Mundo Lusíada
Com Lusa
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o país precisa de investimento estrangeiro e de ter um sistema financeiro “estabilizado e devidamente capitalizado”, salientando que Portugal é “uma economia aberta”.
“O país precisa de investimento direto estrangeiro em todos os setores, também no setor financeiro”, declarou o chefe do Governo da República numa conferência de imprensa no âmbito da visita oficial que efetua à Região Autónoma da Madeira, quando questionado sobre os negócios da empresária angolana Isabel dos Santos no setor bancário.
O semanário Expresso noticiou na passada semana que António Costa e a empresária angolana Isabel dos Santos, para ultrapassar o impasse no BPI, reuniram-se em Lisboa e terão conciliado com o grupo financeiro espanhol La Caixa, com a filha do Presidente de Angola a vender a sua participação no BPI aos espanhóis e o BPI a ceder as suas ações do banco de angolano BFA a capitais angolanos
Sem confirmar o encontro, o governante sustentou ser importante que Portugal tenha “um sistema financeiro estabilizado e devidamente capitalizado, certamente com capital nacional, mas também com capital estrangeiro, seja ele espanhol, seja ele angolano, seja ele alemão, seja americano”.
António Costa argumentou que Portugal é “uma economia aberta” e tem que ter “um sistema financeiro aberto”. “E era o que faltava que em Portugal pudesse haver qualquer tipo de discriminação em razão da nacionalidade para o investimento na economia portuguesa e, designadamente, no sistema financeiro”, disse.
O primeiro-ministro recordou que o anterior Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, aquando da tomada de posse do atual Governo, sublinhou que “uma das missões espinhosas” que o executivo nacional tinha pela frente seria “contribuir para estabilização do sistema financeiro”, assegurando: “É o que temos procurado fazer”.
António Costa vincou ser necessário “criar condições para que os bancos nacionais possam ter o seu capital fortalecido, seja com capitais nacionais, seja com capital internacional, que seja possível atrair”.
“Naturalmente, nós vemos com bons olhos que todos aqueles que, sendo espanhóis, angolanos, alemães, chineses ou qualquer outra nacionalidade, queiram investir no nosso sistema financeiro, tendo em vista fortalecê-lo”.
Segundo o primeiro-ministro, “um sistema financeiro forte significa melhores condições para investimentos das empresas nacionais e para maior segurança das poupanças das famílias portuguesas”.
Turismo
António Costa afirmou ainda que o “turismo é para o Governo uma prioridade central”, considerando que “o país deve muito à Madeira pelo contributo que dá” para este setor a nível nacional.
“O turismo é para o Governo uma prioridade central”, declarou o chefe do Governo na inauguração do complexo balnear do Lido, no Funchal, numa das últimas iniciativas do programa da primeira visita oficial que efetuou ao arquipélago.
Segundo António Costa, “o país deve muito à Madeira pelo contributo que dá para o turismo nacional”, considerando que para atrair turistas é preciso “dinamizar e renovar a oferta”.
O governante apontou que um dos exemplos é a reconstrução do Lido, um equipamento construído em 1932 e inaugurado em 1935, tido como um “ex-libris” do Funchal, que ficou danificado pelo temporal de 20 de fevereiro de 2010 e está encerrado há seis anos.
A sua recuperação custou cerca de dois milhões de euros, 85% comparticipado por fundos comunitários, e, na opinião de António Costa, permite “restabelecer o orgulho da população da Madeira” e é uma evidência da sua capacidade de enfrentar as adversidades.
A última iniciativa do programa desta visita oficial foi a inauguração das novas instalações da ACIN – iCloud Solutions, uma empresa criada em 1994, na Ribeira Brava (um concelho na zona oeste da Madeira), e considerada pioneira na criação de soluções informáticas destinadas a micro e pequenas empresas. O projeto representou um investimento na ordem dos cinco milhões de euros e vai permitir criar mais cem postos de trabalho.
Esta empresa começou com cinco pessoas e conta com aproximadamente uma centena de colaboradores e filiais, recém-licenciados, em Lisboa, Porto, Ponta Delgada e na cidade espanhola de Las Palmas (Canárias), tendo “clientes espalhados pelo mundo”, segundo o administrador Luís de Sousa.
Esta empresa tem sido incluída no roteiro das visitas efetuadas à Madeira por vários responsáveis, entre os quais o anterior Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e foi considerada pelo executivo madeirense como um Projeto Estruturante Regional (PER).
Luís de Sousa referiu que “o objetivo, em 2017, é atingir os 200 colaboradores” e que “a empresa tem cerca de 62 mil clientes, um volume de faturação a rondar os 5,8 milhões de euros”.
António Costa sublinhou que “a economia digital não está dependente nem das ligações aéreas, do custo dos portos ou dos transportes”, apontando que o país “tem a oportunidade histórica de repensar completamente a atividade, valorizando o que é endógeno” e apostar na “qualificação dos recursos humanos e capacidade de produção do conhecimento”.
Esta visita do primeiro-ministro à região foi acompanhada pelo presidente da Assembleia e do Governo regionais, vários secretários do executivo madeirense, o representante da República, deputados, autarcas, entre outras entidades.