Mundo Lusíada
Com agências
O Secretário das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, esteve presente no lançamento, na Embaixada de Portugal em Brasília, da reedição de “A Arte da Cozinha”, na noite de 27 de abril.
A obra portuguesa do século XIX da autoria de João da Matta é um dos livros raros da biblioteca Fran Pacheco do Grêmio Literário Português de Belém do Pará, que em parceria com o Governo Estadual e apoio da Embaixada, relançou o livro em Brasília.
O objetivo é angariar fundos para digitalizar e valorizar o espólio do Grêmio. São mais de 40 mil volumes, na sua maioria raros. O Secretário das Comunidades Portuguesas disse que se pretende alargar iniciativa a outros espaços similares de grande valor criados pela comunidade portuguesa no Brasil.
A obra, cuja primeira edição data de 1876, traz mais de 100 receitas criadas pelo cozinheiro português João da Matta para jantares organizados pelas famílias reais de Portugal e imperial brasileira.
Em sua intervenção, o Embaixador de Portugal no Brasil, Jorge Cabral, referiu que “é sem dúvida mais um elemento de fortalecimento e união dos laços entre o Brasil – o Estado do Pará e Portugal, que vivem um momento de grande intensidade, e representa uma inquestionável valorização do patrimônio cultural de Portugal”.
Estiveram presentes, ainda, o presidente do Grêmio Português, Alírio Gonçalves, o vice Consul de Portugal em Belém, Francisco Brandão, a responsável técnica do projeto de reedição da obra, Ethel Soares, e o chef de cozinha português, Vítor Sobral.
“É um livro muito contemporâneo porque todos os ingredientes daquela época ainda são usados hoje. Além disso, a narrativa não traz uma lista de ingredientes, mas simula uma conversa do cozinheiro com o leitor, formando uma espécie e poesia gastronômica, onde são contatados os procedimentos de preparo das receitas”, diz a bibliotecária e idealizadora do lançamento desta nova edição, Ethel Valentina, defendendo este ser o único exemplar que existe no Brasil que se tem notícia.
Pratos da realeza
Sopa ‘royal’, bacalhau de cebolada à diplomata ou pudim à brasileira faziam parte dos jantares dos reis de Portugal e dos imperadores do Brasil, receitas que constam do livro histórico.
O chef português Vítor Sobral foi convidado para recriar algumas das receitas que constam no livro: a refeição começa com uma sopa ‘royal’, seguindo-se camarão de fricassé, sendo os pratos principais bacalhau de cebolada à diplomata e arroz de cabrito. Para sobremesa, pudim de pão à brasileira.
No essencial, Vítor Sobral garantiu que respeita as receitas originais, com “pequenas alterações”.
“À época, a cozinha francesa estava muito em voga” e as receitas “têm muita manteiga”, um elemento que o cozinheiro português reduziu, disse à Lusa, sobre o livro que traz “uma mistura” das duas culturas.
“É uma ‘cozinha de sobrevivência’, em que a técnica era muito idêntica, mas os produtos não eram iguais em todo o lado, por isso fazia-se em função daquilo que estava disponível”, descreveu Vítor Sobral.
O ‘chef’ português, com restaurantes nos dois países, garante que “a mesa é uma boa forma de recordar a importância que Portugal tem para o Brasil e vice-versa”.
A participação na apresentação do livro, em Brasília, é um dos pontos do programa da visita do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, ao Brasil, que começou quinta-feira em São Paulo e que decorre até dia 30.