Mundo Lusíada
Com Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa, que neste dia 09 completa dois anos como Presidente de Portugal, prometeu não utilizar o cargo para uma “candidatura escondida”, caso decida recandidatar-se, e afirmou-se também contra “despedidas grandiosas”.
Durante uma cerimônia em que assinalou dois anos de mandato, na Sala de Jantar do Palácio de Belém, o chefe de Estado reiterou que no verão de 2020 tomará uma decisão sobre uma eventual recandidatura.
“Naquela altura, penso que estamos no termo do prazo para haver uma decisão, porque a partir desse momento, tomada uma posição, de duas, uma: ou eu serei candidato, então tenho de me portar como candidato, não vou utilizar o cargo de Presidente para fazer candidatura escondida, que é uma forma de desigualdade em relação aos outros candidatos; ou não sou candidato”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que não é “favorável a despedidas grandiosas no termo dos mandatos” e defendeu que, “pelo contrário, deve haver um apagamento progressivo para deixar o palco aos candidatos e ao futuro Presidente”.
“Tem de ser com uma certa distância, tem de ser no momento em que eu anuncio a data das eleições presidenciais, que são em janeiro [de 2021] – portanto, significa, o mais tardar no fim do verão”, completou.
O ex-comentador político e professor universitário de Direito voltou a dizer que se candidatou às presidenciais de 24 de janeiro de 2016 por sentimento de dever e que decidirá candidatar-se a um segundo mandato se, no verão de 2020, entender que esse dever se mantém.
“Se entender que não, que naquele contexto preciso há quem cumpra melhor essa missão, então, naturalmente, não há razão para a recandidatura”, expôs.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “é uma avaliação que tem de ser feita olhando para como é que está o país econômica e socialmente naquele momento, como é que está politicamente, como é que está a Europa, como é que está o mundo, o que é que isso significa nos nossos anos seguintes”.
Guterres
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que “quase de certeza” não teria sido candidato às presidenciais de 2016 se António Guterres tivesse avançado nessa corrida eleitoral uma vez que ele cumpriria melhor a missão.
“Vamos imaginar que o António Guterres era candidato a Presidente da República na altura em que eu fui. Eu quase de certeza não era candidato porque eu achava que ele cumpria essa missão melhor do que eu. Porquê concorrer contra ele? Ele cumpria melhor do que eu”, admitiu.
Marcelo Rebelo de Sousa tinha começado por explicar que é “crente” e teve “uma formação de base social cristã muito forte, tal como António Guterres”.
“Para nós, fazer política era – e é – uma missão, é servir os outros. E portanto só há obrigação de desempenhar um determinado cargo se houver um dever de consciência de cumprir melhor essa missão do que outros porque senão não vale a pena”, explicou.
O Presidente da República contou aos alunos que, no momento em que decidiu concorrer à Presidência da República, olhou para o país, no qual tinha nascido uma nova solução governativa na sequência das eleições legislativas de 2015.
“Naquele contexto, eu achei que para o equilíbrio global do país, talvez fosse boa ideia, com uma solução governativa à esquerda, haver quem dentro da direita fosse a esquerda da direita com capacidade de diálogo à esquerda, mas que equilibrasse o país no contexto que existia”, justificou.
Segundo Mandato
O presidente do PSD, Rui Rio, manifestou-se convencido de que Marcelo Rebelo de Sousa vai concorrer a um segundo mandato como Presidente. “Eu acho que, por aquilo que eu o ouvi dizer hoje, acredito plenamente. Aliás, já passei por isso também”, respondeu Rui Rio.
“O balanço que faço destes dois anos do professor Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República é, naturalmente, um balanço positivo. E se já era positivo enquanto cidadão, agora como presidente do PSD, nos contatos que entretanto tivemos, ainda reforço mais essa ideia”, disse Rui Rio.
Também a líder do Bloco de Esquerda (BE) considerou que Marcelo Rebelo de Sousa tem sido um Presidente próximo das pessoas, o que foi importante na resposta às tragédias dos incêndios. “Tem sido um Presidente próximo das pessoas. Isso foi importante na resposta, por exemplo, às tragédias. Acho que não há aqui quem não tenha sentido que esse apoio foi importante”, afirmou Catarina Martins.
“Temos matérias em que temos algumas divergências, noutras em que temos algumas convergências”, frisou.
O ex-comentador político e professor universitário de direito, que completou 69 anos em dezembro, foi eleito nas presidenciais de 24 de janeiro de 2016, à primeira volta, com 52% dos votos, apresentando-se como um moderado empenhado em “fazer pontes” e “promover consensos”.
O chefe de Estado classificou os fogos de junho e de outubro do ano passado, que no seu conjunto mataram mais de cem pessoas, como “o ponto mais doloroso” da sua presidência e prometeu nunca mais largar o assunto.
No plano da política externa, já fez mais de 30 deslocações ao estrangeiro, a maior parte a países da Europa. Realizou, até agora, nove visitas de Estado, a Moçambique, Suíça e Cuba, em 2016, Cabo Verde, Senegal, Croácia e Luxemburgo e México, em 2017, e São Tomé e Príncipe, em fevereiro deste ano.
Além disso, lançou, com o primeiro-ministro, António Costa, um modelo inédito de celebração do Dia de Portugal, iniciando as cerimônias em território nacional e prosseguindo-as junto de comunidades portuguesas no estrangeiro: em França, em 2016, e no Brasil, em 2017, seguindo-se os Estados Unidos, em 2018.