Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português alertou neste 30 de outubro que o país se tornará “ingovernável” sem estabilidade política e notou que a esmagadora maioria dos portugueses manifestou nas últimas eleições o apoio à opção europeia “com todas as implicações que daí decorrem”.
“Sem estabilidade política, Portugal tornar-se-á um país ingovernável. E, como é evidente, ninguém confia num país ingovernável”, referiu o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no discurso da tomada de posse do novo executivo de coligação PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho.
Numa intervenção onde repetiu o essencial da comunicação ao país que proferiu no dia em que indigitou Passos Coelho como primeiro-ministro, Cavaco Silva voltou a insistir na ideia que os portugueses estão conscientes que “nada está garantido” apesar dos sacrifícios feitos e, por isso, “manifestaram-se de forma clara e inequívoca no recente ato eleitoral, apoiando por esmagadora maioria a opção europeia com todas as implicações que daí decorrem”.
Fazendo questão de lembrar que se Portugal não tivesse aderido ao euro e não pertencesse à União Europeia não poderia ter contado com a solidariedade das instituições que emprestaram 78 mil milhões de euros em 2011 para “evitar o colapso” da economia, Cavaco Silva insistiu que os agentes políticos não podem “deixar dúvidas quanto à adesão de Portugal às opções fundamentais constantes do Tratado de Lisboa, do Tratado Orçamental e do Mecanismo Europeu de Estabilidade, aprovados por maioria esmagadora dos deputados à Assembleia da República.
“Reitero o que afirmei precisamente nesse ano de 2009, aquando da tomada de posse do XVIII Governo Constitucional: ‘O Governo que hoje toma posse tem plena legitimidade constitucional para governar. Conquistou essa legitimidade nas urnas'”, afirmou o chefe de Estado.
Já o primeiro-ministro prometeu que o novo Governo PSD/CDS-PP terá um “sentido de compromisso e da negociação renovado e fortalecido”, atendendo à conjuntura parlamentar, e apelou à cooperação de todas as forças políticas, econômicas, cívicas e sociais.
Passos Coelho dedicou o início do seu discurso à governação dos últimos quatro anos, considerando que o anterior executivo PSD/CDS-PP tinha como missão “salvar o país de um desastre econômico e social de proporções inimagináveis”, e “não falhou”, e que soube praticar “o diálogo e o compromisso”, mesmo em tempos difíceis.
“Esse sentido do compromisso e da negociação será agora renovado e fortalecido, e o meu apelo ao espírito de cooperação e de construção de entendimentos estende-se a todas as forças políticas, sociais, econômicas e cívicas. A conjuntura parlamentar, em que a maioria que suporta o governo é relativa, e não absoluta, apenas reforça essa necessidade. Mas ela é ditada, no princípio e no fim, pelos desafios que o país tem pela frente”, acrescentou.
Passos Coelho afirmou que “ninguém deve arriscar o bem-estar dos portugueses em nome de uma agenda ideológica ou de ambições políticas pessoais ou partidárias”. “Esta é uma condição absolutamente indispensável para assegurar o nosso futuro comum com estabilidade e previsibilidade, com mais emprego e mais justiça social. Não há ilusão política que possa disfarçar este imperativo, e ninguém deve arriscar o bem-estar dos portugueses em nome de uma agenda ideológica ou de ambições políticas pessoais ou partidárias”, declarou.