Da Redação
O sétimo dia de competições dos Jogos Paralímpicos de Tóquio foi especial para o Brasil. O país conquistou sua 100ª medalha de ouro na história da competição com o sul-mato-grossense Yeltsin Jacques, do atletismo, na prova dos 1.500m (classe T11).
E não parou aí. Carol Santiago fez bonito e também ficou com o ouro nos 100m livre (classe S12). Assim, a delegação brasileira chegou a 14 medalhas douradas no Japão e igualou a marca obtida no Rio de Janeiro, em 2016. O país agora corre atrás do recorde estabelecido em Londres, em 2012 – 21 ouros.
As outras medalhas do dia vieram com Gabriel Bandeira, prata 200m medley SM14, mais uma prata no revezamento 4x100m livre – 49 pontos e os bronzes de Mariana Gesteira no 100m livre da classe S9 e Jardênia Barbosa da Silva nos 400m T20. O atletismo também teve mais um pódio com a prata de Raissa Rocha no lançamento de dardo F56.
O Brasil soma agora 42 medalhas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, com 14 ouros, 11 pratas e 17 bronzes. Está na sexta colocação no quadro de medalhas geral. A China lidera com 62 ouros e 132 medalhas, com a Grã-Bretanha em seguida, com 80 medalhas, sendo 29 de ouro, e o Comitê Paralímpico da Rússia, em terceiro lugar, com 25 medalhas de ouro e um total de 74 medalhas.
Atletismo
O atletismo foi responsável pela 100ª medalha de ouro do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. E ela veio com o fundista sul-mato-grossense Yeltsin Jacques, vencedor dos 1.500m T11 (atletas cegos), com quebra do recorde mundial da prova com o tempo de 3min57s60. O pódio foi completado pelo japonês Shinya Wada (4min05s27) e por Fedor Rudakov, do Comitê Paralímpico da Rússia (4min05s55).
“Hoje de manhã, o Bira [seu atleta-guia] comentou sobre a [possibilidade da] 100ª medalha de ouro do Brasil em Jogos Paralímpicos e isso me deu uma motivação especial. Ele disse que a gente iria fazer história mais uma vez”, recordou Yeltsin. Esta foi a segunda medalha de ouro do brasileiro na capital japonesa. O atleta ficou no topo do pódio na última quinta-feira, 26, na prova dos 5.000m T11.
Já no lançamento de dardo F56 (atletas cadeirantes), a baiana Raissa Rocha ficou com a prata ao lançar o dardo a 24,39m, atrás somente 11cm da iraniana Hashemiyeh Moavi Motaghian, que quebrou o recorde mundial da prova com um lançamento de 24,50m. O bronze ficou com Diana Dadzite, da Letônia (24,22m).
“Por pouquinho não foi medalha de ouro. Eu prometi, eu cumpri. Independentemente da medalha, eu estou levando uma para casa. Só tenho a agradecer. É muita gratidão”, comemorou Raissa, logo após a prova.
A última medalha do dia veio com Jardênia Barbosa da Silva na final dos 400m T20. Debaixo de chuva, a brasileira, de apenas 17 anos, conquistou o bronze ao cravar 57s43. O ouro ficou com a americana Breanna Clark (55s18) e a prata foi da ucraniana Yuliiia Shuliar (56s18).
“Não estou acreditando, é muita emoção. Só tenho que agradecer a minha família e a todos que me ajudaram nessa caminhada. Feliz demais com o resultado, pois ainda melhorou o meu tempo”, comemorou Jardênia, ainda sem fôlego, logo após a prova.
Outros resultados
Na manhã desta terça-feira, Rayane da Silva terminou na oitava colocação a final dos 100m T13 (atletas com baixa visão), com o tempo de 12s52. A medalha de ouro ficou com a espanhola Adiaratou Iglesias (11s96). A prata foi para Lamiya Valiyeva (11s99) e o bronze para Kym Crosby (12s08).
No salto em altura da classe T63, o brasileiro Flávio Reitz errou todas as suas tentativas a 1,80m e ficou fora da briga por medalhas.
