Da Redação com Lusa
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse neste dia 28 que “uma guerra no século XXI é um absurdo”, à chegada a Borodianka, nos arredores da capital ucraniana.
“Imagino minha família numa dessas casas que estão agora destruídas e enegrecidas. Vejo as minhas netas a correr em pânico. A guerra é um absurdo no século XXI, nenhuma guerra é aceitável no século XXI”, disse o secretário-geral das Nações Unidas.
António Guterres fez essas declarações aos jornalistas diante de casas em ruínas em Borodianka, acompanhado por soldados ucranianos e autoridades locais.
O secretário-geral da ONU chegou na manhã de hoje a Borodianka, localidade onde os ucranianos acusam os russos de terem cometido crimes durante a ocupação da região em março, relatou a agência de notícias France-Presse (AFP).
Nesta que é a sua primeira visita à Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, António Guterres tem encontro marcado para esta tarde com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tendo visitado também durante a manhã as localidades de Bucha e Irpin.
Em Bucha, o secretário-geral das Nações Unidas sublinhou a importância de uma investigação sobre a eventuais crimes de guerra.
“Apelo à Federação Russa para que aceite e colabore com o Tribunal Penal Internacional”, disse Guterres durante a sua visita a uma vala comum, expressando “total apoio” a uma investigação do TPI.
“Quando falamos de crimes de guerra não podemos esquecer que o pior dos crimes é a própria guerra”, acrescentou.
António Guterres visitou ainda Irpin onde sublinhou que “sempre que há uma guerra o preço mais alto” é pago pelas populações.
O secretário-geral da ONU chegou à Ucrânia na noite de quarta-feira após uma visita a Moscou na terça-feira, onde se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin, e pediu à Rússia que trabalhe com a ONU para permitir a retirada de civis de áreas bombardeadas, principalmente no leste e sul da Ucrânia, onde a Rússia está a concentrar a sua ofensiva.
Após os “acordos de Moscou”, a ONU já se está a preparar e a coordenar para que essas evacuações e a entrada de bens alimentares sejam possíveis e ocorram o mais rápido possível, esperando que as reuniões de quinta-feira na Ucrânia possam dar mais frutos.
“A ordem das visitas foi uma questão de logística. As cartas foram enviadas aos dois Governos a partir de Nova Iorque. A Rússia respondeu primeiro e quando a resposta da Ucrânia chegou, agendamos esta visita”, explicou Saviano Andreu, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).
Guterres entrou na Ucrânia na manhã de hoje através da fronteira com a Polônia e continuou a sua viagem para a capital ucraniana, Kiev, de carro, escoltado por seguranças da ONU e militares ucranianos.
Na sua viagem de centenas de quilómetros de automóvel para Kiev, o principal líder da ONU fez duas paragens pelo caminho.
António Guterres não só se encontrará com o Presidente Zelensky e com o seu ministro dos Negócios Estrangeiros Dmytro Kuleba, como também se reunirá com funcionários das agências da ONU para discutir “como otimizar a assistência humanitária ao povo da Ucrânia”, embora, por enquanto, não tenha revelado qual o local em que visitará as equipas no terreno.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que provocou um número de baixas civis e militares ainda por determinar.
A ONU confirmou na quarta-feira que pelo menos 2.787 civis morreram e 3.152 ficaram feridos, mas manteve o alerta para a probabilidade de os números serem consideravelmente superiores.
O conflito levou mais de 5,3 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
War is evil. pic.twitter.com/LUKYqLTnyB
— António Guterres (@antonioguterres) April 28, 2022