Na 2ª onda de Covid, Europa aperta restrições para evitar novo confinamento

Da Redação
Com Lusa

A Europa vive uma segunda onda de infecções pelo coronavírus que provoca a covid-19 e, embora os Governos garantam não estar previsto novo confinamento total, quase todos “apertaram” as restrições e medidas de combate à propagação.

Alemanha

O Governo descarta, por enquanto, voltar ao confinamento geral, tendo colocado algumas regiões dos países vizinhos, como França, Áustria, Bélgica, Países Baixos e República Checa, e de Portugal – Área Metropolitana de Lisboa – e Espanha, habitualmente destino de férias dos alemães, numa lista de áreas de risco.

A nível regional, a Baviera — que adotou medidas mais severas na primeira vaga — decidiu voltar a limitar atividades festivas, alegando que a prioridade é evitar fechar escolas e creches. Apesar disso, a cidade bávara de Bad Königshofen, com 6.000 habitantes, já fechou todos os estabelecimentos de ensino.

Nos municípios onde há mais casos, o uso de máscara passou a ser obrigatório e os bares e restaurantes têm de encerrar às 23:00.

A Alemanha regista cerca de 275 mil infetados desde o início da pandemia e quase 9.400 mortos.

Áustria

As máscaras, que eram já obrigatórias nos supermercados e nos transportes, passaram a sê-lo também nas lojas e edifícios públicos.

O Governo pediu à população que respeite as novas medidas e mantenha o distanciamento social, para evitar um novo confinamento, admitindo novas medidas se o número de casos continuar a aumentar.

A Áustria regista 33.000 casos de covid-19 e 750 mortes desde o início da pandemia.

Bélgica

Ao contrário do que está a acontecer noutros países da Europa, a Bélgica decidiu relaxar as restrições e, embora o uso de máscara seja “fortemente recomendado” pelo Governo, deixa de ser obrigatório em Bruxelas a partir de 1 de outubro.

A medida tinha sido imposta em 12 de agosto em todo o território da região de Bruxelas-capital, sem distinção de local ou horário, gerando críticas, por isso agora abrange apenas “áreas com alta densidade”.

A primeira-ministra belga, Sophie Wilmès, explicou a decisão com a necessidade de “a vida ter de continuar”. A máscara passa a ser obrigatória apenas em locais públicos fechados, como transporte públicos e áreas comerciais.

A duração do isolamento em caso contacto próximo com uma pessoa infetada é reduzida, de 14 para sete dias. Além disso, o limite máximo de pessoas num evento privado único, como um jantar em casa, é aumentado para 10, não incluindo crianças.

Nos eventos públicos, mantém-se o limite de 200 pessoas em ambientes fechados e de 400 ao ar livre.

A Bélgica regista mais de 105 mil casos de covid-19 desde o início da pandemia e tem uma das maiores taxas de mortalidade da Europa, com cerca de 10 mil mortes.

Croácia

O país adotou esquemas variados para evitar novos contágios com o começo do novo ano letivo, que passam por distanciamento nas salas e aulas presenciais apenas em dias alternados ou ensino a distância quando haja maior risco de contágio.

O país enfrentou, nos últimos dias, manifestações contra as medidas de combate à propagação da covid-19, que, segundo os manifestantes, atentam contra a liberdade e os direitos humanos.

A Croácia registou até agora quase 16 mil pessoas infetadas e mais de 260 mortes.

Espanha

A Espanha é um dos países do mundo mais atingido pelo novo coronavírus e a sua capital, Madrid, voltou a ser um dos epicentros da doença, tendo solicitado a ajuda dos militares para realizar testes e desinfeções e de 220 polícias para fazer cumprir as quarentenas e restrições.

Mais de 850.000 madrilenos (de um total de 6,6 milhões de habitantes na região) estão proibidos de deixar o seu bairro, exceto por motivos muito específicos como ir trabalhar ou estudar, ir ao médico, ou para cuidar de pessoas dependentes.

O encerramento de jardins e parques é outra das medidas, enquanto a capacidade dos estabelecimentos é reduzida em 50%.

As autoridades sanitárias também farão controlos aleatórios e de caráter dissuasor para reforçar o cumprimento destas regras.

A comunidade autónoma afirmou que o executivo regional está a estudar o alargamento das restrições a “muito mais áreas”, mas as medidas têm sido alvo de protestos em Madrid.

Espanha registra mais de 640 mil casos de covid-19 e quase 31 mil mortos.

