Da Redação
Falado num universo de mais de 280 milhões de pessoas, o português vê aumentar sua importância como língua de cultura e língua de negócios, segundo o presidente do Instituto Camões – da Cooperação e da Língua, o embaixador João Ribeiro de Almeida.
O português falou à ONU News, da sede do Camões em Lisboa, sobre o aumento da importância geopolítica do idioma, especialmente nos últimos anos.
“A língua portuguesa é uma língua de educação, de cultura, de aproximação, de pontes, mas também é uma língua… E não podemos esconder isso, pelo contrário, temos que o assumir. É uma língua de negócios, é uma língua de ciência, é uma língua de inovação e de conhecimento, cada vez mais”.
Almeida citou que o Instituto Camões, na sua rede de Cátedras no Estrangeiro, tem apoiado a formação de cátedras que tenham a ver com a ciência, a inovação e a tecnologia, e também, a língua de negócios. O Brasil é o segundo país com mais cátedras de estudos portugueses.
“O português já é uma das línguas mais faladas no Hemisfério Sul na internet. Imaginem o que isto tem de potencial para poder levar o mais avante possível tudo o que tem a ver também como uma língua de negócios. Portanto, o português cada vez mais a afirmar-se como uma das línguas globais em todo o mundo.”
João Ribeiro de Almeida é embaixador de carreira e já representou Portugal em países como Argentina e Colômbia. No início da carreira, serviu no Timor-Leste, onde viu nascer o país do sudeste asiático que escolheu o português como língua oficial ao lado do tétum.
CPLP
Na entrevista à ONU News, João Ribeiro de Almeida lembrou a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, há 25 anos, que reunia apenas algumas nações associadas. Mas com o fortalecimento de blocos regionais e comerciais como Mercosul, União Europeia e União Africana, intensificou-se o interesse pela Cplp, que está presente em quatro continentes com seus membros.
Hoje, a entidade é procurada, cada vez mais, por nações interessadas na esfera de atuação da Cplp, que acompanha a do português, indo das Américas à Ásia passando por África e Europa.
Na última Cúpula de Chefes de Estado e Governo, por exemplo, em Luanda, capital de Angola, países como Estados Unidos, Índia, Espanha, Canadá e Catar se associaram ao bloco integrando uma lista que já tinha Reino Unido, França, Japão e outros países que não falam o idioma.
Em Timor por exemplo, João Ribeiro de Almeida lembra que quase todos os estudantes agora do ensino superior no país asiático reconhecem a relevância da língua portuguesa como uma marca da nacionalidade timorense e uma diferenciação do país de outras nações vizinhas como Austrália e Indonésia.
Para o embaixador, uma das apostas do Camões é também a cultura, que cria pontes de promoção da língua.
“Há muita gente que chega à língua portuguesa pela cultura. Há muita gente que chega, pela primeira vez, à língua portuguesa porque se apaixona pela cultura em língua portuguesa. Não tem que ser cultura somente de Portugal, pode ser cultura brasileira, angolana. Quantas vezes, nós descobrimos pessoas que dizem: ‘e, pá, aquele samba é tão bonito, mas eu queria perceber o que eles dizem’, isso, os nossos amigos estrangeiros, a mesma coisa com o fado… Então, há muita gente que chega à língua pela cultura em língua portuguesa. E nós temos que buscar e tentar organizar toda esta gente.”
Atualmente, o Instituto Camões – da Cooperação e da Língua gerencia 51 leitorados e 83 centros de língua portuguesa. A entidade mantém ainda protocolos de apoio à ciência em 312 universidades no mundo em 76 países e lidera 55 cátedras.
Até o fim do ano, o Instituto Camões deve abrir mais dois Centros de Língua na América Central. O Instituto Camões promove o português pelo mundo há 29 anos.