legislativas de 06 de outubro elegeu pela primeira vez um deputado, André Ventura.
Questionado sobre a política portuguesa de integração de estrangeiros, o chefe de Estado respondeu: “Em Portugal há um consenso partidário, eu diria praticamente total”.
Mais à frente, acrescentou que “o Presidente da República, o Governo” e “o parlamento, de forma esmagadora”, não têm “posições xenófobas em Portugal”.
“E a mim faz-me muita impressão compreendê-las, porque é não compreender a diferença. Nós somos diferentes. Querer impor aos outros o nosso comportamento é uma forma de desrespeitar as pessoas, de não as respeitar”, criticou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República disse que, “por isso, Portugal apoiou a Itália desde o início nas migrações” e referiu ainda que “Portugal manifestou a vontade de integrar e propôs-se sempre quotas proporcionalmente das mais elevadas da Europa, proporcionalmente à população, e tem vindo a trabalhar para melhorar o acolhimento”.
“Porque não basta receber, é preciso criar condições de emprego, de educação, de saúde, de segurança social. A integração em todo o país foi muito boa. Há quem esteja no centro, no norte, no sul do continente, em municípios grandes, médios e pequenos”, defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou a importância da “integração familiar” e das “condições sociais, para ser duradoura a permanência” daqueles que chegam a Portugal, “dando-lhes a liberdade, se quiserem, de escolher outros destinos dentro da Europa, se considerarem preferíveis do ponto de vista profissional”.
No seu programa político, o Chega defende, além da saída imediata do Pacto Global das Nações Unidas para as Migrações, a “deportação de todos os imigrantes ilegais para os seus países de origem”, bem como de todos os que, “mesmo tendo a situação legalizada, comentam crimes que originem condenação a penas de prisão efetiva”.
Na declaração de princípios do partido, lê-se que “qualquer política migratória terá de partir da constatação do fracasso do multiculturalismo” e que a política migratória deve pressupor uma “adoção plena da cultura portuguesa pelos recém-chegados”, pelo que se considera “indispensável a clara opção por populações com raízes em culturas semelhantes” à portuguesa.
Durante sua visita oficial ao país, o presidente Marcelo Rebelo ainda apontou a educação, pobreza e economia como desafios de Portugal.