Da Redação
Com Lusa
O ministro português da Defesa Nacional assegurou que não há “neste momento” necessidade de pensar “num plano operacional” para retirar portugueses e lusodescendentes da Venezuela.
“Neste momento não temos nenhuma indicação por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de que haja qualquer necessidade de pensar num planejamento operacional para extrair portugueses, lusodescendentes, cujo objetivo é sobretudo continuar a viver na Venezuela e esperamos que haja condições para que assim seja”, afirmou Gomes Cravinho.
Numa audição parlamentar a requerimento do CDS-PP, o ministro da Defesa disse que as Forças Armadas “estão sempre prontas para num curto tempo desenvolver planos para circunstâncias que o justifiquem”.
Contudo, a questão não se colocou e “não temos um plano operacional para retirar portugueses da Venezuela”, reiterou.
Face às afirmações do ministro, o deputado do CDS-PP João Rebelo manifestou surpresa afirmando que “não lhe passa pela cabeça” que não exista ainda “uma reflexão” sobre “um plano de evacuação” no Ministério da Defesa e no Estado-Maior General das Forças Armadas.
Perante críticas do PCP e do BE sobre a estratégia do Governo português em relação à situação política na Venezuela, o ministro da Defesa considerou que a matéria cabe ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, escusando-se a discutir o tema em concreto.
PCP e BE acusaram o governo português de assumir uma posição “irresponsável” de “seguidismo” dos presidentes norte-americano, Donald Trump, e brasileiro, Jair Bolsonaro, e de alguns governos europeus, ao reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
Embaixador em Portugal
No dia 19, o Presidente interino da Venezuela nomeou José Rafael Cotte para o cargo de embaixador da Venezuela em Portugal. O anúncio de Juan Guaidó identifica diplomatas para representarem a Venezuela em 15 países europeus e também na República Dominicana e na Austrália, que o reconheceram como chefe de Estado interino.
Do grupo de representantes anunciado por Guaidó, destaque ainda para a escolha de Antonio Ecarri, vice-presidente do partido Ação Democrática, como embaixador em Espanha.
Na Europa, além de Portugal e Espanha, Juan Guaidó nomeou embaixadores na Alemanha, França, Malta, Suécia, Áustria, Dinamarca, Suíça, Reino Unido, Bélgica, Luxemburgo, Romênia, Andorra, Holanda, países que o reconheceram como Presidente interino da Venezuela.
A Polônia também o reconheceu, mas a escolha de um embaixador foi adiada a pedido dos deputados. Nas últimas semanas, Guaidó nomeou representantes diplomáticos em 13 países da América no Norte e do Sul.
Também os embaixadores de Espanha, França, Alemanha, Itália e Reino Unido na Venezuela anunciara uma promessa de ajuda no valor de 18 milhões de dólares (16 milhões de euros) para medicamentos e alimentos.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Ajuda humanitária
Em Brasília, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, já anunciou a instalação de centrais de distribuição de doações em Boa Vista e Pacaraima. O governo brasileiro pretende enviar alimentos e medicamentos para a população venezuelana.
Na segunda-feira, Nicolás Maduro anunciou que a Rússia enviou 300 toneladas de ajuda humanitária para os venezuelanos. “Todos os dias temos assistência humanitária internacional. Na quarta-feira vão chegar 300 toneladas de ajuda e assistência humanitária da Rússia”, disse.
Nicolás Maduro falava em Caracas, num conselho presidencial de ciência, tecnologia e inovação, durante o qual voltou a rejeitar a ajuda humanitária oferecida pelos Estados Unidos e outros países que se encontra na Colômbia, Brasil e no Curaçau, à espera de autorização para entrar no país.
“Vão chegar ao Aeroporto de Maiquetía medicamentos de alto custo para ajudar o povo. Isso sim, já pagamos, com a nossa mão, com a ajuda da Rússia, da Turquia, da China e da ONU”, disse Maduro.
O exército da Venezuela está “alerta” contra quaisquer violações de fronteira, segundo o ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino Lopez.
De acordo com Maduro, há uma tentativa de ingerência no país, liderada pelos Estados Unidos. Ministros têm declarado publicamente resistência ao suposto movimento externo de interferência.
Delegações de parlamentares da Europa e dos Estados Unidos reclamaram da imposição de obstáculos para ajuda humanitária.