Da Redação
Com Lusa
O PSD voltou a ganhar eleições legislativas da Madeira no domingo, 29 de março, as primeiras sem Alberto João Jardim, mas com o pior resultado de sempre, conquistando apenas o número de deputados de que necessitava para ter maioria absoluta. A eleição ficou ainda marcada por um novo recorde de abstenção, mais de metade (50,28%) dos madeirenses.
Com 24 deputados eleitos, o PSD/Madeira foi a escolha de 44,33% dos eleitores madeirenses, ficando abaixo dos resultados obtidos nas últimas eleições legislativas da Madeira, em outubro de 2011. Nessa altura com Alberto João Jardim, os sociais-democratas elegeram 25 deputados, arrecadando 48,56% dos votos.
No domingo, o novo presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, prometeu um “novo rumo” para a Madeira e garantiu que seguirá um “diálogo permanente” com todos os partidos, alertando mesmo para a necessidade de os partidos tradicionais se revitalizarem.
Numas eleições em que concorreram 11 forças políticas, das quais oito partidos, a maior derrota foi protagonizada pela coligação que integrou o Partido Socialista e outros três (Partido Trabalhista Português, Partido dos Animais e Partido da Terra). A coligação, denominada Mudança, elegeu apenas seis deputados, menos cinco do que os quatro partidos tinham conseguido individualmente nas últimas eleições regionais, em 2011.
A derrota foi, aliás, assumida tanto pelo PS nacional como pelo regional, tendo Victor Freitas – líder regional dos socialistas e cabeça de lista da coligação Mudança – apresentado a sua demissão na sequência dos resultados eleitorais.
O CDS-PP manteve-se como o principal partido da oposição mas perdeu dois assentos na Assembleia Regional, passando a ter sete deputados. Apesar de a percentagem de votações ter caído de 17,63% em 2011 para 13,69% hoje, o líder nacional do CDS, Paulo Portas, elogiou um “resultado especialmente consistente, resistente e sustentado” e sublinhou a consolidação do segundo lugar entre os partidos mais votados.
A grande surpresa da noite eleitoral foi promovida por uma força política nova, o Juntos pelo Povo (JPP), que, apesar de se estrear nas eleições legislativas da Madeira, se tornou a quarta força política da Região, conquistando 10,34% dos eleitores e elegendo cinco deputados.
Criado como movimento de cidadãos, concorreu às últimas eleições autárquicas, as quais venceu com maioria absoluta em todas as freguesias do concelho de Santa Cruz. Em janeiro, constituiu-se como partido, condição imprescindível para poder concorrer às eleições regionais.
Outros dois partidos mostraram ter conquistado mais eleitores: o PCP e o Bloco de Esquerda. No primeiro caso, o PCP e o Partido Os Verdes (coligados como CDU), o número de deputados eleitos duplicou, passando de um para dois, com uma votação de 5,54%. Um resultado considerado importante pelo líder do PCP nacional, Jerónimo de Sousa, que considerou ter atingido o objetivo traçado, que era constituir um grupo parlamentar.
No caso do Bloco de Esquerda, a votação conseguida – 3,80% do total – permitiu ao partido voltar a ter representação no parlamento da Madeira, perdida em 2011 com uma votação de 1,7%.
O PND manteve um deputado mas a votação caiu 1,22 pontos percentuais, ficando hoje nos 2,05%. Sem conseguir eleger representantes parlamentares ficaram quatro forças políticas – PCTP-MRPP, o Movimento Alternativa Socialista, o Parido Nacional Renovador e o PPM-PDA (Plataforma dos Cidadãos) -, tidos com menos de 2% dos votos.
A eleição ficou ainda marcada por um novo recorde de abstenção, já que mais de metade (50,28%) dos eleitores madeirenses optou por não votar, o que significa que apenas foram às urnas menos de 128 mil pessoas. A abstenção nas legislativas da Madeira tem vindo a aumentar de eleição para eleição, tendo chegado aos 42,61% em 2011.
Ainda assim, a análise deste fenômeno terá de contar com um outro fator, para o qual o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, alertou: existem cerca de 40 mil votantes fantasma nos cadernos eleitorais.
As eleições foram convocadas na sequência do pedido de exoneração do social-democrata Alberto João Jardim, que sai do poder após quase 40 anos de maiorias absolutas.