Núncio apostólico elogia política de asilo portuguesa, Presidente apoia causas do Papa

JOAO RELVAS/POOL/LUSA

Da Redação com Lusa

O núncio apostólico em Portugal, Ivo Scapolo, elogiou neste dia 18 a política de asilo e imigração portuguesa, enquanto o Presidente da República apoiou as causas do papa Francisco pelos “mais pobres, doentes, vulneráveis, refugiados, migrantes e excluídos”.

Estas posições foram manifestadas numa cerimônia de apresentação de cumprimentos de ano novo pelo corpo diplomático acreditado em Portugal ao chefe de Estado, no Palácio Nacional de Queluz, em que Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao multilateralismo e realçou a candidatura de Portugal a um lugar como membro não-permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2027-2028.

O embaixador da Santa Sé em Portugal, que discursou primeiro, agradeceu às autoridades portuguesas “pela frequente e detalhada informação” transmitida acerca das medidas de combate à covid-19 ao longo dos últimos dois anos e por terem assegurado aos diplomatas estrangeiros “a possibilidade de ser vacinados e de receber depois o certificado de vacinação”.

“Quero também evidenciar neste momento as decisões já conhecidas e aplaudidas a nível internacional que as autoridades portuguesas tomaram para garantir aos migrantes e aos requerentes de asilo os direitos de residência temporária”, acrescentou o núncio apostólico, decano do corpo diplomático.

Ivo Scapolo manifestou ainda apreço pelas “iniciativas destinadas a assegurar significativo número de vacinas também a países que não fazem parte da União Europeia, especialmente os países de língua portuguesa”.

Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa evocou “o exemplo inspirador de sua santidade o papa Francisco, no seu combate pela dignidade das pessoas, a sua vida, liberdade e igualdade, e contra os escândalos da miséria, da fome, da guerra, da opressão, do racismo e mais xenofobias, das discriminações, da intolerância no pensamento ou na crença religiosa ou outra, da pedofilia, da violência doméstica, das novas formas de escravatura, da corrupção, do abuso dos mais pobres, doentes, vulneráveis, refugiados, migrantes e excluídos”.

“Saúdo o movimento entre nós já iniciado para as Jornadas Mundiais de Juventude em 2023, que todos desejamos tragam até nós no papa Francisco uma mensagem de esperança, numa humanidade cansada de anos longos e largamente estéreis de pandemia”, referiu.

Cerimônia de apresentação de cumprimentos de ano novo pelo corpo diplomático acreditado em Portugal. Foto Miguel Figueiredo Lopes/PR

O chefe de Estado defendeu que é preciso ação conjunta para resolver “problemas de todos” como “alterações climáticas, oceanos, espaço, carências crescentes de bens básicos, pandemias, reflexos e aprofundamento de miséria, fome, guerra, migrações, refugiados, terrorismos, acelerada circulação de fenômenos financeiros e econômicos e sua sofisticação nesta era digital”.

“Nem mesmo o mais poderoso dos poderosos tem condições para agir sozinho ou apenas com uma mão cheia de amigos e aliados. Para problemas globais, processos de soluções globais, ou seja, multilateralismo”, sustentou.

Sem mencionar qualquer acontecimento em concreto, o chefe de Estado alertou que “não há na vida internacional, como na vida interna dos Estados, nem gestos sem consequências, nem situações conjunturais – favoráveis ou desfavoráveis – que sempre durem”.

“Tudo muda mais do que se pensa, não há sistemas eternos, nem poderes eternos, nem planetas eternos”, observou.

Sobre a política externa e de defesa portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “é a mesma década após década, Presidente após Presidente, maioria após maioria, Governo após Governo”.

“Somos fiéis nas nossas convicções, fiéis nas nossas fraternidades, fiéis nas nossas amizades, fiéis nas nossas alianças, fiéis nas nossas parcerias, fiéis nos nossos diálogos, pontes e entendimentos – não confundimos, porém, planos, e temos hierarquias de fidelidades”, prosseguiu.

O chefe de Estado descreveu Portugal como um país de “construtores de pontes”, com “o poder da experiência, o poder da diplomacia e o poder do ecumenismo das pessoas”, que trabalha “a pensar nos outros”.

“É precisamente esse o espírito altruísta que nos anima na candidatura ao Conselho de Segurança para o biénio de 2027-2028. Tal como na organização da conferência dos oceanos das Nações Unidas deste ano, tal como nas missões das Nações Unidas, da NATO ou da União Europeia, tal como na defesa da reforma e vivificação das organizações internacionais”, disse.

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