Na ONU, países lusófonos pedem mais vacinas e abordam o pós-pandemia

Foto ONU/Cia Pak

Da redação com ONU

O terceiro dia de debates de alto nível da 76ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas contou com a participação do presidente de Angola. João Lourenço começou o discurso, em Nova Iorque, afirmando que é preciso garantir que mais países tenham a capacidade de produzir imunizantes para mitigar a pandemia.

“A pandemia que enfrentamos tem uma dimensão global e acentuou, por isso mesmo, a ligação e a interdependência existente entre as nossas nações. Por esta razão, a vacina da Covid-19 deve ser reconhecida como um bem da humanidade, de acesso universal e aberto, para permitir uma maior produção e distribuída de uma forma equitativa à escala mundial.”

O chefe de Estado angolano pediu ainda a libertação imediata do presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé. No princípio de setembro, Condé foi preso por soldados que invadiram o palácio presidencial.

Com base neste caso e no do Mali, o líder do país lusófono lamentou a ação do que chamou de forças anônimas por detrás de golpes de Estado.

Para João Lourenço, a Assembleia Geral é uma grande oportunidade para que lideranças globais exijam a uma só voz a libertação imediata e incondicional de Condé.

Diante dos Estados-membros, o chefe de Estado de Angola também expressou sua inquietação com ações de extremistas.

“Preocupa-nos as ameaças à paz e à segurança mundial que se mantém por ações de grupos extremistas no Sahel Africano, na República Democrática do Congo, em Moçambique, e em outras regiões do planeta, que obrigam a comunidade internacional a mobilizar-se continuamente para reforçar a capacidade de resposta a esta atividade perigosa que atenta contra a estabilidade social e econômica dos países visados.

Cabo Verde

Cabo Verde criou a estratégia Ambição 2030 para retomar o processo do desenvolvimento sustentável e reconstruir melhor na realidade pós-pandêmica. O plano consiste em etapas a médio e longos prazos segundo o presidente Jorge Carlos Fonseca.

Segundo o líder cabo-verdiano, os maiores obstáculos nesse sentido incluem acesso ao financiamento concessional e a atração do investimento direto externo.

“Enquanto crise, a pandemia do Covid tem destruído vidas, comprometido os cuidados de saúde, desestruturado economias e sistemas de proteção social, reduzido oportunidades de educação e de emprego aos jovens e aumentado a pobreza e a desigualdade, expondo com maior incidência aos efeitos das mudanças climáticas e fragilizando, ainda mais, os mais frágeis. Mas também temos presenciado as oportunidades que têm surgido do combate à pandemia, ou suscitadas pela busca de soluções”

Jorge Carlos Fonseca apontou que os jovens têm estado na primeira linha das gerações que estão “em situação de responsabilidade no presente e no futuro”.

“Com o recurso às tecnologias para minimizar os efeitos do distanciamento físico na comunicação, na administração, na educação, no entretenimento, na prática diplomática e nos negócios, para monitorar o avanço da transmissão, o papel da ciência na sua corrida para obtenção de uma vacina em tempo recorde, nas múltiplas formas de criatividade e de adaptação e de resposta ao tempo presente, em muitos outros campos de atividade.”

O chefe de Estado cabo-verdiano realçou que tal como a Covid-19 existe uma cadeia de outras crises como as mudanças climáticas, os conflitos geopolíticos e a insegurança criminosa.

“Com essa interconexão, agrava a divisão entre os que têm e os que não têm, tanto no plano nacional como internacionalmente, designadamente, no que tange ao acesso à vacina para todos e às condições e meios financeiros para reconstruir melhor.”

O presidente disse que em Cabo Verde o efeito da pandemia desconstruiu de forma brutal áreas como sanitário, econômico e social. Anteriormente, a economia vinha crescendo em cerca de 6%.

A situação impactou as principais bases de sustentação, como os setores do turismo, dos transportes e da demanda. Na economia, destaca-se uma recessão nunca antes experimentada de 14,8%.

Entretanto, o país tece uma redução das taxas de transmissão de Covid-19 e aumento no número de imunizados, que já soma os 74% com pelo menos uma dose. A meta é atingir 85%, da população elegível, totalmente imunizada, até o final de Outubro.

Fonseca disse que até 2030, alcançar o sucesso das metas globais sob o lema o “Futuro que queremos” depende da capacidade de aproveitar as oportunidades que nascem das crises pendentes.

Para tal, o líder cabo-verdiano destaca que o caminho é o multilateralismo, revisitado e reforçado, para responder aos grandes desafios presentes.

Guiné

Também o líder guineense destacou que é preciso apoiar as nações mais vulneráveis a promover e a garantir um acesso acelerado e justo aos imunizantes contra a Covid-19.

“Só assim poderemos trabalhar melhor na implementação da agenda 2030, destinada a promover o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos, promovendo, muito em particular, a igualdade de gênero e o respeito pelos Direitos Humanos. É preciso apoiar os mais vulneráveis, promover a criação de sistemas de saúde adequados e garantir a todos os países, sem distinção, um acesso rápido e equitativo às vacinas.”

Embaló destacou que seu país está hoje dedicado a construir a paz e a estabelecer melhores condições para o seu povo colaborando com entidades regionais.

“Guiné-Bissau que, durante vários anos, foi apoiada pela comunidade internacional, em particular pelas Nações Unidas, a Cedeao, a Cplp e a União Africana, está hoje empenhada na realização concreta de objetivos endógenos, tais como a consolidação da paz no  país e a criação de melhores condições de vida para a sua população, dando  uma renovada esperança à sociedade guineense.

Após o fim de mandato do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Uniogbis, Embaló destacou que “hoje estão sendo assumidas as principais responsabilidades inerentes a um Estado garantido a estabilidade política inerente a um país.”

O discurso ressaltou ainda o impacto das mudanças climáticas nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids. Nesse sentido, o país elaborou planos de administração a médio e longo prazos para conter o fenômeno que Embaló considera uma “realidade irrefutável.”

A Guiné-Bissau conta agora com 26% de regiões terrestres e marinhas protegidas depois do alargamento do sistema nacional que lida com a questão .

Em relação ao engajamento com a comunidade internacional, o presidente guineense disse que o país partilha o compromisso de trabalhar com parceiros de nações desenvolvidas e todo o mundo.

A meta é encontrar “soluções inovadoras, inclusivas e viáveis” diante de desafios da pandemia e construir um mundo mais solidário e fraterno.

Em tempo de recuperação da Covid-19, o presidente guineense disse ainda que em conjunto o mundo é capaz de “dar motivos de renovada esperança.”

A expectativa com uma revitalização do Sistema das Nações Unidas é que esta reforma aconteça de uma forma global e abarque o Conselho de Segurança.

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