Ao iniciar o ano de 2013, logo após a população ter protagonizado nova eleição para executivo e legislativo municipais, o Ibope entregou ao prefeito recém empossado uma pesquisa de opinião pública revelando que a insatisfação com a cidade nunca foi tão grande e evidente como agora. Os dados coletados apontam, considerando uma escala de 1 a 10, que a nota média atribuída à qualidade de vida na cidade é de 4,7. Menor que em 2012. E este resultado levou em conta discussões sobre 169 itens levantados dentro de áreas como saúde, educação, transporte, segurança pública e meio ambiente.
Conforme a opinião de mais de 1500 moradores da metrópole, 56% afirmaram que, se fosse possível, deixariam a Pauliceia. 90% dos entrevistados entendem que a violência é o mais crítico ponto entre todos. Assaltos, roubos, tráfico de drogas e temor por sair a noite povoam de forma tormentosa as mentes dos moradores. Mas, outros elementos também aborrecem bastante o quotidiano dos paulistanos: congestionamentos, ruas esburacadas e sujas, demoras para atendimentos públicos, alto custo de vida, muito concreto e pouco verde são exemplos. Sem contar os rios transformados em esgotos a céu aberto. Na verdade, a cidade cresceu demais ao longo do século XX e de forma desorganizada, revelando a incompetência do poder público ou atendimento de interesses parciais e especulativos. Nessa toada, de um local prazeroso, rumou-se a uma intensa fonte de estresse de boa parte de seus 11 milhões de habitantes.
Em meio a esse caos urbano, iniciam-se os encontros para a realização de uma nova edição do Plano Diretor e também de um Plano de 100 Metas, que o prefeito deseja atingir até 2016. O Plano Diretor deverá ser entregue para analise dos vereadores no início do próximo semestre. O Plano de Metas prevê R$ 23 bilhões de investimento no período. Mas, é extremamente importante frisar a necessária participação da sociedade nos debates para que haja mesmo uma perspectiva democrática nas soluções. Caso contrário, permanecerão as imposições de cima para baixo, que não são saudáveis, como mostra a história.
Não custa lembrar as acintosas desigualdades produzidas ao longo do tempo na urbe mais rica do país, com 12% de participação no PIB. Dos seus 96 distritos, quase 50% não têm biblioteca, parque e hospital; empregos são concentrados em regiões mais abastadas e a periferia está abandonada, cheia de carências nos serviços públicos. A desordem gera imenso desperdício de recursos.
É preciso pensar uma descentralização administrativa que construa ambientes propícios para o progresso das diversas regiões, facilitando a vida do morador local, evitando longos deslocamentos diários. Por isso, é fundamental boa vontade da iniciativa privada e do setor público, envolvidos pelas representações populares, num trabalho conjunto e harmonioso. Nos novos rumos, o grande desafio a ser alcançado é, sem dúvida, suscitar maior equilíbrio qualitativo aos incontáveis bairros destas terras de Piratininga.
Prof. José de Almeida Amaral Júnior
Professor universitário em Ciências Sociais; Economista, pós-graduado em Sociologia e mestre em Políticas de Educação; Colunista do Jornal Mundo Lusíada On Line, do Jornal Cantareira e da Rádio 9 de Julho AM 1600 Khz de São Paulo.