O Brasil teve duas atletas desclassificadas e acabou sem medalhas nos 100 m rasos da classe T11 (atletas com deficiência visual). Jerusa Geber dos Santos, uma das favoritas, arrebentou a fita que a ligava ao guia Gabriel dos Santos e ficou fora. Os dois pararam na pista ainda nos metros iniciais. Recordista mundial da prova, a brasileira chorou muito com a eliminação.
Thalita Simplicio concluiu a prova em terceiro, com o tempo de 12s18. A arbitragem, porém, alegou que os dois soltaram a guia antes da chegada. Na classe T11, as atletas são totalmente cegas, correm com vendas e a presença do atleta-guia é obrigatória até cruzar a linha de chegada.
A medalha de ouro ficou com a venezuelana Linda Perez Lopez, com 12s05. Foi seu melhor tempo da vida, mas longe do recorde de Jerusa, 11s85. A prata foi para a chinesa Cuiqing Liu, com 12s15.
Na final dos 1.500m T53/54, Vanessa Cristina de Souza fez 3min30s55 e terminou na oitava colocação. O ouro ficou com a chinesa Zhaoqian Zhou (3min27s63). A prata foi da suíça Manuela Schaer (3min28s01) e o bronze da australiana Madison Rozario (3min28s24).
Michel Gustavo Abraham de Deus, do salto em distância na classe T47 (para amputados de braço), ficou em nono lugar (6,55m); enquanto Izabela Campos, do lançamento de disco na classe F11, ficou na sétima colocação (32,26m).
Natação
Depois de passar um dia em branco, sem medalhas, a natação voltou com força total nesta terça-feira, 31, no Centro Aquático de Tóquio. A pernambucana Carol Santiago conquistou mais um ouro nos Jogos Paralímpicos ao subir no lugar mais alto do pódio após vencer os 100m livre da classe S12 (para atletas com baixa visão). Com o resultado, o Brasil chegou a 14 medalhas douradas no Japão e igualou a marca obtida no Rio 2016. O país agora corre atrás do recorde estabelecido em Londres 2012 – 21 ouros.
Carol, que já havia conquistado o bronze nos 100m costas e o ouro nos 50m livre, ganhou os 100m livre com o tempo de 59s01, seguida por Daria Pikalova, do Comitê Paralímpico da Rússia (59s13) e pela britânica Hannah Russel (1min25s). Outra brasileira na prova, Lucilene Souza fechou a final em sexto lugar (1min02s42).
Na sequência, Gabriel Bandeira caiu na água e conquistou mais uma medalha para o Brasil. Depois de levar o ouro nos 100m borboleta, a prata nos 200m livre e o bronze no revezamento 4x100m misto, o paulista ficou com a prata nos 200m medley SM14 (para atletas com deficiência intelectual). Com o tempo de 2min09s56, o atleta foi superado pelo britânico Reece Dunn, que bateu o recorde mundial da prova (2min08s02). O ucraniano Vasyl Krainyk completou o pódio ao conquistar o bronze (2min09s92).
“Não esperava quatro medalhas, principalmente depois de ter ficado parado por um tempo chegando aqui (por causa de um caso de covid na delegação brasileira). A sensação no começo foi um pouco ruim, mas trabalhei a cabeça e refleti agora. Meu forte é o final da prova, aproveitei também bastante o submerso, e acho que deu certo”, afirmou Gabriel Bandeira.
Vale lembrar que, tanto Gabriel como Carol, quebraram recordes paralímpicos em Tóquio. O paulista conseguiu o feito ao terminar os 100m borboleta em 54s76, enquanto a pernambucana bateu a marca dos 50m livre em duas oportunidades: 26s87 nas eliminatórias e 26s82 na final.
Mariana Gesteira trouxe mais uma medalha para o Brasil na natação. A carioca conquistou o bronze nos 100m livre da classe S9, com o tempo de 1min03s39, apenas três centésimos na frente da britânica Toni Shaw, quarta colocada com 1min03s42. O ouro foi para a neo-zelandesa Sophie Pascoe (1min02s37) e a prata para Sarai Gascon (1min02s77).
