Nova fase da Lava Jato prende operador financeiro em Lisboa

Mundo Lusíada
Com agencias

Bandeira_BrasilPortugalA Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira, 21 de março, a 25ª fase da Operação Lava Jato e prendeu, em Portugal, o operador financeiro Raul Schmidt Felippe Júnior. Investigado pela Lava Jato desde a 10ª fase, Schmidt é tido como sócio do ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e estava foragido.

De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, investigadores da PF e do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) acompanharam autoridades portuguesas no cumprimento da prisão e também no cumprimento do mandado de busca em sua residência, na cidade de Lisboa.

Ainda segundo a PF, Schmidt deve permanecer preso em Portugal enquanto a possibilidade de extradição é analisada. “O compartilhamento de provas colhidas hoje auxiliarão nos trabalhos desenvolvidos pela equipe Lava Jato no Brasil”, declarou a corporação, por meio de nota.

A Operação Lava Jato, investigada pela policia federal brasileira, começou em março de 2014, e é considerada já uma das maiores investigações a atos de corrupção e branqueamento de capitais no Brasil.

Fonte em Portugal declarou à Lusa que Raul Schmidt foi detido num apartamento de luxo no centro de Lisboa. Raul Schmidt era procurado pelas autoridades brasileiras, estava em fuga e escondido em Portugal.

A operação teve a participação de 14 elementos da PJ, um procurador da República, um juiz, bem como o procurador Diogo Castor Mattos, que faz parte da equipe de investigação no Ministério Público Federal brasileiro, e dois elementos da Polícia Federal do Brasil.

Segundo a PJ, “o detido foi investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal do Brasil por ter agido como intermediário de operações da Petrobras que levaram ao recebimento indevido de comissões no valor de vários milhões de reais”.

“Raul Schmidt é brasileiro e também possui naturalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e mudou-se para Portugal após o início da operação Lava Jato, em virtude da dupla nacionalidade”, informou o Ministério Público Federal. Foragido desde julho de 2015, o nome dele também constava no alerta da Interpol.

Ouvido
O cidadão luso-brasileiro será ouvido por um juiz do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) sobre o pedido de extradição das autoridades brasileiras, emitido no âmbito da Operação Lava Jato.

O detido tem 48 horas para se apresentar ao juiz desembargador de turno naquele tribunal superior e ser-lhe-á feita apenas uma pergunta: se aceita o pedido de extradição feito pelas autoridades judiciárias brasileiras.

Caso a resposta seja negativa, explicou a fonte, “o juiz dá ao detido no mínimo cinco dias, mas normalmente dez”, para que este fundamente, por escrito e através de um advogado, a sua negação à extradição.

Depois, adiantou a mesma fonte, haverá lugar à oposição do Ministério Público a esses fundamentos e segue-se um julgamento no TRL.

Caso o detido aceite o pedido de extradição das autoridades brasileiras, cumpridas as formalidades, viaja para o Brasil, acompanhado por elementos policiais.

Raul Schmidt foi sócio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, condenado no mês passado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no âmbito da Operação Lava Jato.

Na altura, o juiz Sérgio Moro considerou provado que Zelada cobrou um suborno de 31 milhões de dólares à empresa Vantage Drilling Corporation para contratar um barco sonda para a petrolífera.

Jorge Zelada foi igualmente condenado pelo branqueamento de 12,5 milhões de dólares através de três empresas constituídas no estrangeiro.

No âmbito da investigação brasileira já tinham sido confiscados a Jorge Zelada 30,7 milhões de dólares em contas que tinha num “offshore”.

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