No Brasil, Antonio Guterres diz que menos de 20% dos refugiados voltam para casa

Da Redação
Com Agência Brasil

Brasília - O Alto Comissário da ONU para Refugiados (Acnur), António Guterres, participa da reunião plenária extraordinária do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), no Ministério da Justiça. Foto: Elza Fiúza/ABr

O ex-Primeiro Ministro de Portugal (1995-2001), Antonio Guterres está no Brasil, como alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, cargo que ocupa desde 2005.

De acordo com ele, menos de 20% dos refugiados no mundo voltam aos seus países de origem, segundo dados do Acnur. Há dois anos, 1 milhão de refugiados retornavam à terra natal. Atualmente, o número é inferior a 200 mil.

De acordo com Guterres, os conflitos e as crises que provocam a expulsão da população de seus países estão cada vez mais duradouros e sem perspectiva de solução, o que dificulta o retorno dessas pessoas. “Por enquanto, parece que estamos em um mundo descontrolado, à deriva. As crises estão imprevisíveis”, disse o comissário, durante reunião em 02 de agosto com integrantes do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça.

O comissário mostrou preocupação com as situações na Líbia, Síria, Costa do Marfim e no Sudão, onde milhares de pessoas estão saindo desses países por causa de conflitos com os governos locais, e, principalmente na Somália, onde grande parte da população passa fome.

Para o secretário executivo do ministério e presidente do comitê, Luiz Paulo Barreto, quanto mais tempo o refugiado fica fora de seu país, mais aumenta a chance de permanecer em outras nações por estabelecer laços com o local onde foi acolhido, como casar-se ou ter filhos.

“Ele [refugiado] cria raízes novas, passa a fazer parte da sociedade, se abrasileirar”, disse, ao lembrar os casos de pessoas que deixaram a Angola, por exemplo, com destino ao território brasileiro. “Com a reconstrução do país, muitos voltaram para lá. Outros já estavam tão acostumados e decidiram ficar no Brasil”, contou.

Segundo o Conare, o Brasil abriga 4.432 refugiados de 77 nacionalidades, sendo 64% provenientes da África.

Visita
Durante os três dias de sua visita, Guterres tem encontros com autoridades dos três Poderes da República e com refugiados que vivem no país. Também fará palestra na Universidade de Brasília (UnB) e participará de audiência pública no Senado.

Esta é a segunda visita oficial de Guterres ao Brasil como chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) – a primeira teve lugar em 2005 – e reflete a importância cada vez maior do Brasil no cenário internacional, inclusive no campo humanitário.

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