Por Jean Carlos Vieira Santos
Registrar este texto sobre a música internacional é abrir o sentimento pelo fado e recordar, com as palavras mais certas, as experiências vividas durante o outono/inverno no Algarve, destino turístico internacional que também consideramos porta-voz dos poetas fadistas e nos traz as lembranças do primeiro contato com uma apresentação da música lusitana na cidade de Faro, dia que fui apresentado ao fado, durante jantar num restaurante localizado na Rua Infante Dom Henrique.
. A utilização do silêncio, no sentido de facultar ao intérprete um ambiente dramático me trouxe de uma forma singular sentimentos e emoções de estar naquele lugar. Nesse cenário foi possível ouvir a alma serena da guitarra portuguesa e sentir-se um turista cercado de magia e não somente um estrangeiro que estava a desenvolver um estágio de doutoramento na Universidade do Algarve. Assim, posso afirmar que há um admirador do fado antes e depois dessa viagem de estudo, antes e depois de um tempo em terras algarvias.
Ao ouvir o fado no sul de Portugal, foi possível compreender porque a voz de Amália Rodrigues é capaz de promover as belezas turísticas, cênicas e humanas do país, de aguçar o desejo em conhecer as terras lusitanas cantadas nos versos. Uma música que traz em si um itinerário pela poesia portuguesa, uma marca cultural e relevante componente turística que contribui para a promoção do país no estrangeiro. Evidentemente, falar das vozes fadistas é um modo de reconhecer a sua importância para a atividade turística contemporânea em diferentes destinos de Portugal.
Experienciar a vida e o fado entre o Atlântico e o Guadiana, entre a Ria e as Serras exigiu que eu percorresse outros destinos, livros e obras musicais, colocando-me em contato com diferentes cidades, pessoas, situações e emoções, que me fez sentir a riqueza sonora de um povo e seus infindáveis conhecimentos artísticos.
Depois das sensações vividas no Algarve, fui descobrindo aos poucos os outros lugares e paisagens do fado em Portugal, visitei Coimbra, momento que tive a oportunidade de assistir um concerto da artista Carminho às margens do Rio Mondego, onde a música parece ter uma comoção incontestável. E assim, nesse tempo viajante, entre partidas e chegadas, também caminhei pelas ruas de Alfama e conheci o Museu do Fado em Lisboa, ambiente sagrado desse gênero musical.
Por fim, não é, porém, inédito afirmar que hoje essa canção e sua poesia mora dentro de mim, assim como o Algarve e todo o Portugal.
Por Jean Carlos Vieira Santos
Professor e Pesquisador da Universidade Estadual de Goiás (UEG/TECCER-PPGEO). Pós-doutoramento em Turismo pela Universidade do Algarve/Portugal e Doutoramento em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (IGUFU/MG).