Novo alerta sobre a dispersão da Covid-19 no interior de São Paulo

Da Redação

A pandemia de Covid-19 está se espalhando pelo interior do Estado de São Paulo, segundo o alerta feito nesta semana pelo Centro de Contingência do Coronavírus, com base em um estudo da Unesp coordenado pelo professor Carlos Magno Fortaleza, também integrante do grupo.

O levantamento foi apresentado na última terça-feira, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. A modelagem mostra que as cidades consideradas polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto, apresentam cinco vezes mais chances de disseminação do vírus do que outras cidades menores, com baixa densidade populacional e menor conectividade com municípios de sua região.

A pesquisa aponta ainda que a rota de disseminação do vírus se concentra ao redor da capital, na Região Metropolitana, e se dissemina pelas principais rodovias que cortam o interior do Estado.

Além da densidade populacional, o estudo observou a distância como outro fator importante de dispersão da Covid-19. “O risco imediato, como é a condição de vigilância neste momento, é 25% menor a cada 100 quilômetros de distância da capital”, ressaltou o docente.

Portanto, há tanto o salto entre os grandes centros regionais quanto a difusão por vizinhança e contiguidade de municípios.

Com o avanço da doença para o interior, já foram registradas uma ou mais mortes em 144 municípios paulistas. Já houve casos confirmados em 314 cidades de São Paulo, segundo a situação epidemiológica informada em 29 de abril.

O estudo da Unesp elenca 15 cidades que, juntas, concentram 70% do total de casos e mortes no Estado de São Paulo. O professor Carlos Magno Fortaleza enfatizou que é preciso manter expressivo índice de isolamento social nesses polos para evitar que o contágio atinja também os de menor porte, seguindo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que prevê quatro tipos de municípios no interior: os polos regionais, os extremamente conectados com polos, os menos conectados e os rurais.

Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o infectologista David Uip salientou que existe uma falsa sensação de que o interior paulista está protegido contra a Covid-19, mas, se não houver cooperação por parte dos moradores, especialmente nos chamados centros regionais, a doença poderá se alastrar ainda mais pelo Estado.

“Como o professor Fortaleza deixou claro, há uma difusão evidente da pandemia para o interior. Ela está atrasada em relação ao município de São Paulo, à área metropolitana, mais ou menos em duas semanas. Por quê? Por conta das medidas de confinamento e afastamento social que foram adotadas precocemente no Estado. Além disso, os mapas epidemiológicos, o ecossistema e a georreferência serão um conjunto de dados para subsidiar decisões e aconselhamentos do Governo do Estado”, destacou David Uip durante a coletiva de imprensa da última terça-feira.

O estudo da Unesp chamado “Vários países em um: uma análise de modelagem matemática para a Covid-19 no interior do Brasil” (em tradução livre) está disponível na plataforma www.medrxiv.org.

O Estado de São Paulo termina abril com 2.375 mortes relacionadas ao novo coronavírus, um aumento de 1.345% em comparação ao dado do 1º dia do mês, quando havia 164 óbitos.

O aumento foi mais severo no interior, nas cidades do litoral paulista e Grande São Paulo: o número de vítimas fatais cresceu 42 vezes, saltando de 20 para 853. No dia 1º, apenas 16 cidades da capital tinham óbitos; hoje, já são 147 municípios, quase 1/4 do total do Estado.

No decorrer deste mês, o número de mortes também evoluiu cerca de dez vezes na capital, passando de 114 para 1.522.

Atualmente, SP registra 28.698 casos confirmados, em 323 cidades (18.149 em São Paulo e 10.549 nas demais regiões).

No Brasil, o Ministério da Saúde registrou 85.380 casos de coronavírus e 5.901 mortes da doença no Brasil até as 14h desta quinta-feira (30), segundo informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país. Nas últimas 24 horas, foram 7.218 casos novos e 435 novos óbitos. Dos 85.380 casos confirmados, 35.935 estão recuperados (42%) e outros 43.544 estão em acompanhamento.

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