Na sessão de 25 de Abril, presidente português chamou atenção para o desemprego

Mundo Lusíada
Com Lusa

Sessão solene comemorativa dos 39 anos da revolução de Abril, na Assembleia da República, em Lisboa, 25 de abril de 2013. MARIO CRUZ / LUSA
Sessão solene comemorativa dos 39 anos da revolução de Abril, na Assembleia da República, em Lisboa, 25 de abril de 2013. MARIO CRUZ / LUSA

O Presidente português defendeu a colocação do combate ao desemprego como uma prioridade da ação governativa e admitiu que alguns dos pressupostos do programa de assistência financeira não se revelaram ajustados à realidade.

“Dois anos decorridos sobre a concretização do programa de assistência financeira, o reconhecimento objetivo de aspetos positivos não nos deve desviar a atenção do programa mais dramático que Portugal enfrenta: o agravamento do desemprego e o aumento do risco de pobreza, em resultado de uma recessão econômica cuja dimensão ultrapassa, em muito, as previsões iniciais”, referiu o chefe de Estado, no seu discurso na sessão solene do 39º aniversário do 25 de Abril, que decorreu na Assembleia da República.

Depois de dedicar a parte inicial da intervenção aos objetivos alcançados desde que teve início o programa de assistência financeira, o Presidente da República fez um ‘parêntesis’ para sublinhar que “o combate ao desemprego deve ser uma prioridade da ação governativa”.

“Esta destruição de capital humano coloca graves problemas pessoais, familiares e sociais, tendo ainda um impacto muito negativo sobre o crescimento potencial da nossa economia”, assinalou, destacando que, além dos jovens, outro grupo tem sido “gravemente afetado e infelizmente esquecido”, ou seja, quem tem entre 45 e 65 anos.

Reconhecendo que o efeito recessivo das medidas de austeridade revelou-se “superior ao previsto, provavelmente por falha nas estimativas”, Cavaco Silva notou igualmente que “alguns dos pressupostos do programa não se revelaram ajustados à evolução da realidade, o que suscita a interrogação sobre a ‘troika’ não os deveria ter tido em conta mais cedo”.

Pois, continuou, na verdade o impacto recessivo das medidas de austeridade e a revisão, “para pior”, da conjuntura internacional têm afetado significativamente o esforço de consolidação orçamental, nomeadamente a redução do déficit e a contenção do crescimento da dívida pública.

“Neste contexto, as metas iniciais do déficit público revelaram-se uma impossibilidade e acabaram por ser revistas. Agora prevê-se que apenas em 2015 Portugal deixará de se encontrar numa situação de déficit excessivo”, frisou, ressalvando, contudo, que é “um sinal positivo” o déficit primário estrutural ter sofrido uma redução de seis pontos percentuais do PIB nos últimos dois anos.

Cavaco Silva aproveitou para deixar a ‘sugestão’ de que, após a intervenção externa, “poderá ser preferível fixar limites ao crescimento da despesa pública, os quais, sendo mais fáceis de avaliar, tornam o processo de consolidação orçamental mais credível e transparente”.

Sessão solene

A “Trova do vento que passa” interpretada pelo grupo de Coimbra “Capas Negras” abriu a sessão solene comemorativa do 39º aniversário do 25 de Abril, na ausência do autor da letra, o histórico socialista Manuel Alegre.

No final do tema musical símbolo da resistência, convidados e deputados trautearam o refrão, interpretado por uma formação musical de Coimbra, que inclui o deputado do PSD Nuno Encarnação.

Na bancada do Governo, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, é dos poucos elementos do executivo com um cravo vermelho ao peito, tendo o ministro da Educação, Nuno Crato, igualmente a flor da revolução na lapela.

Nas bancadas de todos os partidos, com exceção do CDS-PP, podia se ver deputados envergando cravos vermelhos.

O Presidente Cavaco Silva optou por uma gravata em tom vermelho, sem o cravo vermelho ao peito, ao contrário da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que o colocou preso no casaco.

A mulher do antigo Presidente da República Mário Soares Maria Barroso foi uma das primeiras convidadas a chegar, sem o marido, que preferiu não estar presente, pelo segundo ano consecutivo. O poeta e histórico socialista Manuel Alegre também não esteve presente, à semelhança dos dirigentes da Associação 25 de Abril.

Ao final, ainda esteve na agenda a inauguração do Centro de Acolhimento ao Cidadão, no Antigo Refeitório dos Monges, pelo presidente português.

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