Da Redação com Lusa
A primeira manhã de funcionamento do centro de atendimento em Lisboa da Estrutura de Missão da Agência para a Integração, Migrações e Asilo decorreu com aparente normalidade, apesar de algumas pessoas não terem sido atendidas por falta de marcação.
Frances Espinho, cidadão brasileiro de 36 anos, a viver em Portugal há mais de dois anos, era o rosto da frustração e da incompreensão perante a informação de que não poderia entrar e de que não seria atendido, apesar de ter sido o primeiro a chegar à porta das instalações, no Centro Hindu, em Telheiras.
É onde funciona, a partir deste dia 09, o primeiro centro de atendimento para imigrantes da Estrutura de Missão da Agência para a Integração, Migrações e Asilo, com uma centena de funcionários, para começar a analisar os mais de 400 mil processos pendentes de regularização no país.
O centro abriu às 08:00, mas, em declarações à Lusa, Frances Espinho contou que levou um banco e sentou-se à porta logo às 00:30, “na esperança de ser atendido”, depois de ter visto “nos noticiários que ia haver uma megaoperação para tratar os casos dos imigrantes”.
No entanto, quando o atendimento começou, Frances ficou a saber que só seriam chamadas as pessoas com agendamento marcado, informação que disse desconhecer.
“Deparei-me aqui com essa informação e estou um pouco frustrado”, admitiu.
Contou também à Lusa que nas primeiras três horas de espera esteve sozinho à porta do centro, mas que a partir mais ou menos das 03:30 “começaram a chegar outros colegas e lá para as 05:00 intensificou com um grupo maior de pessoas”.
Segundo Frances, essas pessoas também não tinham agendamento e terão ido embora quando foram informadas de que o atendimento requeria agendamento prévio.
Posteriormente, este cidadão brasileiro acabou por ser recebido por um funcionário da AIMA que, à porta do centro de atendimento, veio explicar-lhe que ali só atendiam pessoas com agendamento e que para outras informações teria de dirigir-se ao centro da AIMA nos Anjos, apesar de ter deixado a garantia de que o processo de Frances estava no sistema e que há de ser chamado.
A Lusa tentou falar com algum responsável da AIMA, no local, sobre a necessidade de marcação prévia para o atendimento, mas tal não foi possível.
Amon Silva, 31 anos, por outro lado, é um caso de alguém que compareceu hoje de manhã no centro de atendimento depois de ter recebido um email, por parte dos serviços da AIMA, no final do mês de agosto.
“Recebi um email, cancelando o último agendamento, para vir aqui, para estar aqui hoje”, contou à Lusa.
Amon Silva adiantou que esperava por este agendamento há quase dois anos, mas agora tem esperança em conseguir regularizar a situação em Portugal, para onde veio em janeiro de 2022.
“É uma espera que vale a pena, para estar legal no país”, disse.
A abertura do centro de atendimento de Telheiras concretiza a intenção manifestada em 22 de agosto pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, de ter “em funcionamento no mês de setembro” os primeiros centros para atender imigrantes.
Além do apoio linguístico, os novos centros terão estruturas do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), da Segurança Social e também associações migrantes.
A Estrutura de Missão inclui um reforço, por um ano, de 300 elementos para a AIMA e estará em funções até 02 de junho de 2025.