Finlândia

O país, um dos menos afetados da Europa pela pandemia, tinha decidido permitir a entrada de turistas de cerca de 20 países sem terem de fazer quarentena, para ajudar o turismo, em perigo na Lapónia.

Neste dia 24, Helsínquia anunciou uma diminuição para 13 do número de países cujos habitantes podem entrar sem restrições na Finlândia face ao agravamento da epidemia de covid-19, continuando Portugal na lista dos ‘indesejados’, lista que entra em vigor na segunda-feira

Além disso, o Governo cancelou o “Arctic Lock”, um exercício que envolveria 20.000 militares provenientes de 13 países, e que estava planeado realizar-se no país na primavera de 2021.

A Finlândia registra cerca de 10 mil infectados e 330 mortes.

França

Dos 101 distritos franceses, 69 estão em alerta vermelho, o que levou a um agravamento das medidas de segurança sanitária.

O Governo apelou a que as empresas recorram ao máximo ao teletrabalho e que as pessoas reduzam as suas interações sociais, para evitar um regresso ao confinamento total.

Em cidades como Paris, Lille ou Montpellier, que passaram a estar em “alerta reforçado”, o número máximo de pessoas num evento passou de 5.000 para 1.000, estando proibidas festas ou ajuntamentos de mais de 10 pessoas em parques, enquanto os ginásios e bares têm de fechar a partir das 22:00.

Apesar de reconhecer que a situação se está a degradar, a França sublinha que o aumento do número de casos também se deve à subida do número de testes feitos diariamente.

A França registra mais de 480 mil infetados desde o início da pandemia e quase 32 mil mortos.

Grécia

O país reduziu o número de pessoas que se podem juntar em público, sobretudo na região da grande Atenas, e suspendeu os eventos culturais pelo menos até ao final do mês.

A Grécia enfrenta, no entanto, um problema com os refugiados que, na sua maioria, estão em campos sem condições, sendo locais onde o número de infeções continua a subir em flecha.

O Governo impôs, durante o mês quase todo, um “confinamento sanitário total” em três campos de migrantes perto de Atenas, onde

Depois do incêndio e destruição do campo de Moria, o maior e mais degradado campo de refugiados da Europa, mais de 200 dos cerca de 6.000 migrantes transferidos para um novo campo da ilha de Lesbos estavam infetados com covid-19.

A Grécia soma um total superior a 16 mil casos positivos de covid-19 e quase 350 mortes.

Hungria

No início do mês, a Hungria flexibilizou algumas das restrições nas fronteiras, passando a permitir a entrada de cidadãos estrangeiros em diversas situações, mas o registo de um novo recorde de casos levou o primeiro-ministro a admitir voltar a impor novas restrições.

A Hungria registra mais de 21 infetados e mais de 700 mortes desde o início da pandemia.

Itália

O Governo prolongou a obrigação de utilização de máscaras em espaços fechados, como lojas, restaurantes ou transportes públicos e ao ar livre entre as 18:00 e as 06:00.

O país também prorrogou as restrições à chegada de pessoas de outros países, como a obrigação de fazer testes ao vírus, além de manter o encerramento de discotecas e proibir a participação em grandes eventos ou estádios para assistir, por exemplo, a jogos de futebol.

Foi definida uma exceção para permitir a reunificação de casais separados devido a proibições à chegada de alguns países.

O país contabiliza até agora 278.784 infeções e 35.553 mortes.

Países Baixos

Na “primeira vaga”, o país optou pela chamada “contenção inteligente”, modelo muito menos rígido do que o de países vizinhos como a França ou a Bélgica.

Agora, o Governo impôs novas medidas em seis regiões, incluindo Amesterdão, Haia e Roterdão, particularmente afetadas pelo ressurgimento do vírus, obrigando ao encerramento dos bares a partir da 01:00 e proibindo reuniões de mais de 50 pessoas.

As novas medidas estão a ser alvo de contestação, tendo sido criada uma ‘hashtag’ (#jeneparticipeplus ou #eujánãoparticipo), lançada por grupos de artistas e cantores, em nome “da liberdade” e por receio das consequências econômicas e sociais das medidas anti-covid-19.

Os Países Baixos registam mais de 98 mil casos de infeções e cerca de 6.300 mortos.

Polônia

Com os números diários de novas infeções nos últimos dias, incluindo hoje, a bater recordes desde o inicio da pandemia, a Polônia continua a ser considerada um dos países onde existe uma tendência “estável” na propagação da covid-19.

O Governo considera que não há grandes surtos e os que há são resultado do aumento dos contatos interpessoais.

