“Não são dados que estão sendo explorados, são pessoas sendo manipuladas”, diz Snowden

Da Redação
Com Lusa

O ex-analista norte-americano que denunciou práticas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, Edward Snowden, alertou para pessoas estarem a ser manipuladas e não os dados.

“Não são os dados que estão a ser explorados, são as pessoas que estão a ser manipuladas”, advertiu Snowden na abertura da quarta edição da cimeira tecnológica Web Summit que decorre até quinta-feira no Parque das Nações, em Lisboa.

Questionado sobre os esforços para a proteção de dados dos utilizadores na Europa, Snowden indicou que não considera a introdução do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) uma resposta eficaz, uma vez que “o problema não é a proteção de dados, mas sim a recolha de dados”.

O ex-analista informático salientou que “não há problema em recolher [dados] desde que não haja uma fuga”, no entanto, o que percebemos em 2013, é que “há sempre uma fuga”.

Edward Snowden revelou, em 2013, a existência de um sistema de vigilância mundial de comunicações e de internet, tendo sido acusado pelos Estados Unidos de espionagem e apropriação de segredos do Estado.

Ao longo do seu discurso, Snowden referiu ainda que o modelo de negócios de empresas como o Google e o Facebook “é abusivo”, mas consideram-no “legal”.

“Esse é que é o verdadeiro problema, nós legalizamos o abuso [relativamente aos dados pessoais recolhidos], criamos um sistema que torna a população vulnerável para benefício dos privilegiados”, afirmou.

Snowden discursou por videoconferência, uma vez que se encontra asilado na Rússia, para onde fugiu depois de ter revelado informação confidencial e ser procurado pela justiça norte-americana.

Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores.

A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa desde 2016, vai manter-se na capital até 2028, depois de, em novembro do ano passado, ter ficado decidida a permanência da conferência em Portugal por mais 10 anos, após uma candidatura com sucesso.

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