Da Redação
Com Lusa
O Novo Banco registrou prejuízos de 1.058,8 milhões de euros em 2019, uma diminuição face aos 1.412,6 milhões de euros verificados em 2018, divulgou a instituição liderada por António Ramalho.
De acordo com um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição que sucedeu ao Banco Espírito Santo (BES) teve uma perda de 1.236,4 milhões de euros na atividade de legado e um ganho de 177,6 milhões de euros em 2019.
Com as perdas de 2019, desde agosto de 2014, quando foi criado para ficar com parte da atividade bancária do BES, o Novo Banco já acumula prejuízos de 7.036,3 milhões de euros.
O Novo Banco atribui as perdas de 2019 ao “processo de reestruturação e desalavancagem dos ativos não produtivos, designadamente os projetos [de redução de crédito malparado] Sertorius, Albatros e Nata II, e o processo de venda da [seguradora] GNB Vida”.
Segundo a instituição que sucedeu ao BES, “o produto bancário comercial ascendeu a 864,1 milhões de euros (+12,5% em termos homólogos), influenciado pelo crescimento da margem financeira (19,0%) bem como nos serviços a clientes (+3,1%).
No total, a margem financeira (diferença entre juros pagos nos depósitos e recebidos no crédito) aumentou 86,3 milhões de euros, passando de 454,3 milhões de euros para os 540,6 milhões.
No entanto, os resultados de operações financeiras foram ainda afetados pelo legado do BES, tendo sido negativos em 196,8 milhões de euros, “reflexo das perdas” de 269 milhões de euros desse legado.
No total, os custos operativos do Novo Banco reduziram-se em 1,8% face a 2018, situando-se em 478,5 milhões de euros, “reflexo das melhorias concretizadas ao nível da simplificação dos processos e da otimização de estruturas”, incluindo em balcões e trabalhadores.
Relativamente a provisões, o banco liderado por António Ramalho contabilizou 935,4 milhões de euros em 2019, dos quais “627,5 milhões de euros para crédito e 308,1 milhões de euros para outros ativos e contingências, dos quais 47,3 milhões de euros respeitam a provisões para restruturação e 177,8 milhões de euros estão relacionados com os processos de venda de ativos não produtivos (NATA II, Sertorius e Albatros) e da GNB Vida”.
O valor de provisões de 2019 foi assim superior aos 710 milhões de euros registados em 2018 na mesma rubrica, das quais 263,5 tinham sido atribuídos ao provisionamento de crédito e 433,1 a outros ativos e contingências”.
Há também uma descida significativa ao nível de pagamento de impostos, já que em 2018 tinham sido de 667,7 milhões de euros e em 2019 esse valor ficou nos 45,8 milhões de euros.
Relativamente a comissões e taxas, o Novo Banco arrecadou 367,4 milhões de euros em 2019, um aumento face aos 366,1 milhões conseguidos em 2018.
O banco registrou também um aumento no crédito líquido aos clientes, de 1,8%, já que passou de 24.754 milhões de euros em 2018 para 25.202 milhões em 2019, um aumento nominal de 448 milhões de euros.
Em termos de crédito malparado, o Novo Banco apresentou um rácio de 11,8% em 2019, o que compara com o de 22,4% em 2018, tendo passado de 6,7 mil milhões de euros em 2018 para um total de 3,4 mil milhões no ano passado.
Os rácios de capital do Novo Banco em 2019 foram de 13,5% CET1 (‘Common Equity Tier 1) e Tier 1, um aumento face aos 12,8% registados em 2018, tendo o rácio de capital total atingido os 15,1% em 2019 (depois de 14,5% em 2018).
O presidente executivo do Novo Banco disse que os últimos dez anos foram uma “década perdida” para a empresa que começou por ser BES e passou em 2014 a Novo Banco, mas mostrou-se confiante no futuro.
“Para esta empresa, esta foi uma década perdida, sendo que são os últimos três anos que nos permitem estar confiantes de que teremos década positiva na próxima década”, afirmou António Ramalho, na conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2019, em Lisboa.