“Não desistam” diz Guterres aos participantes da COP24

Da Redação

O secretário-geral da ONU deixou a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP24, em Katowice com uma nota pedindo aos participantes que “não desistam”.

António Guterres abriu oficialmente o evento na segunda-feira na cidade da Polônia, que até 14 de dezembro deve receber mais de 30 mil pessoas e 500 voluntários.

Na terça, o chefe das Nações Unidas “encorajou vivamente” a todos na COP24 a serem ousados, francos, que aumentem a ambição climática e façam da conferência um sucesso. Guterres destacou que todos precisam demonstrar ação climática.

Falando a jornalistas, Guterres disse que a Cimeira do Clima, que acontece em setembro do próximo ano em Nova Iorque, vai concentrar-se em três resultados: elevar a ambição, ação transformadora e mobilização de cidadãos e jovens sem precedentes.

O secretário-geral disse que o evento acontece durante “a semana de alto nível da Assembléia Geral da ONU para garantir tantos chefes de Estado e chefes de governo quanto possível.”

Guterres convidou ainda “todos os governos, empresas, fontes de financiamento, públicas e privadas, e organizações da sociedade civil a participarem do processo preparatório”.

Perguntado por um jornalista se a ONU vai dialogar com produtores de combustíveis fósseis na indústria de petróleo, gás e carvão, o chefe da ONU explicou que essas interações já começaram e embora “o diálogo com a indústria seja às vezes difícil e complexo”, essas empresas estavam cada vez mais reconhecendo a necessidade de mudar e desenvolver estratégias de energia renovável.

“Coisa Certa”
A presidente da Assembleia Geral questionou o que faltava para tomar as medidas necessárias num mundo que está vendo que a mudança climática “destrói países inteiros” e sabendo que existe tecnologia para impedir esse fenômeno.

María Fernanda Espinosa quer que o evento simbolize a audácia, a coragem e a decisão de fazer a “coisa certa”, no que considera um momento de emergência. Ela defende a construção de um mundo seguro e sustentável para todos hoje e para as gerações do futuro.

Durante as duas semanas da reunião, mais de 55 mil toneladas de dióxido de carbono poderão ser geradas no local.

Para compensar essa emissão, se espera plantar cerca de 6 milhões de árvores numa área de mais de 340 campos de futebol, um espaço equivalente ao maior parque do mundo, o Central Park de Nova Iorque.

Após a adoção do Acordo de Paris para combater às mudanças climáticas, os delegados de mais de 195 países devem continuar com a negociação climática.

A expectativa é que a reunião na Polônia defina estratégias para implementar a visão de futuro zero carbono do Acordo de Paris e atingir a meta de limitar o aquecimento do Planeta ao máximo de 2º C até o final do século, acima dos níveis pré-industriais, ou na meta ideal de 1,5 ºC.

Agricultura
O diretor da Divisão de Envolvimento Global e Relações Multilaterais do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Fida, acredita que “a mudança climática é uma realidade.”

Em entrevista na ONU, Ashwani Muthoo afirmou que já se sentem os problemas causados por estas alterações e explicou como a agência da ONU se está preparando para estes desafios.

“Já temos muitas secas, muitas inundações, que estão trazendo muitas dificuldades para a vida cotidiana dos pequenos agricultores. O Fida está fazendo muito neste âmbito. Temos um programa de financiamento somente para ajudar os pequenos agricultores a se adaptarem às mudanças climáticas, especialmente ajudando para que tenham tecnologias e pesquisas tecnológicas mais apropriadas para trabalhar nesse contexto das secas, e esses problemas da área de mudança climática.”

Ao serviço da agência da ONU, Muthoo já trabalhou em vários países lusófonos, como Moçambique, Brasil e São Tome e Príncipe. Ele acredita que um dos principais desafios está relacionado com a alimentação.

“A nossa organização acha que um dos maiores desafios é, realmente, melhorar a segurança alimentar e a nutrição das populações mais pobres nesses países. Isso vai precisar de melhor tecnologia, para melhorar a produção e melhorar a produtividade, mas também para ajudar esses pequenos agricultores a ter acessos a mercados para melhorar a renda deles.”

Muthoo explica que a agência com presença em mais de 100 países pretende melhorar a produção dos pequenos agricultores a maioria dos seus projetos pretende.

A agência também tem um foco especial nas mulheres e nos jovens. Muthoo lembra que perto de 50% de todas as pessoas que trabalham na agricultura são mulheres.

Quanto aos jovens, o responsável diz que é preciso “transformar as áreas rurais, com mais e melhores infraestruturas, para que seja mais interessante para os jovens morar nas zonas rurais.”

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