O país tem registado algumas manifestações contra as restrições impostas, que passam pelo uso de máscara, distanciamento social e higienização frequente.

A Polônia registra quase 83 mil casos de infeções desde o início da pandemia e um total de mortos superior a 2.300.

Portugal

Em nível de contingência geral, o Governo decidiu que os restaurantes têm de fechar à 01:00, não podendo receber clientes a partir das 00:00 e nas áreas de restauração de centros comerciais, há limite máximo de quatro pessoas por grupo.

Foi também imposta a proibição de venda de bebidas alcoólicas nas estações de serviço de abastecimento de combustíveis e, a partir das 20:00, em todas as lojas, à exceção dos restaurantes se for para acompanhar as refeições.

As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde o risco de incidência da covid-19 é mais elevado, têm medidas específicas, que passam por escalas de rotatividade entre teletrabalho e trabalho presencial e obrigatoriedade de desfasamento de horários de entrada e saída nos locais de trabalho, assim como horários diferenciados de pausas e refeições dos trabalhadores.

O Governo também determinou que os ajuntamentos estão limitados a 10 pessoas, que estabelecimentos comerciais só podem abrir às 10:00, exceto pastelarias, cafés, cabeleireiros e ginásios.

Reino Unido

O Governo aumentou os níveis de alerta face à subida rápida de casos e impôs novas restrições, que incluem o fecho de bares, ‘pubs’ e restaurantes a partir das 22:00. Estas medidas podem ficar em vigor durante seis meses.

Além disso, mantém-se o incentivo ao teletrabalho e as atuais diretrizes sobre distanciamento social, higiene e uso de máscara.

Foram proibidas em Inglaterra reuniões sociais com mais de seis pessoas, tanto no interior como no exterior, e o plano para o regresso dos espetadores aos estádios britânicos a partir de 01 de outubro foi suspenso.

O Reino Unido é a nação mais afetada pela covid-19 na Europa, com quase 42 mil mortos, e atualmente vê o número de contaminações duplicar a cada sete dias, pelo que o Governo ameaçou adotar ainda mais restrições se o índice de transmissibilidade efetivo não recuar.

As autoridades da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte têm autonomia para determinar as próprias regras.

No País de Gales, o Governo anunciou um confinamento local nas regiões de Bridgend, Merthyr Tydfil, Newport e Blaenau Gwent a partir das 18:00.

Na Irlanda do Norte, a reabertura dos ‘pubs’ que servem apenas bebidas e que se tornaram no epicentro da pandemia no país foi adiada. Estabelecimentos que servem comida ao ar livre poderão permanecer abertos, enquanto os outros terão de restringir a sua atividade à venda de comida para fora.

As novas restrições incluem ainda o limite de dois agregados em encontros sociais em casa, com um máximo de seis pessoas, e no exterior limitados a 15 pessoas.

Na Escócia, o Governo determinou que bares e restaurantes passam a fechar às 22:00 e proibiu reuniões em residências particulares, o que já era aplicado em Glasgow.

Nos bares e restaurantes, assim como nos espaços abertos, continuará a ser aplicada a “regra dos 6”, que impede a reunião de mais de seis pessoas de dois agregados familiares diferentes.

O Reino Unido regista quase 410 mil infetados e cerca de 42 mil mortes.

República Checa

O Governo voltou a impor o uso de máscara nos transportes públicos e outros espaços fechados, mas também nos espaços exteriores, medida que tinha levantado no início do verão e que o primeiro-ministro reconheceu ter sido um erro.

Com os números de novas infecções a serem batidos apenas por Espanha, a República Checa decidiu também encerrar bares e discotecas entre a meia-noite e as seis da manhã e obrigar os alunos a partir dos 11 anos a usar máscaras nas salas de aula.

Os eventos coletivos em espaços fechados só podem receber 10 pessoas em pé, com exceção de exposições e feiras.

A República Checa regista mais de 50 mil infetados e cerca de 525 mortes.

Suécia

O país que adotou uma estratégia menos restritiva de combate à covid-19, decidiu agora impedir a entrada de pessoas vindas de países fora da União Europeia e pondera adotar medidas restritivas em Estocolmo.

O Comité Nobel optou por um formato reduzido para o evento do anúncio do Prêmio da Paz, em 09 de outubro, bem como para a cerimônia da sua entrega, que poderá ser apenas virtual.

A Suécia regista cerca de 90 mil pessoas infetadas desde o início da pandemia e cerca de 6 mil vítimas mortais.

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