Novecentas e oito mulheres mostram em Viana do Castelo a “vaidade” nos antepassados

Imagem: Município Viana do Castelo

Da Redação com Lusa

Novecentas e oito mulheres de sete países mostraram, nesta quinta-feira em Viana do Castelo, a “vaidade” que sentem “na cultura e tradições” dos “antepassados” durante o desfile da Mordomia que, durante mais de duas horas, percorreu as ruas da cidade.

“Esta é a forma que temos de mostrar como eram os antepassados. É com muito orgulho que estou a mostrar o que era da minha avó, o traje e o ouro que passou de geração em geração. É uma vaidade muito grande. Dá arrepios na pele”, afirmou Ana Moreno, de 31 anos, da freguesia de Outeiro.

A técnica de radiologia que, em 2012, foi o rosto do cartaz da Romaria d’Agonia, começou a participar no desfile da Mordomia aos 14 anos, idade mínima obrigatória para integrar um dos momentos altos das festas, mas ainda em criança entrou em outros números e procissões.

“Vou continuar a participar até conseguir. Quando tiver muitos cabelos brancos, quero passar para o outro lado, ajudar a organizar o desfile”, adiantou Ana Moreno.

A abrir o desfile, que se começou a formar no Palácio dos Cunhas, onde funcionava o antigo Governo Civil, está o grupo de mulheres da ribeira.

Lara Silva, de 23 anos, de mãos à cinta, exibe orgulhosa o traje e o ouro que vem passando de geração em geração. Lara começou a desfilar nas procissões com o traje da ribeira com 3 anos e, a partir dos 14, passou a integrar a Mordomia.

“Trajo-me à varina porque estou a representar um dos pilares da minha vida, que já não tenho. A minha bisavó. O traje que envergo era da minha bisavó e esta é a homenagem que faço à minha família”, afirmou Lara.

A “vaidade” que sente pelo traje da ribeira passou-a à prima Leonor Teixeira, de 16 anos, que começou a desfilar na romaria há 10.

“A minha bisavó era varina e o meu avô era pescador. Via a minha prima a desfilar e sentia que queria muito fazer pela nossa família. Sempre que puder, estarei aqui”, observou a jovem estudante.

Apesar de participar no desfile da mordomia, a procissão ao mar, no domingo, é o número que mais gosta por ser a homenagem que os pescadores prestam à sua padroeira, a Senhora d’Agonia.

Inês Pardaleja, de 18 anos, de Braga, deixou que o “bichinho” que lhe foi transmitido do avô, sempre ligado à organização da festa, falasse mais alto e decidiu estrear-se no desfile da Mordomia.

Integrantes do Rancho Folclórico Verde Gaio do Centro Cultural Português de Santos também participaram do desfile da Mordomia, Viana do Castelo.

“Finalmente, este ano, cedi ao bichinho, quis muito fazer isto, também muito por ele. Estou a gostar muito do ambiente e estou quero aproveitar. Quero fazer tudo direitinho”, disse a estudante de medicina veterinária.

Maria Cândida Ribeiro, de 64 anos, e a irmã Helena Oliveira, de 50, do concelho de Baião, no distrito do Porto, há seis anos que desfilam na Mordomia e não se cansam de elogiar a romaria d’Agonia.

“É festa mais linda. A nossa é diferente. Adoro a romaria”, afirmou Maria Cândida que começou a desfilar com trajes alugados, mas que já comprou um traje da Ribeira Lima, porque gosta muito de vermelho e a próxima compra vai ser o verde de Geraz do Lima.

Chegaram a participar seis familiares, entre irmãs e sobrinhas, mas desde que se reformou do talho onde trabalhava não perde um ano, acompanhada pela irmã Helena.

As irmãs ficaram “tristes” por não pernoitarem na cidade para o resto das festas, mas não conseguiram alojamento.

“Viemos hoje e regressamos no domingo para a procissão ao mar e a serenata”, referiu.

Tânia Manso, 45 anos, desfilou durante 25 anos e agora é voluntária na organização do desfile.

A educadora de infância preferiu passar “a ajudar a transmitir a cultura e tradição” da cidade e “a ajudar as mais novas a bem trajar e ourar”.

“É um sentimento diferente. Mais de colaboração e de missão para que tudo corra bem, para que as mordomas desfilem bem trajadas e ouradas”.

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