Mundo Lusíada
Com agencias
No Rio de Janeiro, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, lamentou a falta de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, considerando “um absurdo” a falta de uma parceria mais estreita com o Brasil.
“Acho um absurdo que a União Europeia tenha acordo com o mundo inteiro e não tenha com o Brasil”, afirmou Durão Barroso em palestra, na Fundação Getúlio Vargas no Rio, a relembrar os últimos avanços em área de livre-comércio, firmados ou em vias de serem concluídos, com países de África, Ásia, América Central e América do Sul.
“Lançamos negociações com países como Colômbia e Peru, que hoje já estão em vigor, e na sexta-feira passada (18) assinamos com o Equador, que inicialmente não queria. Agora com o Mercosul tem estado parado”, criticou o representante europeu em conversa na universidade brasileira.
Durão Barroso, que esteve reunido com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, em Brasília, antes de seguir para capital carioca, relembrou que há ainda um acordo entre União Europeia e Estados Unidos na mesa, que poderá ser fechado em breve, sugerindo “pressa” ao Brasil e seus parceiros do Mercosul.
“Se a UE fechar um acordo com os EUA, abrindo comércio para a carne bovina, por exemplo, que é um item importante para a economia brasileira, quando for negociar com o Brasil, não haverá muito o que reste”, advertiu.
Questionado se a menção específica ao Brasil seria uma sugestão para que as negociações bloco a bloco fossem deixadas de lado e iniciada uma negociação bilateral, apenas com o Brasil, o comissário reforçou que a negociação deve ser feita com os países do Mercosul. “Estou falando em Brasil porque estou aqui, mas temos uma proposta para o Mercosul”, reforçou.
Mercosul e União Europeia iniciaram negociações para um acordo de liberalização comercial há 20 anos. Desde então, as negociações já passaram por diversas fases, incluindo um período em que as conversas foram paralisadas, sem nunca se chegar a um acordo.
Questionado sobre o que estaria a paralisar as negociações, Barroso sugeriu que essa questão devia ser colocada aos membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela), sugerindo que o atraso está a ser provocado pela parte sul-americana.
Durante a palestra, Durão Barroso defendeu a força da União Europeia após a crise – com a criação de novos mecanismos de integração – prevendo ainda uma expansão da zona do euro para os próximos anos.
“O desafio da União Europeia nos próximos anos será como aprofundar a zona do euro sem colocar em causa a integridade da União Europeia”, previu Barroso, a citar o caso do Reino Unido e Dinamarca, países que optaram por não participar da união monetária europeia.
O evento contou com a presença de diversas autoridades e líderes da FGV, entre eles o presidente da Fundação Carlos Ivan Simonsen Leal, o vice-presidente Sergio Franklin Quintella, o diretor da FGV/EPGE Rubens Penha Cysne e a Embaixadora da Delegação da União Europeia no Brasil Ana Paula Zacarias.
Durão Barroso iniciou sua participação ressaltando a posição da FGV como um dos melhores centro de conhecimento do mundo. A instituição está no top 30, de acordo com o Global Go To Think Tanks Rankings 2013, divulgado pela Universidade da Pensilvânia. “É com satisfação especial, como português, ver um think tank de um país de língua portuguesa assumir essa posição global”, afirmou.