No Rio, Casa da Vila da Feira recebe autarca português para comemorar aniversário

Por Igor Lopes

A Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria do Rio de Janeiro promoveu, na noite do dia 13 de julho, uma sessão solene para celebrar os 65 anos da sua fundação. A sede da entidade, na Tijuca, Zona Norte carioca, contou com a presença de grandes nomes da sua história, bem como de autoridades e folcloristas que recordaram alguns dos grandes momentos da instituição e as dificuldades enfrentadas para a sua manutenção.

Segundo o presidente da Casa da Vila da Feira, Ernesto Boaventura, comemorar mais um aniversário da instituição é uma forma de mostrar a eficácia da união Brasil-Portugal.

“O grande objetivo da lembrança do dia 12 de julho de 1953 é fortificar os laços de união e irmandade entre os feirenses de Portugal e feirenses do Brasil, através da saudade e do ideal de um santamariano chamado Manuel Lopes Valente, idealizador desta Casa. (…) Num mundo cada vez mais organizado a partir do que chamamos globalização, é importante entender nações, povos, culturas e cidades como sendo complementares umas às outras”, comentou esse responsável, que ressaltou que manter viva e ativa a entidade feirense no Rio não é tarefa fácil.

“A realidade de hoje é diferente. É impossível para as associações dependerem exclusivamente das ofertas que recebem. O número de associados diminuiu. O Brasil sumiu do imaginário dos portugueses. O universo associativo foi adaptando-se às novas realidades e soube integrar os brasileiros em seus quadros”, defendeu Ernesto, que sublinhou que, “hoje, vivemos dos aluguéis dos salões social e nobre, da quadra poliesportiva e da piscina”.

Ainda de acordo com o presidente da Casa, o atual cenário de insegurança na cidade maravilhosa está mudando muitas tradições nas instituições lusitanas locais.

“Tivemos que transformar as tradicionais noites de fados em tardes de fados. Foi a solução encontrada para trazer o público para o nosso convívio, já que a maior parte prefere sair de casa ainda de dia. O nosso almoço social, que acontecia todos os domingos, passou a ser quinzenal, pois a crise financeira que assola o País afasta os frequentadores assíduos”, referiu Ernesto, que considerou que, sem a ajuda dos órgãos municipais e estaduais, resta suportar “o pagamento dos impostos, das altas taxas, dos encargos sociais”.

Na opinião de Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e orador oficial da celebração, a cultura feirense está devidamente representada no Rio.

“A efeméride impõe respeito e merece uma vénia: seis décadas e meia a construir e a preservar esta extraordinária obra associativa. Sessenta e cinco anos a promover a cultura e as raízes lusas no Brasil. São valores maiores como este que continuam a unir portugueses, luso-descendentes e brasileiros. O capital mais precioso da Casa da Vila da Feira são as pessoas”, comentou o autarca português, que recordou, com saudosismo, a sua vinda ao Rio, pela primeira vez, em julho de 2014, quando participou das festividades de 61 anos da Casa.

Durante o seu discurso, essa autoridade portuguesa defendeu o “grande desenvolvimento” da sua cidade em Portugal e homenageou Sérgio Viana da Silva, a quem chamou de “embaixador de Santa Maria da Feira no Rio de Janeiro e no Brasil”. Sérgio Silva é autor da coletânea feirense “Reescrevendo a História”, lançada recentemente, e que contou com o apoio do governo de Santa Maria da Feira.

“Grande é este homem que cultiva uma ligação afetiva tão forte e tão genuína por uma terra que nunca conheceu presencialmente, e onde não tem ascendência ou descendência familiar. Uma terra que lhe alimenta um inesgotável interesse pela história, cultura e tradições, a nossa mui nobre e secular Santa Maria da Feira. É meu desejo que esta coletânea seja mais um incentivo para que a Casa da Vila da Feira e as suas gentes continuem a ser guardiões e dinamizadores das duradouras relações históricas, culturais e afetivas entre Santa Maria da Feira e o Rio de Janeiro, entre Portugal e o Brasil”, finalizou Emídio Sousa.

O evento no Rio contou também com a presença do cônsul-geral de Portugal no Rio, Jaime Leitão, do presidente do Real Gabinete Português de Leitura, do Liceu Literário Português e da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V, Francisco Gomes da Costa, do presidente da Câmara Portuguesa do Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, Manuel Domingues Pinho, além de membros da sociedade civil.

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