Comunidade Gebelinense de São Paulo – Numa das paredes do salão social, uma foto aérea de Gebelim ladeada pelas bandeiras do Brasil e de Portugal. No palco, a Capela de São Bernardino, do século XVIII (1714) compõe o cenário onde se apresentaram a Tocata e o Rancho Folclórico Cantares e Dançares do Minho.
Por Eulália Moreno
Por caminhos tortuosos no desvio da N216, nas faldas da Serra de Bornes, está a linda freguesia de Gebelim e a sua história que vai até a época dos mouros. Os habitantes, segundo o último censo, não chegam a 250 .
Aqui, na maior cidade de Língua Portuguesa do mundo, por caminhos igualmente tortuosos que margeiam a Serra da Cantareira, fui no passado domingo, dia 27 de Março, conhecer a sede da Comunidade Gebelinense de São Paulo e participar do seu primeiro evento anual.
E a quase viagem não foi nada pacífica: alguns quilômetros antes da sede, um grupo de moradores da favela Cachoeira, por não terem abastecimento de água, iniciaram um grande protesto com queima de pneus, obstruindo o caminho. A chegada das forças de segurança não acalmou os ânimos e os motoristas que aguardavam pacientemente a liberação da estrada foram animados pelos policiais a procurarem caminhos alternativos.
Por causa disso, chegou-se tarde mas sempre a tempo. Logo à entrada um chafariz natural em pedra faz recordar Gebelim. O controle da entrada é eficaz: quem tem convites os apresenta, quem é convidado ou é da imprensa, recebe uma pulseirinha que garante o livre trânsito nas filas que se formam para provar e comprovar a qualidade da gastronomia, que nos oferece o Bacalhau ao Forno “com todos” e o Bacalhau a Gomes de Sá que, segundo alguns, “é um dos melhores de São Paulo”. A regência dos tachos fica por conta do Antonio e da Emília, e a “orquestra” é formada por profissionais contratados.
Numa das paredes do salão social, uma foto aérea de Gebelim ladeada pelas bandeiras do Brasil e de Portugal. No palco, a Capela de São Bernardino, do século XVIII (1714) compõe o cenário onde se apresentaram a Tocata e o Rancho Folclórico Cantares e Dançares do Minho, com viras e chulas daquela região portuguesa, ensaiados pelo Marcelo Pereira e com o mais antigo folclorista de São Paulo, o Caldas, como apresentador e também cantor. Os trajes vistosos do Minho trouxeram um colorido especial e batida forte e compassada da zabumba e dos ferrinhos foi o convite para os mais animados subirem ao palco e dançarem.
O atarefado e sempre atento presidente recém empossado, Alcino Augusto Loureiro, nem disfarçava a alegria por ver a casa cheia: “com mais 10 festas como esta conseguiremos fazer muitas melhorias para a nossa sede”. As melhorias são a construção de um escritório e, quem sabe um dia (por que não?), um teto em placa de cimento e telhado para que o ambiente fique menos quente. A verdade é que a proximidade da Cantareira traz um frescor natural e até uma chuva a meio da tarde veio a calhar.
Entre os presentes, Horácio Sancho, argentino de Santa Fé, funcionário de uma empresa de Engenharia Civil sente-se em casa. “Não sei como explicar isto. Venho aqui a todos os eventos, conheço Gebelim, tenho amigos que moram lá. Adoro tudo isto. A única maneira que encontro de explicar é que tenho uma ascendência galega e os galegos são quase portugueses”, declara enquanto bebe mais uma taça do “Casal Garcia”, numa homenagem velada aos minhotos convidados.
Gebelinenses, descendentes, amigos, portugueses e brasileiros lotaram o salão social, que recebe numa tarde três vezes a população de Gebelim, para consumir 400 quilos de bacalhau. O próximo evento será em Maio. A não perder!
1 comentário em “Na Serra da Cantareira, Gebelim é aqui!”
Muito legal a matéria, é bom que seja divulgada nossa comunidade é pequena mas existe muito carinho e respeito entre todos. Tenho orgulho de fazer parte dessa gente.
Agora dia 11/09/11 teremos a festa em honra de São Bernardino de Senna com o cantor mais querido das comunidades Roberto Leal, sera mais uma grande festa.
Nesse mesmo dia é comemorada a festa em Gebelim. Comprimentos e todos que fazem a nossa Comunidade mais bonita e mais alegre. Lurdes