Na Ponta da Língua – Histórias, Memórias e Inovação na Emigração

Por Daniel Bastos

Nos últimos anos a emigração portuguesa tem captado o interesse dos investigadores sociais e da comunidade académica, como demonstra a realização de diversas iniciativas e projetos de investigação, que não são alheias ao peso estruturante que o fenómeno migratório ocupa em Portugal.

Um dos projetos de pesquisa mais recentes sobre a emigração portuguesa está a ser dinamizado no âmbito da atividade científica do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC). Intitulado “Na Ponta da Língua: Histórias, Memórias e Inovação na Emigração”, este projeto pioneiro tem como objetivo geral aplicar uma metodologia inovadora de ensino e preservação da língua e cultura portuguesas através da recolha e análise de histórias da emigração portuguesa.

Trata-se de uma metodologia participativa através da qual a socialização – oral, escrita e encenada-, das histórias da emigração portuguesa narradas na primeira pessoa como experiências biográficas passam a servir um propósito didático e cívico.

O trabalho de investigação tem incidido sobre três destinos da emigração lusa, designadamente Newark (EUA), Paris (França) e São Paulo (Brasil). Territórios onde a equipa feminina multidisciplinar, composta pelas investigadoras Elsa Lechner (CES), Clara Keating (CES), Graça Capinha (CES), Deolinda Adão (UC Berkeley), Graça dos Santos (Université Paris Nanterre), Karen Worcman (Museu da Pessoa) e Kimberly DaCosta Holton (Rutgers-Newark University), tem desenvolvido trabalhos dedicados às histórias de emigração portuguesa.

Articulando pessoas e instituições culturais e académicas, este projeto convida assim a um novo olhar sobre as histórias de emigração portuguesa, que segundo o grupo de cientistas sociais, constitui um património invisível da língua e cultura portuguesas, amplamente presente nas narrativas e histórias de vida dos emigrantes.

Financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, uma relevante fundação portuguesa com a missão filantrópica de fomentar o conhecimento e melhorar a qualidade de vida através das artes, ciência e educação, este projeto singular evidencia igualmente as enormes potencialidades e peculiaridades de trabalho do mundo académico no seio da diáspora portuguesa, um enorme e fecundo universo socio-histórico que tem necessariamente que ser estudado nas suas diversas dimensões e vertentes.

 

Por Daniel Bastos
Historiador português, autor de “Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *