Da Redação com Lusa
A média de infecções voltou a aumentar de 22.805 para 29.101 casos diários em Portugal e todas as regiões registram um índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus superior ao limiar de 1, indicou nesta quarta-feira o INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Segundo a ministra da Presidência, os dados sobre a evolução da covid-19 em Portugal indicam que o “pico” da nova vaga de infecções já terá passado, assistindo-se a quedas da incidência em várias regiões.
Esta posição foi transmitida por Mariana Vieira da Silva em conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, depois de questionada sobre a recente evolução da pandemia em Portugal.
Mariana Vieira da Silva referiu que, na quarta-feira, como habitualmente antes dos conselhos de ministros, juntamente com a ministra da Saúde [Marta Temido], reuniu-se com o conjunto de peritos que têm apoiado o Governo nas suas decisões.
“Neste momento, de acordo com a análise aos números, o pico já terá passado, com algumas regiões já com quedas visíveis, assim como no que respeita [à incidência] em grupos etários. Por essa razão, o Conselho de Ministros decidiu manter as medidas em vigor”, respondeu a ministra da Presidência.
Mas Mariana Vieira da Silva deixou uma advertência: “Quero destacar que o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, por exemplo, não significa que a máscara não deva ser utilizada em situações de maior risco”.
O Conselho de Ministros aprovou o prolongamento até 30 de junho da situação de alerta devido à situação epidemiológica da covid-19, anunciou hoje a ministra.
“Foi também aprovada a resolução que prorroga a declaração de situação de alerta em todo o território nacional continental, no âmbito da pandemia da doença covid-19, até às 23:59 do dia 30 de junho, mantendo-se inalteradas todas as medidas que atualmente se encontram em vigor”, afirmou a governante em conferência de imprensa realizada no final da reunião do Conselho de Ministros.
Dados
Segundo o relatório semanal do INSA, o Rt a nível nacional baixou de 1,23 para 1,13, mas todas as regiões apresentam a média deste indicador a cinco dias superior a 1, o que “indica uma tendência crescente” de infecções.
O Norte está com um Rt de 1,12, o Centro com 1,06, Lisboa e Vale do Tejo com 1,20, o Alentejo com 1,09, o Algarve com 1,12, os Açores com 1,21 e a Madeira com 1,18, refere o relatório.
O valor do Rt – que estima o número de casos secundários de infecção resultantes de cada pessoa portadora do vírus – é superior a 1 desde 26 de abril.
Os dados hoje divulgados avançam ainda que o número médio de casos diários de infeção a cinco dias passou dos 22.805 para os 29.101 em Portugal, sendo ligeiramente mais baixo no continente (27.851).
De acordo com o documento, todas as regiões apresentam também uma taxa de incidência superior a 960 casos por 100 mil habitantes em 14 dias, sendo a mais elevada nos Açores (4.196,1), seguindo-se o Norte (3.872,1) e o Centro (3.580,7).
A nível europeu, o INSA alerta que a taxa de notificação acumulada a 14 dias de 3.373 casos e com tendência crescente faz com que “apenas Portugal se encontra nesta situação”, uma vez que os outros 24 países analisados apresentam uma tendência decrescente no número de novos contágios, registando um Rt inferior a 1.
Imunidade
Trinta e seis hospitais públicos e 16 laboratórios privados participam na quarta fase do inquérito serológico nacional, que vai permitir avaliar a imunidade da população após a vacinação contra a covid-19, segundo o INSA.
O trabalho de campo desta nova fase do estudo já arrancou e os primeiros resultados devem ser conhecidos até final de junho, avançou o INSA em comunicado.
Segundo o instituto, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde e os laboratórios privados envolvidos nesta quarta fase vão selecionar cerca de 4.000 amostras de soro, que serão colhidas em todo o território nacional e em pessoas de todos os grupos etários.
Desenvolvido pelos departamentos de epidemiologia e de doenças infecciosas do INSA, o inquérito serológico nacional tem como “objetivo conhecer a distribuição dos anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2 na população residente em Portugal, por grupos etários e regiões”, permitindo monitorizar a imunidade da população após a implementação do programa de vacinação contra a covid-19, explicou.
De acordo com os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, 92% dos residentes em Portugal têm a vacinação completa e 62% já receberam a dose de reforço da imunização contra o coronavírus SARS-CoV-2.
Este inquérito, que começou em maio de 2020, é desenvolvido pelo INSA em parceria com a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos, Associação Portuguesa de Analistas Clínicos e vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde de todas as regiões de saúde.
Os resultados da terceira fase, divulgados em dezembro de 2021, indicaram que a população com mais de um ano de idade tinha uma imunidade contra o SARS-CoV-2 de 86,4%, valores considerados consistentes com a cobertura vacinal na altura.
As regiões do Algarve e dos Açores foram aquelas em que se observou uma menor seroprevalência total (o nível de imunidade da população para a infeção), com 80,2% e 84,0%, respetivamente.
Os resultados indicaram também que os grupos etários abaixo dos 20 anos foram os apresentavam seroprevalências totais mais baixas (17,9% entre 1-9 anos e 76,8% entre os 10-19 anos).
O nível de anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2 foram mais elevados nas pessoas com três doses de vacina e nas que foram vacinadas e tiveram infeção, tendo sido os valores mais baixos estimados para o grupo de pessoas com uma única dose.