Negociações sobre Doha terminam sem acordo

Da Redação Com agencias

As negociações sobre a liberalização do comércio mundial terminaram na terça-feira, 29 de julho, em Genebra sem acordo, devido à disputa entre Estados Unidos, China e Índia sobre a cláusula de salvaguarda.

A cláusula permitiria a um país aplicar direitos excepcionais sobre produtos agrícolas face a um forte aumento das importações ou uma baixa dos preços com o objetivo de proteger seus agricultores.

Enquanto o desejo de Nova Déli e Pequim era de que o patamar de desencadeamento deste mecanismo fosse relativamente baixo, Washington considerava que isso poderia se transformar em um instrumento protecionista.

O ministro neozelandês do Comércio, Phil Goff confirmou o fracasso de nove dias de debates e disse ser improvável o retorno dos países à mesa de negociações antes da metade do próximo ano.

O porta-voz da União Européia, Peter Power, considerou o fracasso das negociações como uma "machadada na confiança da economia global".

Fontes da reunião disseram que a disputa entre EUA, China e Índia no que diz respeito à cláusula de salvaguarda das importações agrícolas acabou com qualquer esperança de um acordo.

O diretor-geral da organização, Pascal Lamy deve explicar as razões do fracasso aos 153 Estados-membros da OMC. Lamy sugeriu que os negociadores busquem ao menos certo grau de conciliação através da adoção de salvaguardas no âmbito interno. Para reprimir que as importações atinjam um nível prejudicial ao país em questão, seriam cobrados mais impostos quando o limite de segurança fosse ultrapassado.

O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, pediu que os países membros da OMC "deixem de trocar acusações e assumam os riscos de um acordo final" para o sucesso da Rodada de Doha. O Brasil tem sinalizado, desde a semana passada, a intenção de aceitar um acordo proposto por Pascal Lamy, o que gerou atritos com outros países em desenvolvimento que estavam mais irredutíveis, como Argentina e Índia.

Iniciadas em novembro de 2001, em Doha, no Qatar, as negociações sobre a liberalização do comércio mundial deveriam estar concluídas em 2004, mas foram sendo repetidamente interrompidas devido às grandes divisões entre os países ricos e os países em desenvolvimento. Ainda não foi possível aumentar o grau de liberalização no comércio mundial compatibilizando os diferentes interesses dos diversos países.

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