O Português é uma língua de solidariedade com “múltiplos sotaques”

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente de Portugal enalteceu neste dia 05 a língua portuguesa considerando que é propícia à expressão da solidariedade e que é uma língua de acolhimento, com “múltiplos sotaques e variantes, todos de igual valor”.

Esta mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, gravada e transmitida numa sessão comemorativa do Dia Mundial da Língua Portuguesa promovida pelo Instituto Camões e divulgada nas redes sociais da entidade.

“Por que motivo sentimos um orgulho e um gosto tão especial quando falamos ou quando escrevemos sobre língua portuguesa? Os motivos são muitos e variados. Partilhamos a nossa língua com mais de 260 milhões de falantes, cidadãos dos vários países em que o português é língua oficial e é língua materna, usada todos os dias para escrever, falar, trabalhar, expressar dúvidas, emoções e anseios”, começa por afirmar o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa realça a importância do português como “forte elo de ligação entre povos e entre países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por ser uma língua global, uma língua de vários continentes, com múltiplos sotaques e variantes, todos de igual valor”.

“O português é uma língua propícia à expressão da solidariedade, da amizade, do amor, desde sempre, da troca de ideias, do debate. É uma língua de acolhimento, em que damos as boas-vindas a quem nos visita ou procura o nosso país para viver ou trabalhar. Uma língua de tempos bons e tempos maus”, defende.

No plano literário, descreve o português como “uma língua rica e generosa, que ao longo dos séculos se ofereceu aos criadores, poetas, romancistas, ensaístas, dramaturgos”.

O Presidente elogia a “riquíssima literatura em português” de que hoje se pode desfrutar, “obra de tantos e tantas autores”, e destaca as mulheres “autoras angolanas, brasileiras, cabo-verdianas, guineenses, goesas, macaenses, moçambicanas, são-tomenses, timorenses, portuguesas”.

“Partilhamos uma língua de descoberta, uma língua de futuro, presente em todas as atividades, da economia à política, da arte à ciência, uma língua de ensino e de aprendizagem, de convívio em família, entre amigos de todas as idades, em todas as circunstâncias”, acrescenta.

O chefe de Estado termina esta curta intervenção, gravada na varanda do Palácio de Belém, em Lisboa, referindo que estes são “tempos de pandemia” de covid-19 e nesse contexto despede-se com “palavras de confiança na ciência, palavras de ânimo e de coragem, acompanhadas por um fraterno e afetuoso abraço, em português”.

Mobilidade

O primeiro-ministro português, António Costa, destacou hoje a importância da assinatura, este ano, do tratado de mobilidade entre os cidadãos dos países de língua portuguesa, que constituem o modo de assinalar os 25 anos da CPLP.

Em 2021, a CPLP assinala os 25 anos da sua fundação e hoje, nas celebrações oficiais do Dia Mundial da Língua Portuguesa, Costa disse esperar em breve a “aprovação do tão ambicionado tratado da mobilidade entre os cidadãos” da organização.

A CPLP é hoje “uma comunidade que se une pela língua”, não é uma “comunidade que pode estar separada pelas fronteiras que existem”, afirmou. Em julho, a CPLP organiza uma cimeira de chefes de Estado e de Governo em Luanda, ocasião em que deverá ser assinado o acordo.

A língua portuguesa “é de todos e de cada um de nós”, transformando-se em cada uma das geografias onde existe um país que fala o português, considerou Costa.

O governante português salientou a “relevância global do português, que oferece um contributo essencial para a afirmação dos países de língua portuguesa no contexto regional em que se inserem”.

Essa é, considerou, “uma das maiores vantagens competitivas do português: tirar partido das diferentes dinâmicas demográficas, sociais e geopolíticas onde está presente”.

“Hoje já somos 260 milhões de falantes que representam quase 5 por cento do PIB global”, recordou o primeiro-ministro português.

Homenageando o escritor angolano Pepetela, a quem na cerimônia foi entregue o prêmio dstangola/Camões pelo romance “Sua Excelência, de Corpo Presente”, António Costa estendeu o elogio a “todos os escritores” que “dão um contributo decisivo para o enriquecimento e renovação da língua portuguesa”.

“Só não se renovam as línguas mortas” e “o português é uma língua viva que se diversifica”, afirmou, reafirmando o empenho em elevar o idioma a “língua oficial da ONU”, um “desígnio comum dos Estados que compõem a CPLP”.

O português é uma língua que “garante a continuidade do conhecimento da cultura e da literatura entre gerações”, afirmou António Costa, acrescentando: “A língua une e nunca separa”.

Todas as Cores

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, destacou o português como uma “língua arco-íris onde todas as cores cabem”, defendendo o reforço preservação do idioma com projetos concretos.

O ministro salientou a importância do português como língua que une vários países, num patrimônio cultural e econômico partilhado, e que deve ser protegida e valorizada na área da literatura, estudo linguístico, ensino e promoção das artes.

“O Dia Mundial da Língua portuguesa é um dia de celebração da nossa língua”, mas também um momento de “consciencialização sobre o valor” do idioma, “pertença de um patrimônio comum”, afirmou Santos Silva.

Hoje, o português é hoje uma “língua pluricêntrica” que é “de todos e que pertence a todos sem nenhuma hierarquia nem nenhuma hierarquia nem nenhuma precedência” e que é “hoje bem da humanidade”.

No seu discurso, o governante destacou vários projetos ligados à preservação da língua, entre os quais o programa de financiamento à tradução de obras de língua portuguesa para língua estrangeira que, no ano passado – primeira edição -, “apoiou 152 projetos editoriais de 110 editoras em 44 países”.

Na sessão de hoje, é também apresentado o primeiro dicionário do português de Moçambique, dirigido por Inês Machungo, da universidade Eduardo Mondlane, um projeto “a todos os títulos emblemático”, porque é a primeira obra do gênero fora de Portugal e do Brasil.

Trata-se do “primeiro dicionário atento às variedades africanas da língua portuguesa”, afirmou.

O Dia Mundial da Língua Portuguesa, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2019, assinala-se hoje e as celebrações decorrem em 44 países, com mais de 150 atividades, em formato misto, presencial e virtual, devido à pandemia de covid-19.

O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, estimando-se que, em 2050, esse número cresça para quase 400 milhões e, em 2100, para mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.

Globalmente, 3,7% da população mundial fala português, que é língua oficial dos nove países membros da Comunidade dos Países (CPLP) e em Macau.

Em conjunto, as economias lusófonas valem cerca de 1,54 bilhões de Euros, o que faria deste grupo a décima maior economia do mundo, se se tratasse de um país, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os países de língua portuguesa representam 3,6% da riqueza mundial. O português é também língua oficial ou de trabalho de cerca de 20 organizações internacionais.

Em 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) proclamou o dia 05 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, decisão que na altura Marcelo Rebelo de Sousa saudou, declarando que significava “o reconhecimento de uma grande língua no mundo, uma das maiores línguas do mundo”.

Iniciativas no Brasil também marcam a data, confira a programação do Fórum das Letras para a Semana da Língua Portuguesa, e a programação especial e online do Museu da Língua Portuguesa em SP.

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