“Por cinco anos, eu dormi e acordei pensando nisso. A gente sonha com esses momentos, mas quando acontece é surreal. Só tenho que agradecer a todo mundo que me ajudou a viver isso aqui hoje”, comemorou Mariana. “Tive muito apoio. Isso não estaria acontecendo se eu não tivesse uma comissão técnica enorme, muita gente por trás disso”, completou.
Na última prova da natação do dia, o Brasil conquistou mais uma medalha: prata no revezamento 4x100m livre – 49 pontos. Com um time formado por Wendell Belarmino (S11), Douglas Matera (S13), Lucilene Sousa (S12) e Carol Santiago (S12) – todos com deficiência visual -, o país só foi superado no fim pela equipe do Comitê Paralímpico da Rússia, que bateu o recorde paralímpico da prova (3min53s79). A Ucrânia completou o pódio com o tempo de 3min55s15.
“Eu não costumo ficar nervoso nas minhas provas individuais, mas nesse revezamento o coração veio aqui na garganta (risos). Estou muito feliz com o resultado, porque sei que todo mundo deu o máximo dentro da piscina. As meninas foram incríveis e estou orgulhoso por dividir essa prova com esses três”, comemorou o brasiliense Wendell Belarmino.
Os times do Comitê Paralímpico da Rússia e da Ucrânia fizeram uma estratégia diferente do Brasil. O revezamento é composto por dois homens e duas mulheres e cada país escolhe sua ordem. Os brasileiros colocaram dois homens abrindo e abriu uma boa frente. No fim, russos e ucranianos tinham um homem fechando, enquanto o Brasil tinha Carol Santiago, que conseguiu ir muito bem e segurou a medalha de prata.
Outros resultados
Patrícia dos Santos, de 43 anos, bateu na trave e ficou na quarta colocação da final dos 50m peito da classe SB3, com o tempo de 1min01s82, apenas 22 centésimos atrás do pódio. A espanhola Marta Infante conquistou a medalha de ouro ao marcar 58s21. A prata foi para a atleta do Comitê Paralímpico Russo, Nataliia Butkova, com 1min00s54, e o bronze para Nely Herrera, do México, com 1min01s60.
Na final dos 400m livre na classe S8, o brasileiro Caio Amorim terminou na sexta colocação, com o tempo de 4min35s16. A medalha de ouro foi para Andrei Nikolaev (4min25a16), do Comitê Paralímpico Russo. O italiano Alberto Amodeo (4min25s93) ficou com a prata e o americano Mattew Torres (4min28s47) com o bronze.
Tênis de Mesa
O Brasil começou bem o torneio de equipes de tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos. No início da madrugada desta terça, 31, no Ginásio Metropolitano de Tóquio, o time formado por Israel Stroh e Paulo Salmin venceu a equipe japonesa, composta por Masachita Inoue e Katsuyoshi Yagi, por 2 sets a 0, pelas oitavas de final da classe 6-7 masculina. Com o resultado, os brasileiros avançaram para a próxima fase e enfrentam os chineses. A partida válida pelas quartas de final terminou com vitória chinesa por 2 a 0.
O primeiro desafio dos brasileiros foi na partida de duplas. Stroh e Salmin adotaram uma estratégia agressiva e venceram o confronto por 3 sets a 1 (11/7, 2/11, 11/5 e 11/8). No segundo duelo, individual, Israel Stroh enfrentou Masachita Inoue e derrotou o japonês por 3 sets a 2 (10/12, 11/9, 7/11, 11/4 e 12/10).
Na classe 9-10 masculina, Luiz Filipe Manara e Carlos Carbinatti se despediram dos Jogos nas oitavas de final, diante dos australianos Ma Lin e Joel Coughlan. Na partida de duplas, vitória dos australianos por 3 a 0 (4/11, 6/11 e 5/11), placar que se repetiu no segundo confronto, de Carbinatti contra Ma Lin (3/11, 5/11 e 2/11). Desta forma, os australianos fecharam em 2 a 0.
