Novo presidente do Benfica: Sei da responsabilidade que assumo – Rui Costa

Rui Costa, na presidência da Administração da SAD do Benfica durante uma declaração à comunicação social, no Estádio da Luz, em Lisboa, 09 de Julho. Miguel Lopes/Lusa

Da Redação com Lusa

Depois de jogador e dirigente, Rui Costa assumiu a presidência do Benfica, na sequencia da detenção do ex-presidente Luís Filipe Vieira e suspensão do mandato, e disse que está ciente da “responsabilidade assumida” e do que os benfiquistas esperam de si.

“Assumo esta liderança com o mesmo orgulho, a mesma paixão e compromisso com que vesti a camisola do nosso Benfica. Decidi fazer a minha apresentação, enquanto presidente, no meio do relvado, onde com a nossa camisola vivi os momentos mais felizes da minha vida. Sei da responsabilidade que hoje assumo e o que os benfiquistas esperam de mim, de quem está nesta posição. Tudo farei e tudo darei de mim para que o clube seja cada vez maior”, explicou Rui Costa, durante uma declaração sem direito a perguntas da comunicação social, no relvado do Estádio da Luz, em Lisboa.

O antigo futebolista dos ‘encarnados’ indicou, depois, que a “prioridade” passa pela preparação das épocas desportivas do futebol e das modalidades, alertando que os “tempos são desafiantes e não de visões”.

“Os tempos são desafiantes, mas não são tempos de visões. São tempos de nos unirmos em prol do que é mais importante, o Sport Lisboa e Benfica. A nossa prioridade, hoje, é a preparação das épocas desportivas, quer do futebol quer das modalidades. E temos de o fazer com a maior das ambições. Este será sempre o meu foco e o meu lema: ganhar”, prosseguiu.

A terminar, Rui Costa transmitiu uma mensagem de “confiança” aos colaboradores e parceiros, mas foi aos sócios que endereçou as palavras mais fortes: “Saberei ouvir as mensagens dos benfiquistas, pondo sempre os interesses do clube à frente de qualquer coisa que apareça. Serei sempre um de vocês. Quero um Benfica forte, unido e trabalharei diariamente para que isso aconteça”.

Luís Filipe Vieira, de 72 anos, é uma das quatro pessoas detidas, sob suspeita de estar envolvido em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

O empresário comunicou hoje a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica, “com efeitos imediatos”, por intermédio do seu advogado, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde aguardava para ser presente a primeiro interrogatório judicial, no âmbito da operação ‘cartão vermelho’.

Em causa estão “fatos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

O advogado do ex-presidente do Benfica declarou à imprensa esperar que o interrogatório a Luís Filipe Vieira, que vai decorrer no sábado, seja longo e que as medidas de coação sejam conhecidas no mesmo dia.

“Vai prestar declarações. Não há nenhuma razão para que não responda, a não ser que seja alguma coisa de inconveniente lhe seja perguntada. Agora, à matéria da indiciação vai responder a todas as questões”, disse o advogado Magalhães e Silva.

Novo presidente

Aos 49 anos, Rui Costa assumiu a presidência do Benfica, clube que representou como futebolista, por cinco épocas, e no qual assumiu funções de dirigente desde 2008, depois de o presidente, Luís Filipe Vieira, comunicar a suspensão de funções.

Rui Costa vai assim liderar o emblema no qual cumpriu toda a formação de jogador, entre 1981 e 1990, e no qual se começou a evidenciar como sénior, entre 1991 e 1993, depois de um empréstimo ao então primodivisionário Fafe, na época 1990/91.

O ano de 1991 ficou gravado na sua carreira, já que coube ao então médio ofensivo de 19 anos marcar o penálti que deu a Portugal o segundo título mundial de sub-20, na final contra o Brasil (vitória por 4-2 no desempate por penáltis, após 0-0 nos 120 minutos), disputada perante 120 mil espetadores no antigo Estádio da Luz, a 30 de junho.

Após três temporadas em que venceu uma Taça de Portugal (1992/93) e um campeonato (1993/94) pelo Benfica, Rui Costa transferiu-se para a Fiorentina por cerca de três milhões de dólares – 2,5 milhões de euros sem contar com a inflação.

Juntamente com atletas como o guarda-redes Francesco Toldo e o avançado Gabriel Batistuta, o médio tornou-se uma referência do clube ‘viola’, tendo realizado 277 jogos oficiais e vencido duas Taças de Itália (1995/96 e 2000/01) e uma Supertaça (1996), em sete épocas.

Conhecido como ‘maestro’, Rui Costa jogou depois cinco temporadas pelo AC Milan, tendo-se sagrado vencedor da Taça de Itália e da Liga dos Campeões (2002/03), antes de vencer o campeonato (2003/04) e a Supertaça (2004).

O jogador regressou ao clube onde ‘nasceu’ para o futebol em 2006, tendo realizado 67 jogos pelos ‘encarnados’ nas duas últimas temporadas da carreira, marcadas por algumas lesões.

A par do trajeto realizado na I Liga portuguesa e na ‘série A’ italana, Rui Costa marcou 26 golos em 94 jogos pela seleção portuguesa, tendo disputado a final do Euro2004, que a equipa então treinada por Luiz Felipe Scolari perdeu para a Grécia (1-0), no Estádio da Luz.

Mal terminou a carreira de futebolista, em maio de 2008, Rui Costa tornou-se diretor desportivo do clube e mais tarde assumiu as funções de administrador da SAD liderada por Luís Filipe Vieira, tendo-se mantido nesse cargo até agora.

Após as últimas eleições do clube, realizadas em 29 de outubro de 2020, que Luís Filipe Vieira venceu com 62,6% dos votos, contra os 34,7% do segundo candidato mais votado, João Noronha Lopes, o ex-jogador foi pela primeira vez eleito para os órgãos sociais e tornou-se vice-presidente das ‘águias’.

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