Dos 127 mil hectares queimados na União Europeia, 70% estão em Portugal, o que representaria uma perde de 210 milhões de euros.
Mundo Lusíada Com Lusa
Paulo Novais/Lusa Portugal
>> HOMEM x NATUREZA – Número de incêndios em 2010 equivale à soma dos últimos três anos.
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A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) em Portugal registrou desde o início do ano 14.601 ocorrências de incêndios florestais, valor aproximado à soma dos últimos três anos, das quais mais de metade desde 23 de julho. Em conferência de imprensa, o comandante operacional nacional, Gil Martins, revelou ainda que desde 15 de maio registraram-se 13.145 ocorrências. "Há um pico a partir de 23 de julho que nunca mais parou. Estamos com uma média de incêndios florestais de cerca de 400 novas ocorrências por dia. O valor acumulado de ocorrências de 2010 é já muito aproximado à soma de 2007, 2008 e 2009", afirmou. Desde o início do verão no país já se foram 127 mil hectares na União Europeia. Destes hectares, 70% dos locais afetados estão em Portugal, onde rondam 100 mil de hectares queimados, apesar de ainda ter sido mapeado apenas 70 mil. Esta área representaria uma perde de 210 milhões de euros. O Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS), do Centro de Investigação Conjunto do Conselho Europeu, divulgou em 03 de agosto que na última semana de Julho ocorreram vários incêndios com áreas superiores a 200 hectares. Entre os dias 23 e 27 de julho queimaram 645 hectares na localidade de Friumes, na zona do baixo Mondego, 447 hectares no lugar da Várzea da Ovelha e Aliviada, na região do Tâmega, 819 hectares em Arga de São João, junto a Ponte de Lima, e 732 hectares em Sobradelo da Goma, Ave. Exército em apoio aos bombeiros O Chefe de Estado-Maior do Exército disse em Mafra à agência Lusa que o Exército está disponível para aumentar os meios destacados para apoiar os bombeiros nos incêndios que estão a ser combatidos no país. “O Exército tem 700 militares no terreno, mas pode aumentar essa participação se for necessário e útil”, disse o Chefe de Estado-Maior. José Luís Pinto Ramalho adiantou que os meios foram reforçados com o envio de um pelotão de 30 militares para a Madeira e outro para Faro. Este dispositivo foi solicitado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil no âmbito do Plano Lira do Exército. “Fornecemos capacidade humana aos bombeiros sob orientação da Proteção civil e os militares atuam em ações de rescaldo, de vigilância e apoio aos bombeiros”, explicou. O Exército está a apoiar também ações de vigilância e rescaldo na Guarda, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima, Ponta da Barca e Vale de Cambra (Aveiro). Ainda em 16 de agosto, o Instituto de Meteorologia (IM) colocou vários concelhos de 12 distritos de Portugal Continental sob aviso de risco máximo de incêndio, com as regiões do norte e centro a serem as mais afetadas. O aviso foi ativado para os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Portalegre e Faro. O risco de incêndio determinado pelo IM engloba cinco níveis, que variam entre o "reduzido" e o "máximo”, e o seu cálculo é feito com base nos valores observados às 13:00, na temperatura do ar, na umidade relativa, na velocidade do vento e na quantidade de precipitação ocorrida nas últimas 24 horas. O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais irá manter a “Fase Charlie”, considerada a de maior risco de incêndios, entre 01 de julho e 31 de setembro. Negligência ronda 40% dos incêndios A maior parte dos fogos têm origem em negligência e cerca de um quarto devem-se a ação criminosa, revelou à Lusa o diretor do grupo da GNR que investiga a origem dos incêndios. Ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR (SEPNA) cabe desenvolver atividades no âmbito da proteção da natureza e do ambiente, desde a floresta, aos resíduos ao patrimônio histórico. “No apuramento das causas [dos incêndios] temos uma grande fatia que cai na parte da negligência, que ronda os 43% [das ocorrências] no presente ano”, disse o tenente-coronel Guisante, diretor do SEPNA. “Temos outra fatia que cai na parte do incendiarismo puro e duro, aqueles que nós consideramos como uma intervenção dolosa, depois temos também uma fatia que são aqueles que não podemos relacionar diretamente com uma causa muito específica, que rondam normalmente os 30% e temos outra mais pequena, que ronda os 2%”, acrescentou. Em caso de incêndio, os técnicos deste grupo da GNR deslocam-se o mais rapidamente possível ao local para fazer o levantamento da ocorrência. Em caso de indícios de crime, é à Polícia Judiciária que cabe prosseguir com a investigação criminal.
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