No Consulado de SP, Marcelo Rebelo diz que vê o Brasil como uma potência mundial

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Mundo Lusíada

No dia 6 de agosto, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo recebeu em suas instalações o Presidente da República de Portugal, professor Marcelo Rebelo de Sousa, especialmente para a inauguração da exposição “Amália: Saudades do Brasil”.
O anfitrião foi o Cônsul Geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lourenço, que chegou ao Consulado praticamente junto com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e com o Embaixador Francisco Ribeiro Telles, e o acompanhou pela exposição até aos fundos, onde aconteceu uma solenidade e um coquetel para os convidados.
A exposição “Amália: Saudades do Brasil” conta a relação da renomada cantora de fado portuguesa Amália Rodrigues com o Brasil, a importância do país na construção de sua presença no mundo e a influência que a artista teve e continua a ter nas novas gerações de criadores, não só na área da música, mas também nas artes visuais.

Cônsul Geral– Em seu pronunciamento, o Cônsul Geral Paulo Lourenço disse que este momento representava para toda comunidade, para as autoridades representativas de Portugal e para ele pessoalmente, um momento muito especial. “Nestes quatro anos em funções em São Paulo este Consulado tem procurado fazer uma releitura mais contemporânea e atualizada da produção cultural e artística do nosso país, com essa mistura fina de tradição e modernidade que julgo diferenciar Portugal nesta que é a maior cidade de língua portuguesa do mundo, mas também a mais competitiva e cosmopolita do Brasil. Temos procurado fazer isso em diálogo estreito com os criadores, com artistas, com instituições e parceiros paulistas e brasileiros, com a cumplicidade que a língua e o afeto nos oferece”.
“Estou convencido senhor Presidente, que estamos vivendo um tempo muito especial em São Paulo e no Brasil em relação com a cultura portuguesa (…) Nunca tantos artistas e criadores portuguesas e brasileiros circularam pelos palcos dos dois países, cada vez mais em parceria. E o fado, que reconquistou seu lugar de pleno direito entre nós, ajudou e ajuda hoje em São Paulo a abrir muitas portas para outras propostas musicais portuguesas, e os grandes protagonistas do fado, portugueses e não só, que parecem ter encontrado seu espaço junto do ouvido brasileiro, são hoje agentes naturais dessa transformação. Nesse sentido, valia a pena evocar mais do que nunca aquela que continua a ser sua principal musa inspiradora. Essa exposição tem privilégio da presença do senhor presidente aqui no Consulado Geral de Portugal em SP, é um passeio pela Amália no Brasil, não apenas uma homenagem da grande figura da cultura portuguesa que Amália foi e é mas testemunhos sobre inúmeras influências que ela aqui deixou e recebeu provando, talvez sem exagero, que há um pouco de samba no fado e há um pouco de fado no samba”, disse.

Presidente
Falando aos jornalistas, o presidente citou o Brasil como uma potencia mundial. “Havia uma noção que o Brasil era imenso na riqueza natural, era quase um continente, e depois conhecia-se pedaços deste continente. E agora está se descobrindo que a riqueza humana não é inferior a riqueza natural do Brasil, é uma riqueza feita de educação, de cultura, juventude, criatividade, afirmação no mundo. Isso é patente na ciência, na tecnologia, foi sempre nas artes, em geral na cultura, mas é também na economia, no pensar social, e algum português que não conhecia isso fica maravilhado como ficou ontem com a abertura das Olimpíadas”, disse o presidente citando uma perfeição que não é casual. “É fruto de talento, trabalho, organização, e mesmo aquilo que parecia ser improviso, quase caótico, tem um grau de unidade e uma lógica que permite que dê certo. Por isso, maravilhados, milhões de portugueses estão descobrindo pela televisão porque o Brasil deu certo e dá certo”, elogiou.
O presidente citou alguns brasileiros que não acreditam no país, com falas negativas e desmotivadoras. “O Brasil está terminando um ciclo e começando outro, o novo ciclo é de crescimento e estímulo ao crescimento. Portugal também está terminando um ciclo muito difícil de crise e começando um caminho de crescimento e emprego. Nesse novo ciclo comum, finalmente simultâneo, é possível apostar em micro, pequenas e médias empresas que provavelmente não vão competir com grandes empresas nas grandes metrópoles, mas que vão encontrar nichos de mercado e noutras áreas do Brasil encontrar mercados novos”, falou citando que não por acaso outras delegações portuguesas chegam ao Brasil, como o ministro da cultura e o primeiro-ministro, nos próximos meses.
Entre as relações bilaterais a serem conversadas, Marcelo Rebelo citou como muito atual a economia e meio ambiente, energia, infraestrutura e obras públicas em que Portugal “pode dar seu contributo”, disse. “Há uma série de áreas interessantes, e não falo do comércio, mas poderá dar exemplo do vinho, pela primeira vez o vinho tinto português está ganhando cota do mercado de vinho estrangeiro no Brasil, contra vinhos competitivos”. Nesse sentido, o presidente partilhou uma teoria, de que política, vida empresarial e cultural se faz com empatia pessoal e não “apenas de números”.
Nesse período pós eleições, Portugal prepara portanto uma aproximação econômica com uma missão empresarial ao Brasil, continuando as conversações já iniciadas no governo anterior e também explorar novos projetos, fazendo um importante levantamento das ações o quanto antes.
A cimeira da CPLP que aconteceria em julho também foi adiada para novembro. Segundo o presidente português, o bloco deve ser presidido pelo Brasil depois de muitos anos, uma “oportunidade” segundo Marcelo, pelo peso da língua portuguesa no mundo, além da solidariedade em candidaturas internacionais – e o Logo_Galeria-de-ImagensBrasil quer um lugar no Conselho de Segurança da ONU – além de contar com polos de língua portuguesa em todos os continentes. “Para uma potência mundial que não é regional isso é muito importante”.
O presidente finalizou a sua visita ao país com encontros realizados em Recife.

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