Nas vésperas de enfrentar Portugal, técnico é demitido da seleção espanhola

Mundo Lusíada
Com Lusa

Julen Lopetegui, ex-técnico de Espanha de futebol, vai ser apresentado como treinador de futebol do Real Madrid, às 19:00 locais (18:00 em Lisboa) desta quinta-feira, anunciou o clube espanhol.

“O Real Madrid vai apresentar hoje, quinta-feira, 14 de junho, Julen Lopetegui como novo treinador da primeira equipe. O evento terá lugar às 19:00 no palco de honra do Estádio Santiago Bernabéu”, divulgou o clube, que conta com o avançado português Cristiano Ronaldo.

A dois dias da Copa do Mundo, Lopetegui, de 51 anos, que treinou o FC Porto entre 2014 e 2016, foi afastado na quarta-feira do cargo de técnico de Espanha, depois de ter sido anunciado como treinador dos tricampeões europeus e sucessor de Zinedine Zidane.

O Presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales teria se visto “obrigado a demiti-lo” após o anúncio. “O problema é como as coisas foram feitas com total ausência de participação da Federação Espanhola de Futebol, isso é algo que não podemos ignorar” comentou. A Federação já anunciou também o diretor esportivo Fernando Hierro como técnico da Fúria durante a Copa da Rússia.

Julen Lopetegui estava invicto à frente da seleção de Espanha de futebol, que na sexta-feira estreia no Mundial2018, frente a Portugal. Ele não perdeu nenhum dos 20 jogos ao comando da Espanha, que assumiu após o Euro2016, tendo somando nove vitórias e um empate, em Itália (1-1), na fase de qualificação para a prova que arranca na quinta-feira na Rússia.

No que respeita aos particulares, a Espanha já defrontou Bélgica (2-0 fora), Inglaterra (2-2 fora), França (2-0 fora), Colômbia (2-2 em casa), Alemanha (1-1 fora), Argentina (6-1 em casa) e Suíça (1-1 em casa) e não sabe o que é perder.

Incrédulos

Jornalistas espanhóis que acompanham o Mundial2018 revelaram-se incrédulos com os acontecimentos da equipe espanhola, a dois dias do jogo com Portugal.

“Assombro total. Uma bomba que caiu na seleção e que era inimaginável, anda para mais com a trajetória da seleção que era só sucesso desde que Lopetegui pegou na ‘roja’. Um incomodo. Deixar a seleção a 48 horas de começar o mundial é inaudito”, disse à Lusa Alejandro Rodriguez, repórter da televisão nacional TVE.

Luis Mora, da rádio Cadena Ser, manifestava a mesma estupefação, dizendo que “é incrível” o que aconteceu. “A dois dias de começar o mundial? Primeiro a notícia da contratação de Lopetegui pelo Real Madrid e agora a sua destituição. As pessoas ficam perturbadas. Isto não parece sério”, disse.

Num grupo que conta ainda com o Irã de Carlos Queiroz e Marrocos, o jornalista entende que “a experiência dos jogadores vai ser a chave do desempenho da Espanha”. “A base dos jogadores é do Real Madrid e do FC Barcelona. São muito experientes, passaram por muitos problemas nas suas equipes. No jogo devem mostrar qualidade, a sua veterania e personalidade. Oxalá pensem assim, ou podemos fazer o ridículo”, assumiu.

Luis Mora acha que esta foi uma “contratação de urgência” – “não tem o currículo de Ancelotti ou Mourinho e nunca ganhou nada em clubes” – a federação fez o que devia: “Se há um selecionador que não pensa na Espanha a 100 por cento, para é que o queremos?”.

O repórter considerou ainda que a chegada de Lopetegui pode ser “boa para Cristiano Ronaldo, uma vez que ambos são representados pelo mesmo agente, Jorge Mendes”.

Já Alejandro Rodriguez defende que “este não podia ser o pior momento” para esta situação, considerando que o maior problema foi mesmo a “comunicação”. “O Real Madrid fez o que tinha a fazer, contratar um treinador. Agora este divórcio, depois anos de um projeto que está prestes a culminar, é incrível”, lamentou.

O jornalista da televisão Media 7 fala em “surpresa absoluta” mas adverte que “falar de traição ou uma coisa gravíssima é um exagero”.

“É uma surpresa absoluta e verdadeiramente inoportuno, mas é normal um técnico pensar num clube após o Mundial. O Real Madrid. A federação teve um discurso moral justo. Se o líder não respeita a seleção e a equipe nacional, então este divórcio era a única saída”, completou.

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