“Não há evidências que incidentes no Tejo sejam imputados às empresas”

Movimento proTEJO referiu que “a água do Tejo que o ministro do Ambiente diz que está ‘a caminho de boa’ vem de Espanha.

Mundo Lusíada
Com Lusa

O presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão declarou que, até agora, as entidades oficiais não têm evidências de que os incidentes no Tejo sejam imputados às empresas e adiantou que se o foram têm que ser responsabilizadas.

Sobre as empresas que temos em Vila Velha de Ródão, estamos a falar de empresas que estão licenciadas, que têm licenças ambientais e cumprem com as suas licenças ambientais. Não há até hoje evidências pelas entidades oficiais de que os incidentes que tenham acontecido no rio sejam imputados às empresas”, afirmou o presidente do município, Luís Pereira.

Sustentou ainda que caso venha a ser imputada essa responsabilidade às empresas, estas terão de responder por isso e ser responsabilizadas: “Até aí também nunca dissemos o contrário”.

O autarca sublinhou que desde que os problemas começaram a surgir e que começaram a ter na opinião pública uma atenção redobrada, o município tem estado com as entidades oficiais em permanente contacto e colaboração, no sentido de dar o seu contributo para que o rio Tejo possa ser um rio vivo e que possa cumprir a sua função.

“Já dissemos que Vila Velha de Ródão não quer ser parte do problema, quer ser parte da solução”, frisou.

Luís Pereira realça que estão a ser feitos investimentos relevantes em Vila Velha de Ródão e acredita que são um exemplo em termos de contributo para a melhoria do ambiente e, em particular, do rio Tejo.

“Temos um rio com imensos problemas que são conhecidos e que estão a ser focados apenas numa parte [Vila Velha de Ródão]. Aquilo que posso dizer é que o que está a ser feito em Vila Velha de Ródão é exemplar do ponto de vista do contributo da melhoria da qualidade da água do rio”, disse.

O autarca entende que se os procedimentos que estão a ser feitos no seu município forem aplicados em toda a extensão do rio, certamente que este deixa de ser um problema.

“Mas tem que o ser. Tem que o ser. Não podemos ficar apenas por Vila Velha de Ródão. Tem que ser feito mais em toda a extensão do rio”, sustentou.

Adiantou ainda que o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, “está fortemente empenhado” em resolver a questão e realçou que o município demonstrou a sua total disponibilidade para colaborar, e que o está a fazer no sentido de que o problema seja resolvido.

“A câmara quer que seja [todo o processo] o mais transparente possível e que as pessoas conheçam todos os resultados das análises. Se há problemas, que sejam transmitidos à opinião pública para que esta discussão seja uma discussão, acima de tudo, informada. Aquilo que andamos a discutir são opiniões e suposições”, sublinhou.

Luís Pereira sustenta que a discussão em torno do rio Tejo deve assentar em fatos concretos para que o problema possa ser verdadeiramente resolvido.

“Se não o que fazemos é estar a sacrificar um concelho do Interior, despovoado, em que estão, neste momento, todas as pessoas a apontar o dedo, independentemente de conhecerem ou não o problema, mas sob suspeita. O que queremos é que essa suspeita fosse esclarecida”, concluiu.

Limpeza no Rio

Essa semana, o Ministro português do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, justificou a recuperação da qualidade da água do rio Tejo junto a Abrantes, com as medidas adotadas nos últimos dez dias. Mas ambientalistas atribuíram a limpeza do Tejo a águas vindas da Espanha.

Em comunicado, o Movimento pelo Tejo – proTEJO -, com sede em Vila nova da Barquinha, no distrito de Santarém, referiu que “a água do Tejo que o ministro do Ambiente diz que está ‘a caminho de boa’ vem de Espanha, estando os caudais extraordinariamente elevados vindos das barragens do país vizinho a permitir uma limpeza da água do rio Tejo na albufeira do Fratel”.

Segundo o movimento ambientalista, “afinal a água que vem de Espanha não é assim de tão má qualidade e permite obter resultados rápidos”.

Os ambientalistas do proTEJO sublinharam estar “a registar-se um grande afluxo de água vinda de Espanha” e sustentam as suas afirmações com dados oficiais das barragens espanholas.

“Tendo em conta a menor quantidade de água, com as barragens da Extremadura espanhola a 49% a 05 de fevereiro de 2018, comparativamente com os 55% que se registraram na mesma semana de 2017, está a registrar-se um grande afluxo de água vinda de Espanha”, sublinham, referindo como fonte o sítio Embalses.net – Província de Cáceres.

“Num único dia, 07 de fevereiro de 2018, a barragem de Cedillo descarregou 5,36 hm3 [hectômetros cúbicos] de água e, dia 08 de fevereiro, entre as 03:00 e as 09:00 descarregou 3,68 hm3, perfazendo estes dois dias cerca de 09 hm3, ou seja, um volume de caudal muito superior aos 07 hm3 que Espanha está obrigada a enviar numa semana para cumprir a Convenção de Albufeira”, acrescentou.

Com base no Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, o movimento indicou que “tem entrado e saído da barragem do Fratel, nos dias 05, 06 e 07 de fevereiro, um caudal médio diário entre 191 e 287 m3/segundo, com máximos de entrada de água de perto de 1.000 m3/segundo registados no dia 07 de fevereiro, quando o caudal mínimo acordado pela Agência Portuguesa do Ambiente com o concessionário EDP na barragem do Fratel e Belver é de 10 m3/segundo de caudal médio diário”.

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