No Brasil, ministro da Economia de Portugal firma acordo de cooperação sobre startups

Cabral, Skaf e Kassab com o memorando que visa ao fomento de startups. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Cabral, Skaf e Kassab com o memorando que visa ao fomento de startups. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

Mundo Lusíada
Com agencias

Portugal e a Fiesp assinaram memorando de entendimento para o fomento ao intercâmbio para internacionalização de empresas nascentes de base tecnológica (startups). O documento foi firmado na sede da Fiesp, em cerimônia com a participação do ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, e do ministro português da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

O ministro da Economia de Portugal, Manuel Caldeira Cabral, desembarcou em São Paulo dia 16 para mais uma visita com o objeto de estreitar as relações econômicas e empresariais entre os dois países. O Governo de Portugal firmou mais um memorando nesta área no país, com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o maior sindicado patronal do Brasil. O termo assinado prevê ações bilaterais de cooperação técnica, incentivo à participação de empresas dos dois países em eventos de startups, e a elaboração de diretrizes para estimular o investimento de incubadoras e empresários do Brasil e de Portugal nestas companhias.

“Esta colaboração e os incentivos que estamos a criar vão dar mobilidade aos startups. Num futuro próximo poderemos ter empresas portuguesas desenvolvendo negócios interessantes no Brasil ou sendo apoiadas financeiramente pelas incubadoras que atuam aqui [no Brasil]. Também poderemos ter empresas brasileiras que querem desenvolver ações no mercado europeu indo para Portugal”, explicou ministro português.

O representante do Governo destacou que para incentivar tais negócios inovadores, criados por empreendedores que “serão responsáveis por grandes mudanças no futuro”, sendo necessário construir pontes com empresas e instituições privadas. “Este é o caso deste memorando que assinamos com a Fiesp, que também é uma referência em todo o Brasil”, afirmou.

Caldeira Cabral também lembrou que as parcerias de Portugal com o Brasil na área de inovação são discutidas há algum tempo, citando encontros que teve com o ministro brasileiro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, em Brasília e em Macau.

O ministro disse que pretende apoiar um evento de startups realizado no Brasil chamado Acelera, que pretende divulgar em Portugal. Ele também afirmou que deseja trazer mais empresa inovadora do Brasil ao Web Summit Lisboa.

Paulo Skaf destacou a importância do empreendedorismo para o Brasil, o que a Fiesp estimula, por exemplo, com o Concurso Acelera Startup. Ele espera ver nas próximas edições a participação de empresas portuguesas no evento. Empresas de aplicativos com sucesso em Portugal poderiam aproveitar, com facilidade de adaptação, o enorme mercado brasileiro. E para as startups brasileiras, Portugal poderia oferecer a facilidade de tradução para os vários idiomas do mercado europeu.

Outro passo é ver como possibilitar a reciprocidade no uso das incubadoras em ambos países. E também é importante, disse o ministro, tentar reciprocidade também em fundos e outros recursos financeiros para o desenvolvimento das startups. A meta, explicou, é que Portugal trate as startups brasileiras como se fosse empresas portuguesas e vice-versa. Para isso, no caso de Portugal, não é preciso mudar a legislação, bastando alterar a formatação de fundos.

O ministro da Economia de Portugal ressaltou também que há ainda muito espaço a explorar em relação às pequenas e médias empresas e em termos também de cooperação científica e tecnológica.

Na prática
Questionado pela agência Lusa sobre a afirmação do primeiro-ministro, António Costa, que em outubro destacou, no Brasil, que os empresários dos dois países devem deixar de apenas falar e passar a transformar em negócios o bom relacionamento estabelecido há muitos anos, Caldeira Cabral mostrou-se otimista e disse que algumas parcerias já estão a passar do campo das ideias para o das ações.

“Este memorando que assinamos hoje e o que assinamos no Rio de Janeiro [em setembro passado] são concretizações da abertura das portas [entre Brasil e Portugal], que vão permitir uma colaboração maior para promover o empreendedorismo”, afirmou.

Este protocolo com a Fiesp não foi o primeiro convênio firmado com uma instituição brasileira, já que em setembro passado, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado da Indústria de Portugal já haviam assinado um acordo parecido.

UE/Mercosul
Em visita ao Brasil, o ministro da Economia português disse, durante encontro com empresários em São Paulo, que um possível acordo com o Mercosul mostraria que a União Europeia, apesar da saída do Reino Unido, continua aberta ao mundo.

“A União Europeia agora tem que decidir se será apenas mais um bloco fechado ou se estará aberta para o mundo”, afirmou Manuel Caldeira Cabral.

À agência Lusa, o ministro lembrou que Portugal já assumiu publicamente o seu apoio à finalização e aprovação do acordo discutido entre os dois blocos continentais há mais de dez anos.

“Este acordo com o Mercosul seria um sinal importante que a União Europeia, daria ao mundo para mostrar que continua a apostar na abertura do comércio. Que continua a ser uma região promotora de um mundo mais aberto”, argumenta Caldeira Cabral.

Sobre o processo de saída do Reino Unido, que tem monopolizado a atenção dos líderes e paralisou a negociação com o Mercosul, Caldeira Cabral disse que as dificuldades trazidas pelo “Brexit” não devem paralisar as ambições dos países europeus.

“O fato de haver negociações com o Reino Unido, que são um aspecto muito importante para a União Europeia, não deve impedir, pelo contrário, deve fomentar que se acelerem as negociações com o Mercosul. Devemos mostrar que a União Europeia não está apenas a olhar para suas potenciais perdas, mas está a olhar para os ganhos que podem vir no futuro”, concluiu o ministro.

Durante sua visita, Manuel Caldeira Cabral se reúne com o presidente da BOVESPA, Edemir Pinto, com o presidente da FIESP, Paulo Skaf, além de um encontro com empresários portugueses.

Em Campinas, reúne com o Reitor, Pró-Reitores e o Diretor da Agência de Inovação INOVA da Unicamp, entre outros, além de visitar o Parque de Ciência de Tecnologia da universidade. Além de visitar o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e ao Techno Park. Já no dia 18, também em Campinas, o ministro deverá visitar duas grandes empresas brasileiras.

A visita faz parte das missões anunciadas pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, quando veio ao Brasil em agosto deste ano. Desde então, já chegaram ao país o primeiro-ministro António Costa e uma série de ministros e secretários de Estado.

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