Já nas quartas de final por equipes no feminino 6-8, o Brasil foi eliminado pelo Comitê Paralímpico Russo por 2 a 0. Milena Franca e Lethicia Lacerda perderam o jogo de duplas por 3 a 1 e, depois, Milena acabou derrotada na partida de simples por 3 a 0, definindo o revés brasileiro. Lethicia nem precisou jogar a partida de simples.
O Brasil perdeu por 2 a 1 para a Coreia do Sul nas quartas de final feminina por equipes, nas classes 1 e 3. O país foi representado por Cátia Cristina Oliveira e por Marliane Santos. O primeiro jogo durou apenas 20 minutos e Marliane sucumbiu diante de Jiyu Yoon (3 a 0). Na sequência, Cátia Cristina fez 3 a 1 em cima de Su Yeon Seo. Mas, nas duplas, vitória coreana por 3 a 2 e eliminação brasileira.
Bocha
O Brasil foi representado por quatro atletas na bocha na madrugada desta terça-feira, 31. O primeiro a entrar em quadra foi Maciel Santos (classe BC2), que derrotou Hiu Lam Yeung, do Hong Kong, por 6 a 5, nas quartas de final. Na semifinal, o brasileiro enfrentou o japonês Hidetaka Sugimura e perdeu por 3 a 2. Agora, Maciel vai disputar o bronze contra o tailandês Worawut Saengampa, ainda nesta terça-feira, 31, às 21h30 (de Brasília).
Também na semifinal, mas da classe BC1, José Carlos Chagas foi derrotado pelo britânico David Smith, por 7 a 4. Na disputa pelo bronze, ele vai encarar o português André Ramos. O jogo está marcado para esta terça-feira, a partir das 22h40.
Já Eliseu dos Santos (classe BC4) e Evelyn de Oliveira (classe BC3) foram derrotados nas quartas de final e estão eliminados da competição individual. Eliseu perdeu no tie-break para o chinês Yuansen Zheng, após um empate por 3 a 3. Evelyn, nossa porta-bandeira na cerimônia de abertura dos Jogos de Tóquio, foi derrotada por 9 a 1 pelo britânico Scott McCowan.
Goalball
O Brasil goleou a Turquia por 9 a 4, na manhã desta terça-feira, 31, pelas quartas de final do goalball masculino. Com o resultado, o time avançou para as semifinais e agora reencontra a Lituânia, atual campeã paralímpica, na próxima quinta-feira, 2, às 5h45 (horário de Brasília). Apesar da vitória arrasadora dos brasileiros por 11 a 2, logo na estreia em Tóquio, o histórico entre as duas seleções é de resultados apertados.
No feminino, O Brasil encara a China, também quinta-feira,2, às 5h45, pelas quartas de final do torneio.
Futebol de 5
O Brasil encerrou a sua participação na primeira fase da modalidade com outra goleada: 4 a 0 sobre a França – dois gols de Nonato, que chegou aos cinco gols na competição, e dois de Jardiel. Nos três jogos realizados até aqui, a Seleção já marcou 11 gols e ainda não sofreu nenhum. Agora, a equipe encara o Marrocos, na próxima sexta-feira,3, às 7h30 (horário de Brasília). Já a final será no sábado, 4, às 5h30 (de Brasília).
Resultados do Brasil na 1ª fase
Brasil 3 x 0 China
Brasil 4 x 0 Japão
Brasil 4 x 0 França
Vôlei Sentado
Foi no sufoco, mas a Seleção Brasileira masculina de vôlei sentado avançou para as semifinais dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Após estrear na competição com uma vitória por 3 sets a 1 contra a China, a equipe sofreu duas derrotas consecutivas (Irã e Alemanha) e conseguiu a classificação graças a uma vitória do Irã sobre a China por 3 sets a 0.
Na madrugada desta terça-feira, 31, o time perdeu para os alemães por 3 sets a 1 (parciais 23/25, 25/22, 19/25 e 25/18), em 1h38min de partida. O maior pontuador brasileiro no jogo foi Giba, que anotou 17 pontos – sendo 15 de ataque, um de bloqueio e um de saque.
No feminino, o Brasil faz a sua última partida na primeira fase do grupo A na quarta-feira, 1º, contra a Itália, às 22h (horário de Brasília).